"Na Argentina não houve 30 mil desaparecidos. Foi uma mentira que se construiu em uma mesa para obter subsídios que eram dados". Com essas declarações, o ministro da Cultura da Cidade de Buenos Aires, Darío Lopérfido, gerou uma ampla polêmica na Argentina. Em sua versão, foram oito mil os desaparecidos durante o regime militar no país. Movimento para pedir sua renúncia tem a assinatura do brasileiro Chico Buarque
6 DE FEVEREIRO DE 2016 ÀS 16:07
Opera Mundi - "Na Argentina não houve 30 mil desaparecidos. Foi uma mentira que se construiu em uma mesa para obter subsídios que eram dados". Com essas declarações, o ministro da Cultura da Cidade de Buenos Aires, Darío Lopérfido, gerou uma ampla polêmica na Argentina. Na versão do ministro, foram oito mil os desaparecidos. A declaração gerou protestos em diversos setores sociais do país, como a Associação das Avós da Praça de Maio, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e artistas em todo o mundo, entre eles o cantor brasileiro Chico Buarque.
Lopérfido, que também é diretor artístico do Teatro Colón e responsável pelo Festival Internacional de Buenos Aires, fez o comentário durante uma reunião cultural, citando historiadores e escritores que contestam os números. Em entrevista a uma rádio local, Lopérfido disse que o comentário foi retirado do contexto e que citava fontes que considera confiável para basear o comentário.
Ainda assim, um movimento para pedir sua renúncia iniciou-se no país. Uma carta aberta assinada por escritores, músicos, cantores e intelectuais foi endereçada ao presidente do país, Maurício Macri, e ao prefeito da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, dizendo que Lopérfido deve renunciar.
Entre os signatários do documento estão o filósofo escritor francês Alain Badiou, o teórico indiano Homi Bhabha, el diretor do Museu Rainha Sofía da Espanha, Manuel Borja-Villel, o crítico alemão Andres Huyssen e os cantores: cubano, Silvio Rodríguez; brasileiro, Chico Buarque e espanhol, Joan Manuel Serrat. Eles consideram a posição do ministro "negacionista" e defensora da tese "dos dois demônios" — segundo a qual os militantes montoneros também mataram e morreram pessoas de ambos os lados.
"Consideramos estas declarações como uma clara tentativa de banalizar e diminuir a importância das atrocidades cometidas nesses anos, como também jogar um manto de descrédito sobre os organismos e as políticas de direitos humanos. Se se trata de números, o compromisso deveria ser de aprofundar e expandir a investigação sobre cada um dos crimes cometidos pelo terrorismo de Estado, determinando responsabilidades e cumplicidades, o que só se consegue ao colocar recursos e políticas à disposição", dizem.
Eles lembram ainda na carta que o episódio se dá em meio à negativa do presidente Macri de receber os organismos de direitos humanos pessoalmente e diante da série de demissões no setor público.
*Com informações do jornal Página/12
Brasil 24/7
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