quarta-feira, 11 de março de 2015

O “Braddock” do impeachment e o que a imprensa que não apura

11 de março de 2015 | 12:56 Autor: Fernando Brito



Finalmente, apareceu um jornal espanhol para fazer (em parte) o que a imprensa brasileira não faz: um perfil do “Braddock” dos tais “Revoltados Online”, o cidadão Marcello Cristiano Reis.

Foi Afinso Benites, no El País.

Diz-lhe Marcelo que vive da venda de camisetas e, com elas, obteve os R$ 20 mil para alugar o trio elétrico de suas manifestações, além de, é claro se manter (mora no mesmo prédio em que o Ministro da Justiça tem apartamento, na Belavista paulistana) e suas viagens país afora.

Infelizmente, o repórter do jornal espanhol não perguntou como é que ele e a sua organização atuavam no mercado de precatórios e da “compra de títulos do ICMS”, um negócio paralelo e sombrio, no qual acontecem coisas de arrepiar os cabelos.

Aliás, o Azenha e o Paulo Nogueira já haviam mencionado isso.

Mas agora estão as imagens, irrefutáveis.

Foi neste mercado de precatórios que ele diz que ganharam , espontaneamente, R$ 650 mil em precatórios (valor de 2010), de um misterioso “revoltado”.

Uma fortuna que, corrigida hoje pela Taxa Selic chega a R$ 1 milhão, doação digna daquelas “boas” de bancos e empreiteiras a candidatos presidenciais.

Haja camiseta!

A imagem e o link estão aqui, para o caso de algum jornalista se interessar em saber que destino teve esta suposta fortuna, uma vez que precatórios são títulos judiciais contra os Estados ou a União e sua transferência só se pode dar com registro em escritura pública.

Aí está um rascunho do personagem.

E aonde estão os jornalistas?

Abaixo, um trecho da matéria de Afonso Benites no El País, que pode ser lida na íntegra clicando no título.

Afonso Benites, no El País

Um empresário de São Paulo que se diz falido pelo Governo do PT. Uma publicitária que mora no Mato Grosso e vive “de renda”. Esses são alguns dos comerciantes que se aproveitam do movimento quepede o impeachment de Dilma Rousseff (PT) para ganhar dinheiro ou para financiar os protestos. Vendendo camisetas a 99 reais e adesivos a 3,50, Marcello Reis, de 40 anos, e Letícia Balaroti, de 28, estão na linha de frente dos produtos anti-Dilma.

Reis é um dos líderes do projeto Revoltados On Line, um grupo formado nas redes sociais que se manifesta contra a corrupção. Nos últimos anos, ganhou notoriedade (e seguidores no Facebook) ao pedir o impeachment da presidenta petista e ao se apresentar ao lado de figuras públicas como o músico Lobão, um feroz crítico do petismo que pediu votos para Aécio Neves (PSDB) no pleito passado.

Para garantir o pagamento da estrutura usada nos protestos promovidos por ele, como um trio elétrico de 20.000 reais, Reis vende camisetas, bonés e adesivos na internet. Um kit, com uma camiseta polo preta, um boné e cinco adesivos custa de 175 a 195 reais, de acordo com o tamanho. Se for levar só a camiseta com uma faixa presidencial pela metade e os dizeres “Deus, Família e Liberdade”, o cliente gastaria 99 reais. Isso sem contar o frete. “É um preço justo porque o material é importado. É de boa qualidade e não temos uma confecção própria”, explica Marcello Reis, que diz ter fechado uma empresa de segurança da informação porque não quis participar do “jogo sujo do serviço público”.

Descrevendo-se como apartidário, e demitido de uma agência de comunicação há dois meses, Reis agora se empenha exclusivamente no movimento que pede a saída de Rousseff do cargo. Ele alega que sua demissão do último emprego ocorrera porque o deputado petista Paulo Pimenta o acusou de fascista e de militante de extrema direita durante o protesto que motivou o fechamento do Congresso Nacional no ano passado. Desde então, Reis passa dia e noite vendendo os produtos anti-Dilma e coletando assinaturas na internet para ingressar com o pedido de impeachment.

“Ele (o deputado) me chamou de neonazista porque sou desprovido de cabelo. Mas estou longe de ser extremista, muito menos nazista. Sou só um cidadão politizado que é contra esta roubalheira toda”, justifica-se.

Outros empreendedores, à primeira vista menos militantes, também parecem ter farejado negócio na onda anti-PT. A camiseteria online NM vende uma camiseta com o mote do impeachment por 39,90 reais. Procurados, os representantes da loja não se manifestaram.



Tijolaço

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