O Congresso tornou oficial, na noite desta terça-feira 24, os nomes dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar os negócios do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. São 64 parlamentares, 32 titulares e 32 suplentes. Eles terão seis meses para verificar como atuava a quadrilha que, segundo investigações da Polícia Federal, mantinha um esquema de exploração de jogos ilícitos.
O PT, dono da maior bancada da Câmara, indicou como relator da CPI o
deputado Odair Cunha (MG). Sua posição é estratégica, uma vez que o
relator coordena as investigações da comissão. Nesta terça, Cunha
prometeu conduzir uma investigação “séria e serena” e que produza
resultados “doa a quem doer”. É uma tentativa de indicar que a CPI será
isenta e não tentará proteger aliados do governo.
A oposição, da mesma forma, tenta mostrar coragem diante da CPI.
Nesta terça, o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), afirmou que
seu partido apoia a ida do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), à
CPI. “O governador Marconi Perillo virá e tem todo o apoio do PSDB para
participar com esclarecimentos na CPMI. Esperamos que o PT tenha o
mesmo desprendimento”, disse. Perillo é um dos políticos com mais
problemas diante de sua relação com Cachoeira. A investigação da PF
mostrou, por exemplo, que sua ex-chefe de gabinete, usando informação
passada por Cachoeira, avisou um prefeito aliado de Perillo sobre uma
operação da PF.
O comentário do líder do PSDB sobre o PT é uma óbvia referência ao
governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O petista também aparece
nas gravações das operações da Polícia Federal. A quadrilha de
Cachoeira tem tantos tentáculos nos Estados que nenhum grupo político
está a salvo de polêmicas. Além de Perillo e Agnelo, outros governadores
que podem ser investigados são Beto Richa (PSDB-PR), Silval Barbosa
(PMDB-MT) e Raimundo Colombo (PSD-SC).
O alvo principal da CPI, entretanto, deve ser o senador Demóstenes
Torres, de Goiás. Ele é o personagem público mais comprometido com
Cachoeira. Demóstenes deixou o DEM para não ser expulso do partido, está
sendo investigado pelo Conselho de Ética do Senado e pode ter seu
mandato cassado por conta das relações com Cachoeira. Famoso por bater
duramente nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff,
Demóstenes passou a surgir de forma apenas esporádica no Congresso
desde o surgimento do escândalo. Com a CPI, é provável que sua situação
se torne insustentável.
O grande desafio da CPI será provar sua capacidade de investigar e
punir os culpados por corrupção. É isso o que a sociedade brasileira
espera.
Confira abaixo os integrantes da CPI do Cachoeira:
Confira abaixo os integrantes da CPI do Cachoeira:
No Senado, a representação foi feita conforme os
blocos. O maior, formado por PMDB, PP e PV ficou com cinco vagas,
incluindo a presidência da CPMI. O bloco do governo também teve cinco
vagas. O bloco da minoria ficou com três vagas e o bloco União e Força
(PR e PTB) com outras duas. O PSD recebeu a vaga extra.
Na Câmara, a divisão das vagas foi feita de acordo com a representação de cada partido na Casa. O PT ficou com três vagas, incluindo a do relator. O PMDB e o PSDB ficaram com duas vagas e outros nove partidos obtiveram uma única vaga.
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