Em apresentações recentes a investidores, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que o preço do barril do petróleo que tornava viável a exploração do pré-sal oscilava entre US$ 41 e US$ 57, dependendo de cada projeto; ontem, pela primeira vez desde 2009, o produto foi negociado abaixo de US$ 50, colocando ainda mais pressão nas ações da Petrobras; sócios da Petrobras no campo de Libra, as gigantes Shell e Total não pretendem frear a exploração, apostando numa recuperação dos preços no médio prazo; de qualquer forma, o novo cenário internacional é muito mais desafiador para a Petrobras do que a Operação Lava Jato
6 de Janeiro de 2015 às 06:09
247 - Em junho do ano passado, quando o barril do petróleo ainda era cotado acima de US$ 100, a presidente da Petrobras participou de uma conferência com investidores e traçou um cenário otimista.
Disse que os projetos do pré-sal, de onde deve vir mais de 50% da produção de petróleo do Brasil em 2018, estimada em 3,2 milhões de barris/dia, são viáveis com o petróleo cotado entre US$ 41 e US$ 57, dependendo do projeto. Só para comparar, o gás de xisto, nos Estados Unidos, se viabiliza ao redor de US$ 90.
Ontem, no entanto, pela primeira vez desde 2009, o barril foi negociado abaixo de US$ 50 em Nova York, fazendo com que as ações da Petrobras, que já haviam derretido na sexta-feira, caíssem mais 8%.
Diante do cenário de aguda retração internacional, investidores começam a se perguntar: afinal, o pré-sal ainda é viável? Outra questão intrigante: o que acontecerá com a Petrobras, que se endividou fortemente para explorá-lo, se os preços caírem ainda mais?
Retorno de longo prazo
Uma declaração importante – e tranquilizadora – foi dada pelo executivo Ladislas Paszkiewicz, vice-presidente do grupo Total, sócio da Petrobras, ao lado da Shell e de duas empresas chinesas, no campo de Libra. "Estamos muito animados com o projeto que vai dar retorno por muitas décadas", afirmou o executivo. Ele disse ainda que, nos últimos cinco anos, o Brasil respondeu por 40% das descobertas de petróleo convencional. "É uma situação raríssima", disse, complementando em seguida que "há muito potencial (de investimento no Brasil) e, com certeza, muito petróleo a ser descoberto".
Na Shell, a visão é semelhante e não se cogita interromper a execução dos projetos. A Petrobras, por sua vez, trabalha com um preço médio de US$ 70 do barril, em 2015. Ou seja: o investimento de hoje não leva em conta o preço de ontem, no mercado de Nova York, mas sim dos próximos trinta anos.
De acordo com seus dados mais recentes, a Petrobras já vem conseguindo extrair mais de 500 mil barris/dia do pré-sal. Isso representa pouco mais de 20% da produção total, mas deve superar 50% em 2018.
Com os preços em queda, aumenta a pressão, liderada pelo PSDB, para uma revisão no modelo de exploração. Lideranças tucanas defendem, por exemplo, que o regime de partilha seja substituído pelo de concessão. Mas seria a pior escolha. Significaria leiloar algumas das maiores reservas do mundo, num momento em que os preços atingem seus pisos históricos.
No quadro atual, o grande desafio de Graça Foster será priorizar os investimentos nos poços mais rentáveis, preservando o caixa da Petrobras, no momento em que a empresa também sofre o ataque de fundos internacionais, decorrente da Operação Lava Jato.
Brasil 247
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