14 de novembro de 2014 | 17:31 Autor: Fernando Brito
Tenho cá com os meus botões que a Operação Lava-Jato, hoje, começou a morrer.
Morte talvez lenta, mas decretada pelos seus próprios agentes.
Pois quando o juiz Sérgio Moro lançou uma tropa de policias federais
contra dúzia e meia dos pesos mais pesados de um dos pesos mais pesados
da economia brasileira – os mega-empresários da construção civil –
praticou um lance de ousadia que dificilmente poderá sustentar, mesmo
com a disposição do governo de investigar a tudo e a todos.
Prisão, ao menos para gente poderosa economicamente, segue ritos
processuais que é pouco provável que tenham sido religiosamente
seguidos, até porque, ao que consta, não houve busca e apreensão de
documentação que a sustente juridicamente.
Não é o “teje preso” usado para nós, simples mortais, que nem advogados temos, quanto mais as melhores bancas.
Mas, as ações generalizadas de hoje abandonaram, ostensivamente, a
gradatividade, a fundamentação e a prudência que se deve ter com “peixes
grandes”.
Se o objetivo jurídico for o de conduzir “meio processo” com aqueles
– empresários, dirigentes e ex-dirigentes da Petrobras – que não
dispõem de foro privilegiado no STF, o que deixaria o caso, em tese,
fora do alcance jurisdicional do Supremo, vai produzir um nada
encadernado em vários calhamaços, porque é impossível tratar de
corrupção política sem políticos.
Se chegar lá, porque não entra a semana que vem sem que um caminhão de recursos, habeas-corpus e pedidos de desconstituição de provas caia sobre os tribunais.
E com boas chances de êxito nas mãos de juízes que se pautem apenas pelos requisitos formais da lei.
Certamente, por alguns dias, o núcleo formado por delegados e
promotores do Paraná terá o que vazar escandalosamente nas páginas dos
jornais e da Veja que se prepara para amanhã.
Mas uso político de um processo judicial esbarra, mais cedo ou mais tarde, no próprio processo judicial.
O poder econômico, no Brasil, pode fazer negócios – e os faz – à direita e à esquerda.
Mas ele está no mesmo campo da mídia e da Justiça: o do conservadorismo político.
A questão não é se os chefes das empreiteiras irrigam a política,
porque eles fazem isso há décadas e décadas e em seus favores há meia
(meia?) república.
Nem mesmo é se, por esta ou outras falcatruas, bem mereçam detenções ou processos.
Ou, ainda, em que finalmente vai acabar esta tal Operação Lava Jato,
porque seus próprios investigadores parecem jogar contra sua
sobrevivência jurídica no médio prazo e muito mais nos seus efeitos
políticos imediatos.
A questão é se o Governo Dilma consegue se iniciar, se estabilizar e sobreviver à onda que se levantou contra ela.
Tijolaço
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