A justificativa da banca privada, de que os juros são altos por causa da inadimplência - e da carga tributária -, em si, não está errada. O que é um absurdo é a base, o patamar em que eles se mantêm, de 6,33% ao mês, para pessoa física, e 3,72%, para pessoa jurídica, conforme o revelado pela Pesquisa de Juros da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), divulgada ontem.
Isto é um escândalo! É preciso reduzir as taxas de juros reais e o spread, independente de que o índice dos juros suba ou caia nos ciclos econômicos, quando sobem ou descem os percentuais da inadimplência. Essa é outra questão. O que definitivamente não se justifica são juros de 188,87% ao ano para pessoas físicas e 55,01% para pessoas jurídicas. Isto para uma inflação de 4,5%, a meta do ano. Essa justificativa não se sustenta.
Não há cunha tributária, custo administrativo ou de compulsório, ou inadimplência que explique e justifique tais juros. Sem falar na elevação das taxas de fevereiro para março que, segundo este levantamento da ANEFAC, de fevereiro para março passaram de 8,33% para 8,34% ao mês no cheque especial; de 3,81% para 3,84% no empréstimo pessoal, via bancos; e de 8,24% para 8,26% no empréstimo pessoal, via financeiras.
E sem citar, ainda, os juros que incidem sobre o cartão de crédito. Em que país do mundo isso existe?
Agora já vêm com outro pretexto para não baixar as taxas
Esta justificativa de que os juros e spreads são altos por causa da inadimplência é tão insustentável que a banca privada já vem, desde ontem, com outro pretexto: só baixarão os juros se o governo reduzir a carga tributária, cortar impostos. Vejam essa proposta, esse apelo para pagar menos impostos parte, justamente, do setor que maior lucro obteve no país no ano passado.
Levantamento da Economatica divulgado ontem - leim o post Bancos e elétricas lideram em lucro - conclui que dentre 344 empresas pesquisadas, os 25 grandes bancos brasileiros tiveram um lucro R$ 49,4 bi no ano passado, o maior no ano entre os diversos setores econômicos do país.
A pesquisa Economatica comprova não só que a inadimplência e a alta carga tributária não justificam as altas taxas de juros e spreads, como também atesta que não impediram os bancos brasileiros de, pelo 8º ano seguido, registrarem rentabilidade maior do que os norte-americanos - e lá eles operando na meca do capitalismo.
Blog do Zé Dirceu
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