Longe dos refletores, Lula promoveu uma reunião com empresários, representantes de organismos internacionais e especialistas em temas africanos.
Deu-se nesta quarta-feira (15), em São Paulo. A portas fechadas, Lula expôs, num salão do Hotel Intercontinental, detalhes da nova entidade que vai criar.
O nome será “África Instituto de Cidadania”. O objetivo, segundo disse, é o de estreitar a cooperação do Brasil com o continente africano.
A certa altura, Lula mencionou a China. Disse que os chineses investem vorazmente na África com objetivos estritamente comerciais.
Imagina para o Brasil outro tipo de inserção. Algo que combine o interesse mercantil à cooperação “solidária” em áreas como desenvolvimento social e cultura.
Disse confiar que, sob Dilma Rousseff, o governo brasileiro manterá o mesmo grau de atenção que ele se jacta de ter dado à África em sua gestão.
Livre da rotina presidencial, Lula se disse em condições de atuar como “agente catalisador” de uma ação mais intensiva de aproximação.
Quer aproveitar, o “prestígio” que passou a desfrutar entre os africanos. Foi o presidente brasileiro que mais viajou à África –12 vezes em oito anos.
Informou que planeja um ciclo de viagens ao continente. Quer recolher subsídios para a nova empreitada.
Absteve-se de dizer de onde virá o dinheiro para o custeio de seu instituto. Entre os convidados de Lula havia duas caixas registradoras de peso.
Estiveram no encontro do Intercontinental, hotel assentado na Alameda Santos, paralela à Avenida Paulista, os presidentes da Vale, Murilo Ferreira; e do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
Compareceram também, entre outros: Makhtar Diop, diretor do Banco Mundial no Brasil; Carlos Lopes, diretor da Unitar (instituto da ONU para treinamento e pesquisa)...
...Davi Uip, da Faculdade de Medicina da USP; Jarbas Barbosa, ex-gerente da área de Vigilância da Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde; e Tião Vaiana, médico e governador petista do Acre.
Os convidados de Lula têm em comum o interesse pela África. A Vale tem negócios em Angola. A Odebrecht opera em Angola e na África do Sul.
Davi Uip conduz em Angola um programa da USP de combate à Aids. Carlos Lopes estuda há anos os investimentos da China e do Brasil nos países africanos.
Tião Viana e seu grupo político, no poder há 14 anos no Acre, gerem um bem sucedido programa de combate à malária, que Lula imagina “exportar” para a África.
O ex-soberano informou aos presentes que, nas próximas semanas, fará novas reuniões. Serão encontros menores –“setoriais”, segundo disse.
Não fixou um prazo para o anúncio do seu instituto africano. Tomado pelo que disse, Lula ainda não tem clareza quanto à formatação jurídica.
Disse apenas que não o agrada o formato de ONG. De resto, afirmou que a entidade não terá vínculos com o governo.
Seja como for, Dilma talvez passe a usufruir de um refresco. Devagarzinho, Lula vai preenchendo o seu ócio pós-presidencial.
Deve sobrar menos tempo para os palpites sobre a administração da sucessora.
Nesta quinta (16), a propósito, Lula desembarca em Brasília. Calma. Oficialmente, vai apenas jantar com embaixadores de países africanos.
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