Prisão de empreiteiros, em mais um escândalo ligado ao financiamento de campanhas eleitorais, recoloca como prioridade número um do País a reforma política; tema foi anunciado no discurso de vitória da presidente Dilma Rousseff e passa pelo fim de contribuições de empresas privadas, como as grandes construtoras; no Supremo Tribunal Federal, tese que defende o fim das doações teve seis votos favoráveis, mas votação foi suspensa após pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes; prisões desta sexta-feira devem abrir essa discusssão, mas líderes oposicionistas não pretendem dar trégua e lutarão para inviabilizar o segundo governo Dilma
15 de Novembro de 2014 às 05:01
247 - Embora a oposição derrotada nas urnas já esteja se mobilizando para levar às últimas consequências as investigações da Operação Lava-Jato, que registrou, nesta sexta-feira, um de seus principais capítulos, com as prisões de executivos de grandes empreiteiras, o "big bang" promovido pelo juiz Sergio Moro, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal fortalece a agenda de reformas defendida pela presidente Dilma Rousseff.
Mais uma vez, o Brasil se vê diante de um escândalo ligado ao financiamento privado de campanhas eleitorais. Um tema que a presidente Dilma pretende enfrentar já no início do seu segundo mandato. "A minha disposição mais profunda é liderar da forma mais pacífica e democrática esse momento transformador. Estou disposta a abrir um grande espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para encontrarmos as soluções mais rápidas para os nossos problemas", disse ela, em seu discurso de vitória. "Entre as reformas, a primeira e mais importante deve ser a reforma política."
A prioridade do segundo governo Dilma é lutar pelo fim das doações privadas, que vêm de grandes empresas, como as empreiteiras. Esse tema, já discutido no Supremo Tribunal Federal, teve seis votos favoráveis ao fim das contribuições empresariais, mas só não foi sacramentado em razão de um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes – favorável às doações, ele diz não ter prazo para devolver o caso ao plenário.
No discurso de vitória, Dilma explicitou sua posição. "Meu compromisso, como ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma, que é responsabilidade constitucional do Congresso, e que deve mobilizar a sociedade por um plebiscito, por meio de uma consulta popular. Como instrumento desta consulta, nós vamos encontrar a força e a legitimidade exigida neste momento de transformação para levarmos à frente a reforma política", disse. "Quero discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a população brasileira, e tenho convicção de que haverá interesse dos setores do Congresso, dos setores da sociedade, de todas as forças ativas na nossa sociedade para abrir uma discussão e encaminhar as medidas concretas. Quero discutir igualmente com todos os movimentos sociais e as forças da sociedade civil."
A agenda da oposição, no entanto, será outra. Como o escândalo da vez atinge partidos da base aliada, como PT, PMDB e PP, muito embora as empreiterias doem para todas as legendas, a estratégia foi anunciada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que pretende recolher assinaturas para uma nova CPI no início de 2015. Além disso, como Gilmar Mendes será o relator das contas da campanha da presidente Dilma em 2014, o PT já dá como certo que ele votará por sua reprovação.
Isso significa que haverá, nos próximos meses, o embate entre duas forças. De um lado, os que defendem a reforma política e o fim das doações de empresas. De outro, os que usarão o escândalo atual para criar instabilidade política e, eventualmente, inviabilizar o segundo governo Dilma.
Brasil 247
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