O juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato, entrou na polêmica criada em torno do encontro de advogados de empreiteiras com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; "Intolerável, porém, que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas", disse ele, ao prorrogar as prisões preventivas de executivos das empreiteiras; posição de Moro não ficou sem resposta; advogado Alberto Toron, que representa a construtora UTC, rebateu a declaração e disse considerar "repugnante" a tentativa do juiz de imputar "má conduta aos advogados, que tenham agido com extrema correção"; em nota, OAB defendeu a legalidade do encontro dos advogados com o ministro José Eduardo Cardozo; por trás desse embate, há a tentativa de se obter delações premiadas dos empreiteiros
18 de Fevereiro de 2015 às 20:22
Paraná 247 - O juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, entrou na polêmica surgida neste Carnaval, desde que o ex-ministro Joaquim Barbosa pediu a demissão do ministro José Eduardo Cardozo, depois da revelação de que ele se encontrou com advogados de empreiteiras investigadas.
"Intolerável, porém, que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas", escreveu o juiz, ao redigir nova ordem de prisão preventiva dos executivos Ricardo Pessoa (UTC), Eduardo Hermelino Leite (Camargo Corrêa), Dalton Avancini (Camargo Corrêa) e João Auler (Camargo Corrêa). De acordo com Moro, as empreiteiras tentam interferir nas investigações.
"Não socorre os acusados e as empreiteiras o fato da autoridade política em questão ser o ministro da Justiça. Apesar da Polícia Federal, órgão responsável pela investigação, estar vinculada ao ministério, o ministro da Justiça não é o responsável pelas ações de investigações", disse o juiz, que afirmou receber advogados cotidianamente.
Truculência?
O despacho de Moro foi rebatido pelo advogado Alberto Zacharias Toron, que representa a construtora UTC. Segundo ele, a decisão foi marcada pela truculência. "Decisão do juiz Moro peca não apenas pela presunção como pela truculência. Em primeiro lugar, é direito dos advogados conversar com quem quiserem, inclusive com o ministro da Justiça. Este, por outro lado, não pode interferir no processo, que tem estrutura própria e é controlado e dirigido pelo poder Judiciário", afirmou.
O advogado classificou ainda como "repugnante" a tentativa do juiz de imputar "má conduta aos advogados, que tenham agido com extrema correção".
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil defendeu os encontros dos advogados com o ministro da Justiça, que, segundo a entidade, cumpriu seu dever, ao respeitar as prerrogativas da advocacia (leia mais aqui).
Delatar ou não delatar?
Por trás da polêmica, o que está em jogo é a possibilidade de executivos de empreiteiras virem a delatar a campanha da presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
Advogados das empreiteiras acusam o juiz Moro de usar as prisões preventivas como um instrumento para forçar delações premiadas, numa espécie de tortura psicológica.
Ao renovar as prisões preventivas, Moro demonstrou que não pretende ceder.
Brasil 247
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