Depois do “Manifesto dos Presidentes dos Clubes” militares, assinado por integrantes da reserva contra a Comissão da Verdade, no qual há críticas pesadas (quando não desrespeitosas) à presidente Dilma Rousseff e a Celso Amorim, Maria do Rosário e Eleonora Menicucci (ministros da Defesa, Direitos Humanos e Secretaria de Políticas para as Mulheres, respectivamente; leiam post “O que temem os oficiais da reserva do Clube Militar?”), deparamos-nos com um segundo manifesto. Este, agora, é assinado por Oficiais da Reserva. E, dessa vez, seus autores defendem as prerrogativas democráticas.
Encabeçado pelos capitães de Mar e Guerra Luiz Carlos de Souza Moreira e Fernando de Santa Rosa, o documento apoia a “atitude exemplar” dos Comandantes das Forças ao ordenarem que o primeiro manifesto fosse retirado do site do Clube Militar. Segue alegando que a postura desafiadora a Celso Amorim “além de ser um comportamento desrespeitoso, configura, induvidosamente, uma insubordinação, uma ‘quebra da disciplina e da hierarquia’”.
Para os autores do documento, “o verdadeiro regime democrático é o que estamos vivendo, e não aquele, dos ‘governos militares’ que não permitiriam tais ‘diferenças de opinião, de crença e de orientação política’”. Frisa, ainda, que a eleição da presidenta que teve “expressiva votação, o que deve ter desagradado todos esses senhores”, referindo-se aos signatários do primeiro manifesto.
Passado deve ser trazido à luz
Quanto às críticas supostamente “exacerbadas aos governos militares”, o novo manifesto é enfático em sua contra-argumentação: “Elas continuarão sendo feitas, sim, por todos os segmentos organizados da sociedade, que tem compromisso com a verdade, pois estamos vivendo num regime de plena democracia. E isso não é revanchismo”.O documento acusa as violações da ditadura: “Não estamos mais em ditadura, que serviu a interesses escusos de muitos”. Citando a prática de tortura do período, o texto prossegue: “Tais fatos nos enchem de vergonha perante o mundo, pelas indesculpáveis violações aos direitos humanos praticadas sob o manto protetor do aparelho de Estado”.
Os oficiais da reserva ainda questionam: “Os ‘torturadores’ ( militares e civis), que não responderam a nenhum processo, encontram-se “anistiados”, permaneceram em suas carreiras, e nunca precisaram demandar, administrativa ou judicialmente, o reconhecimento dessa condição, diferentemente daqueles, suas vítimas, que até hoje, estão tendo alguns dos seus direitos negados e restringidos”. E cobram, com todas as palavras: “Onde estão os corpos dos que foram mortos pelas agressões sofridas?”.
Ao assinar o manifesto, datado do dia 29 de fevereiro deste ano, os capitães terminam invocando o “mestre Darcy Ribeiro” com a frase: “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca”.
Blog do Zé Dirceu
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