O presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, criticou o “tratamento editorial” dispensado à última pesquisa Datafolha, que apontou aumento na popularidade de Jair Bolsonaro. "Todo mundo que embarcou nessa ideia de que Bolsonaro consolidou aprovação superior a um terço, chegando a 40%, tem grande probabilidade de cair do cavalo”, afirmou
30 de agosto de 2020
Marcos Coimbra e Jair Bolsonaro (Foto: Dir.: Isac Nóbrega - PR)
Por Tiago Pereira, da RBA - O presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, criticou o “tratamento editorial” dispensado à última pesquisa Datafolha. Divulgada em meados de agosto, foi alardeada como "recorde" de aprovação do presidente Jair Bolsonaro. Contudo, Coimbra lembra que a pesquisa foi feita por celular, e não presencialmente.
Ele participou, neste sábado (29), junto com a economista Marilane Teixeira, do 4° Mutirão Digital Lula Livre, movimento que pressiona por justiça para o ex-presidente.
Para Coimbra, trata-se de uma pesquisa de “baixa qualidade”. “Se o Datafolha achasse que pesquisa telefônica era boa, porque a vida inteira fez pesquisa presencial?”, provocou. A mudança de metodologia se deu em função das restrições impostas pela pandemia.
“Quando começarem a sair, outra vez, as pesquisas feitas presencialmente, com todo mundo, muita gente vai levar um susto. Todo mundo que embarcou nessa ideia de que Bolsonaro consolidou aprovação superior a um terço, chegando a 40%, tem grande probabilidade de cair do cavalo”, afirmou.
Coimbra lembrou, por exemplo, que em cidades do interior do Nordeste, a população com acesso ao celular fica abaixo de 50%. Além disso, a pessoa deve ainda estar disposta a responder um longo questionário. “Primeiro, você não acessa todo mundo. Segundo, tem uma barreira, que é o desinteresse.”
Economia
Para Marilane, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Cesit-Unicamp), a grande popularidade de Bolsonaro pode ser atribuída ao pagamento do auxílio emergencial. Idealizada pela oposição, a prorrogação da proposta tem causado uma queda de braço com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Enquanto Guedes quer a retomada da agenda de reformas neoliberais, outra ala do governo quer manter o auxílio. Porém, em função do teto de gastos, a criação do Renda Brasil, que substituiria o programa Bolsa Família, implicaria em cortes de gastos em outras áreas, inclusive. O resultado desse enfrentamento deve ser visto em breve. “Os próximos dias serão decisivos, porque o Orçamento tem que ser enviado ao Congresso até dia 31 de agosto.”
Além disso, ela chamou a atenção para a continuidade das propostas de precarização das formas de contratação. Dentre os projetos gestados pelo governo está uma nova versão da carteira verde e amarela. Sem direitos trabalhistas, essa nova modalidade ainda pretende impor a contratação por hora.
Brasil 247
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