POR FERNANDO BRITO · 01/06/2016
Não há, a esta altura, em todo o espectro político, da direita à esquerda, quem reconheça Michel Temer como condutor de coisa alguma no regime que se implantou no Brasil desde 12 de maio.
A formação de um ministério “colcha de retalhos”, que já era indício disso, mais ainda o evidenciou quando em duas semanas vieram duas crises incontornáveis e ele só afastou seus (seus?) ministros depois que eles já tinham, na prátia, caído.
Temer ficou menor também quando engoliu o homem de Cunha como seu líder na Câmara, demonstrando que passa pelo presidente afastado Eduardo Cunha qualquer chance – se houver – de aprovar algo por lá, E, assim mesmo, olhe lá, porque tem uma bancada de interesses paroquiais, pouquíssimo propensa a aprovar qualquer coisa que não lhe traga vantagens fisiológicas ou eleitorais e não é nada disso o que ele tem a propor por lá.
No Senado, Romero e Renan torpedeados como estão têm menor capacidade de articulação a oferecer e o que já não davam de bom grado agora mais difícil de de]ar será.
Na economia, até agora – e, se depender da vontade presidencial, até que se consume o afastamento definitivo de Dilma – também não pode oferecer nenhuma sinalização palpável e não há qualquer sinal que o cenário econômico esteja ganhando qualquer alento.
Temer, portanto, está á mercê dos fatos do dia a dia e estes fatos têm sido, vez após outra, escandalosos.
Há poucos sinais que isso possa mudar. O argumento de sua permanência passou a ser “a desgraça que seria ela (Dilma) voltar”, como pontifica hoje Merval Pereira.
É muito pouco para sustentar um presidente sem voto e sem legitimidade política.
Os analistas, até os mais simpáticos, encimam suas colunas com “Valentia, só para demitir o garçom” (Elio Gaspari), “Ruim com ele, pior sem ele” (Cantanhêde) e poderia citar vários.
Desalentador e pior vai ficar porque a rua não lhe dará a trégua que as pesquisas, muito bem guardadas, ainda lhe dão.
Temer deve conhecer o dístico do brasão de armas da cidade de São Paulo, que sua adoração pelo latim deve fazer sabê-lo de cor:Non ducor, duco.
Não sou conduzido, conduzo.
Parece que, com ele, lê-se o contrário: não conduzo, sou conduzido.
Tijolaço
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