Goiás247 – Carlinhos Cachoeira acaba de derrubar o terceiro auxiliar do governo Marconi Perillo. Hoje à tarde pediu para sair o Procurador-geral do Estado, Ronald Bicca. Oficialmente, ele pediu licença para ir fazer curso no exterior. Na prática, ele saiu por conta de ligações reveladas hoje pelo jornal O Popular com Cachoeira. Também já deixaram o governo o presidente do Detran, Edivaldo Cardoso, e a chefe de gabinete da governadoria, Eliane Pinheiro.
No lugar de Bicca, segundo o repórter Bruno Rocha Lima, de O Popular, assume o atual procurador-geral adjunto, Alexandre Tocantins.
A seguir, mais informações sobre as ligações de Bicca com Cachoeira, segundo o jornal O Popular:
Citado em conversas
Bruno Rocha Lima
O procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, também aparece nas investigações da Polícia Federal como uma das autoridades do governo estadual que teriam ligação com o empresário Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal no dia 29 de fevereiro sob acusação de comandar uma quadrilha que explorava jogos ilegais e que teria se infiltrado no aparato estatal para assegurar os negócios.
Bicca é citado por Cachoeira e por alguns membros da suposta organização criminosa em diálogos transcritos pela PF. À reportagem, o procurador admitiu conhecer Cachoeira, mas alegou que a relação se dava apenas em encontros casuais em eventos sociais e que nunca conversou com o empresário no que diz respeito ao seu cargo no governo.
Nos diálogos por telefone captados pela PF, no dia 22 de fevereiro de 2011, Gleyb Ferreira, um dos mais próximos auxiliares de Cachoeira, e Geovani Pereira da Silva, contador do grupo, discutem o aluguel de um imóvel para um procurador chamado Ronald. Gleib diz que está em Brasília com Cachoeira e pede para o colega resolver um problema referente à negociação.
“Cadê o Deca (André Teixeira Jorge, apontado como laranja do esquema de Cachoeira), Geovani? Qual é que é o número que eu consigo falar com ele? Tá sem rádio. Tem um procurador que (ininteligível) não tem nada cadastrado. Tô aqui em Brasília com o Carlinho”, diz Gleyb. Geovani não entende o assunto e pergunta do que se trata.
“Num prédio lá. Não tem nada. Eu não sei se é prédio, se é condomínio, o que é”, responde Gleib, que, após Geovani reafirmar que não está ciente do assunto, reforça: “Não, sabe o do Ronald, lá do...a da casa que tá alugando pra ele? Não tem...eles não tão (sic)...não deixaram ele entrar pela portaria. Na administração não tem nada dele em lugar nenhum.”
No dia 20 de julho do ano passado, Cachoeira conversa com Gleyb sobre precatórios do “sindicato dos policiais” (a PF não especifica no inquérito qual sindicato). Cachoeira responde que se encontrará com Bicca no mesmo dia para tratar do assunto. Dois dias depois, Gleyb volta a perguntar a Cachoeira sobre os precatórios e o chefe diz que brigou com Bicca, mas ressalta em seguida que está prestes a fazer as pazes.
O procurador diz desconhecer os diálogos e afirmou à reportagem que nunca conversou com Cachoeira sobre precatórios ou qualquer outro assunto referente ao governo. “O Cachoeira é uma pessoa conhecida na sociedade goiana, sempre circulou muito e conversava com todo mundo, inclusive comigo. Nunca vi ele ser recusado em nenhuma mesa. Mas não o recebi na PGE e ele nunca me pediu nada”, afirma o procurador. “Mas, na minha função, eu contemplo e contrario interesses diariamente. Muitas pessoas citam meu nome em conversas”, alega.
Bicca admite também ter relação próxima com o senador Demóstenes Torres (sem partido), apontado pela PF como um dos mais próximos aliados de Cachoeira. “Mas minha relação com Demóstenes sempre foi muito boa, ele é um dos senadores mais destacados do País e nossos diálogos sempre aconteceram de forma republicana.
Brasil 247
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