O colunista Merval Pereira, do jornal O Globo, já antevê a hipótese de que Sergio Moro seja declarado suspeito, o que abriria a possibilidade da candidatura Lula. Ele também aponta o risco de que o ex-juiz seja declarado inelegível
6 de agosto de 2020, 05:49 h Atualizado em 6 de agosto de 2020, 06:29
(Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)
247 – A Globo, que fez campanha aberta pelo golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e pela prisão política do ex-presidente Lula, já admite a hipótese de que um de seus candidatos em 2022, o ex-juiz Sérgio Moro, fique de fora da disputa presidencial. Mais do que isso, a Globo começa a trabalhar com a hipótese da candidatura presidencial de Lula, em 2022, caso Moro seja mesmo declarado suspeito e imparcial pelo Supremo Tribunal Federal. É o que fica claro na coluna de Merval Pereira, desta quinta-feira.
"A eleição presidencial de 2022 pode ser a mais interessante dos últimos tempos, pelo menos em termos de sociologia política. Poderão se enfrentar nas urnas o ex-juiz Sérgio Moro, que condenou Lula, o ex-presidente, que teria conseguido deixar de ser 'ficha-suja', e o presidente Bolsonaro, adversário circunstancial de Moro e inimigo figadal de Lula", diz o jornalista. "Está nas mãos do Supremo Tribunal Federal o destino do quebra-cabeças político-eleitoral que definirá a corrida presidencial de 2022, que já está em curso. A situação é mais do que retórica, é real, a começar pela possibilidade, cada vez mais concreta, de o ex-juiz Sérgio Moro ser considerado imparcial nos julgamentos em que o ex-presidente Lula foi condenado", admite Merval.
O colunista do Globo fala claramente que Moro agiu para prejudicar o ex-presidente. "Moro divulgou o depoimento de Palocci dias antes do primeiro turno da eleição presidencial de 2018 com o fim de prejudicar Lula, favorecendo assim Bolsonaro, de quem viria a ser ministro da Justiça. Caso seja considerado suspeito pela Segunda Turma, o processo do triplex do Guarujá, o único em que Moro foi responsável por condenar o petista, será anulado, o que provavelmente levará à anulação de outros dois processos, o do sítio de Atibaia, em que Lula foi condenado pela Juíza Gabriel Hardt, e o do Instituto Lula, que está em andamento com o Juiz Luiz Antonio Bonat", admite.
Merval também considera o risco de que Moro não possa ser candidato. "Como o Brasil não é para amadores, como advertia Tom Jobim, há uma outra possibilidade. O ex-juiz Sérgio Moro pode ser considerado inelegível, se a idéia de criar uma quarentena para membros do Judiciário vingar, e prevalecer a interpretação de que normas eleitorais podem retroagir, tornando-se uma espécie de 'ficha-suja', e Lula ser reabilitado pela Segunda Turma do Supremo."
Brasil247
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