Política Industrial
Brasil 2015: desafios do desenvolvimento
ter, 03/02/2015 - 09:09
Luis Nassif
O conjunto de seminários do projeto Brasilianas tem permitido diagnósticos preciosos sobre o atual estágio do desenvolvimento brasileiro. É caso da indústria naval brasileira, um caso de sucesso de política industrial.
Trata-se de um setor dos mais relevantes, pelo encadeamento da produção. A fabricação de um navio movimenta a indústria siderúrgica, a metalúrgica, o setor de máquinas e equipamentos, a tecnologia de informação, a região no entorno do estaleiro etc.
***
Um dos líderes da produção mundial de navios nos anos 70, a indústria naval foi praticamente eliminada no governo Collor.
Criado em 1999, partir de 2003, o Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo) ganhou impulso, contratando 30 novas embarcações e 21 modernizações.
Mas só a partir da 7a rodada, em 2005, o conteúdo local passou a ser item obrigatório, com índice mínimos para a exploração, desenvolvimento e produção, com a criação dos instrumentos legais para as CCLs (Cláusulas de Conteúdo Local).
A partir de 2008, com o PDP (Polícia de Desenvolvimento Produtivo) o setor ganhou impulso, com a contratação de 146 novas embarcações de apoio para o período 2008-2016.
***
Desde 2004, o setor cresceu a 19,5% ao ano com R$ 150 bilhões de investimento. Sete navios do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota) já foram entregues à Transpetro; 23 dos 50 maiores projetos offshore estão no Brasil; há 9 estaleiros de grande porte em operação; 7 estaleiros de grande porte em implantação; 29 sondas para a Sete Brasil no portfolio de construção. Há 389 encomendas em carteira. A demanda por equipamentos para exploração e produção do petróleo em águas profundas prosseguirão pelos próximos vinte anos.
O número de empregou saltou de 1.900 em 2.000 para 104 mil atualmente.
O modelo permitiu a grupos nacionais trazerem sócios estrangeiros com participação minoritária, ajudando na absorção de tecnologia.
No campo tecnológico, a parceria com a Finep resultou no financiamento de 58 projetos de alto valor agregado. Para incorporar as PMEs (Pequenas e Micro Empresas) foi firmado um convênio com o Sebrae, que ampliou de 14 mil para 19 mil fornecedores integrando o cadastro da Petrobras.
***
O cenário de longo prazo é dos mais favoráveis.
Há um crescimento do transporte marítimo mundial; forte demanda por petróleo e derivados; petróleo e gás natural dominando a matriz energética; ampliação da frota naval de defesa.
Mas a indústria é cíclica e os preços oscilam juntamente com a demanda mundial. Desde 2012 há um período de baixa no setor, depois de um crescimento vigoroso entre 2001 e 2011. Daí a importância da continuidade do programa.
***
A construção naval competitiva se concretiza de duas formas:
Em complexos industriais envolvendo a indústria pesada e a indústria de bens de capital: Coréia, Japão, China
Dentro de clusters dedicados a atender nichos de mercado: Itália, Finlândia, Noruega
A competitividade da indústria de construção depende de uma complexa coordenação de encadeamentos setoriais. Mas o ponto central é a tecnologia de projetos. Dominar o projeto é condição essencial para a inovação e para que os produtores tenham controle das aquisições de máquinas, equipamentos marítimos e materiais.
Brasil 2015: desafios do desenvolvimento
ter, 03/02/2015 - 09:09
Luis Nassif
O conjunto de seminários do projeto Brasilianas tem permitido diagnósticos preciosos sobre o atual estágio do desenvolvimento brasileiro. É caso da indústria naval brasileira, um caso de sucesso de política industrial.
Trata-se de um setor dos mais relevantes, pelo encadeamento da produção. A fabricação de um navio movimenta a indústria siderúrgica, a metalúrgica, o setor de máquinas e equipamentos, a tecnologia de informação, a região no entorno do estaleiro etc.
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Um dos líderes da produção mundial de navios nos anos 70, a indústria naval foi praticamente eliminada no governo Collor.
Criado em 1999, partir de 2003, o Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo) ganhou impulso, contratando 30 novas embarcações e 21 modernizações.
Mas só a partir da 7a rodada, em 2005, o conteúdo local passou a ser item obrigatório, com índice mínimos para a exploração, desenvolvimento e produção, com a criação dos instrumentos legais para as CCLs (Cláusulas de Conteúdo Local).
A partir de 2008, com o PDP (Polícia de Desenvolvimento Produtivo) o setor ganhou impulso, com a contratação de 146 novas embarcações de apoio para o período 2008-2016.
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Desde 2004, o setor cresceu a 19,5% ao ano com R$ 150 bilhões de investimento. Sete navios do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota) já foram entregues à Transpetro; 23 dos 50 maiores projetos offshore estão no Brasil; há 9 estaleiros de grande porte em operação; 7 estaleiros de grande porte em implantação; 29 sondas para a Sete Brasil no portfolio de construção. Há 389 encomendas em carteira. A demanda por equipamentos para exploração e produção do petróleo em águas profundas prosseguirão pelos próximos vinte anos.
O número de empregou saltou de 1.900 em 2.000 para 104 mil atualmente.
O modelo permitiu a grupos nacionais trazerem sócios estrangeiros com participação minoritária, ajudando na absorção de tecnologia.
No campo tecnológico, a parceria com a Finep resultou no financiamento de 58 projetos de alto valor agregado. Para incorporar as PMEs (Pequenas e Micro Empresas) foi firmado um convênio com o Sebrae, que ampliou de 14 mil para 19 mil fornecedores integrando o cadastro da Petrobras.
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O cenário de longo prazo é dos mais favoráveis.
Há um crescimento do transporte marítimo mundial; forte demanda por petróleo e derivados; petróleo e gás natural dominando a matriz energética; ampliação da frota naval de defesa.
Mas a indústria é cíclica e os preços oscilam juntamente com a demanda mundial. Desde 2012 há um período de baixa no setor, depois de um crescimento vigoroso entre 2001 e 2011. Daí a importância da continuidade do programa.
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A construção naval competitiva se concretiza de duas formas:
Em complexos industriais envolvendo a indústria pesada e a indústria de bens de capital: Coréia, Japão, China
Dentro de clusters dedicados a atender nichos de mercado: Itália, Finlândia, Noruega
A competitividade da indústria de construção depende de uma complexa coordenação de encadeamentos setoriais. Mas o ponto central é a tecnologia de projetos. Dominar o projeto é condição essencial para a inovação e para que os produtores tenham controle das aquisições de máquinas, equipamentos marítimos e materiais.
Jornal GGN
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