Holanda é o principal comprador de vinhos brasileiros

Por Paulo F.

Da Radio Nederland Wereldomroep

Holanda é o principal mercado para vinhos brasileiros

Por Mariângela Guimarães (Foto: Ibravin)

Em 2011, a Holanda passou a ser o principal mercado do vinho brasileiro no mundo. O fato de ser um grande consumidor, mas não um país produtor, faz com que os holandeses sejam mais receptivos que outros europeus a vinhos de outros países, especialmente aos do chamado Novo Mundo.

p>“O consumidor holandês é aberto a novidades, ele gosta de experimentar vinhos do mundo todo, e tem um especial carinho pelo caráter de festa do Brasil. Ele gosta dos produtos que vêm do Brasil”, comenta o porta-voz do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Orestes de Andrade Jr. “A gente também não pode menosprezar o trabalho que vem sendo feito na Holanda desde 2008, em conjunto com a embaixada do Brasil, que tem sido muito intenso, com várias degustações e eventos realizados o ano todo, e com uma presença forte das vinícolas no mercado holandês. Esta combinação resultou neste sucesso.”

Crescimento apesar da crise

O consumo anual per capita na Holanda gira em torno de 21,8 litros - a título de comparação, no Brasil, o consumo é de 2,3 litros per capita. Apesar da crise financeira, em 2010, o crescimento das vendas de vinhos brasileiros na Holanda foi de 63%, chegando a 410 mil dólares em exportações, de um total de 3 milhões de dólares exportados para todo o mundo. Os números podem parecer baixos, mas o Brasil exporta apenas cerca de 2% de sua produção – todo o restante é consumido internamente. Em 2010, o país produziu 350 milhões de litros.

“O nosso posicionamento de exportação de vinhos brasileiros cuida muito da questão da imagem. A gente não quer exportar em grande quantidade, mas sim formar uma imagem boa do vinho brasileiro. Então escolhemos os melhores produtos para exportar, porque isso ao longo do tempo vai fazer a imagem do vinho brasileiro no mundo e aí sim, por consequência, vamos conseguir aumentar a exportação dos nossos vinhos”, explica Andrade.

Exótico

Até pouco tempo atrás, muita gente ainda se surpreendia quando ouvia falar de vinhos brasileiros. Esta realidade mudou, mas o vinho produzido no Brasil continua a ser um produto ‘exótico’ e a surpreender o consumidor europeu, tanto pela variedade como pela qualidade. O lado ruim é que o vinho brasileiro ainda não tem uma ‘cara própria’.

Foto: Ibravin

“Acho que nos últimos dois anos conseguimos avançar neste ponto, que era realmente uma falha que nós tínhamos há uns 3, 4 anos atrás, que era posicionar nosso produto no mercado internacional. Agora as vinícolas estão buscando um pouco este perfil. É importante dizer que a gente nunca vai ter uma casta ou uma variedade ícone no Brasil. Acho que isso ainda está um pouco longe de acontecer. Talvez o que esteja mais próximo de representar o Brasil sejam mesmo os espumantes. Os espumantes têm a cara do Brasil”, avalia Andrade.

200 mil garrafas
A vinícola brasileira mais presente no mercado holandês é a Miolo, que em 2011 exportou quase 200 mil garrafas para a Holanda.

“O mercado holandês é muito interessante para a Miolo principalmente porque os consumidores têm uma abertura maior do que os outros consumidores europeus, ou seja, procuram sensações diferentes, procuram vinhos diferenciados, são abertos a novas propostas, e o Brasil se encaixa perfeitamente nisso”, diz Fabiano Maciel, gerente de exportações da vinícola. “No ano passado nós exportamos quase 200 mil garrafas com um valor agregado bem interessante e também com níveis de qualidade diferente. Isso nos ajuda a nos posicionar da maneira correta no mercado.”

Uma das maiores cadeias especializadas em bebida na Holanda, a Gall & Gall, por exemplo, comprou toda a safra de um chardonnay da Miolo. “Nenhuma garrafa foi vendida no Brasil. Eles compraram toda a safra 2010. Em seis meses conseguimos vender toda a safra aqui na Holanda. Está sendo um sucesso enorme. Inclusive está sendo lançado um catálogo específico da Gall & Gall com este vinho na capa. Nunca vendemos tanto em tão pouco tempo”, comemora Maciel. “A gente realizou algumas pesquisas aqui e praticamente 100% dos consumidores de vinho estão abertos a consumir vinhos brasileiros, estão interessados em vinho brasileiro e não tem nenhum tipo de restrição com o nosso vinho.”

Blog do Luis Nassif