No ato, programado por uma Associação dos Veteranos Paraquedistas, os militares sairão do aeroporto de Jacarepaguá em um avião alugado, sobrevoarão a Praia da Barra e saltarão na área de um quiosque enquanto a aeronave retorna ao mesmo aeroporto.
Um dos organizadores da comemoração, o oficial da reserva da Marinha Valdir Ferraz, afirmou ao jornal O Globo que como não há ajuda das Forças Armadas, o evento será "econômico" e contará com o apoio dos "patriotas que restaram".
Valdir vai mais longe e explica: "No ano passado a presidenta Dilma acabou com as comemorações da Revolução de 64. Mas, agora, queremos mostrar que ela não pode calar o pessoal da reserva, já que os da ativa nada podem fazer".
Exército já retirou comemorações de seu calendário oficial
Está por fora o Valdir. E desinformado. Antes da presidenta extinguir as comemorações do golpe no ano passado, o Exército já as havia retirado de seu calendário oficial e nem fazia mais aquelas "ordens do dia" comemorativas a respeito.
Mas, a questão, por enquanto, ainda tem um lado sério e grave: as Forças Armadas, em seu conjunto, em sua leitura pedagógica nas escolas militares, ainda não assumiram a versão correta da história sobre a caráter ilegal e inconstitucional do golpe e da natureza ditatorial do regime de 1964. Apesar deste caráter ser de uma obviedade...
A situação, então, se desdobra em dois problemas de natureza distinta. O primeiro: manifestações do tipo dessa programada para sábado, não há como resolver. Estamos numa democracia, e elas têm de ser permitidas, desde que não façam apologia do golpe e dos crimes praticados durante o regime militar.
Precisa remover versão fantasiosa dos currículos militares
Já o segundo problema, essa persistência nos currículos das escolas militares de uma versão pela qual não assumem o caráter criminoso, ilegal e inconstitucional do golpe militar, este sim, pode ser solucionado. Como começou a ser quando o 31 de março deixou de ser comemorado pelas Forças Armadas.
Espero que esta versão persista por pouco tempo, que a verdade histórica, e não o engôdo, seja aceita e que também estes currículos passem a reconhecer aquilo como uma quartelada, um golpe, como ensinam os princípios da Constituição democrática e cidadã de 1988, a qual todos, civis e militares, devemos obediência.
Blog do Zé Dirceu
Nenhum comentário:
Postar um comentário