A mídia do “Brasil de Roda Presa” está saudando a elevação do “rating” do Brasil pelas agências classificadora de riscos Moody´s.
Muito bem, ninguém pode deixar de ficar feliz se a avaliação da segurança de nossa economia melhora lá fora.
O problema, porém, é que aquilo que os deixa felizes nem sempre – ou quase sempre – é o melhor para o povo brasileiro.
Em nome do combate à inflação, eles exigem a desaceleração da economia.
Olhe o gráfico ao lado, composto com os dados oficiais da Fundação Getúlio Vargas para o IGP-M coletado no segundo decêndio do mês – entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência, que este mês ficou em – 0,21% – e verifique se há algum sinal de inflação sistemática.
Nada, literalmente, nada.
Mas eles estão, sim, obtendo o que querem.
O mercado está com a história de que “melhorou, mas a inflação não foi vencida”, porque existem indícios de aumentos de preços generalizados.
E, em nome disso, seguem as pressões para que os investimentos públicos sejam cortados e os juros – ah, que delícia de juros… – aumentados ainda mais.
O Ministro Guido Mantega precisa se cuidar para não cair no conto daquele passarinho que, ouvindo os elogios da raposa à seu trinado, abre o bico e deixa cair o queijo que ela deseja.
Ele disse ontem que nos ” acostumamos mal com crescimento de 7% [ao ano], mas 4,5% para um ano de ajuste é um crescimento excelente”, disse. “Os indicadores que tivemos mostram que houve essa acomodação num patamar de crescimento menor que o ano passado, mas muito bom, especialmente se comparado ao crescimento dos demais países“.
Se é para fazer comparações internacionais, que se comparem também os outros indicadores. Um crescimento de 4,5% no PIB – se não reverterem-se os freios, nem a isso chegaremos – não é nada de mais em relação aos países em nossa situação econômica. Nem mesmo inflação de 6%, sozinha, quer dizer nada, até porque não está sendo acompanhada de desvalorização cambial, ao contrário.
Mas uma política de contração econômica, numa economia do porte da brasileira, não é algo que tenha efeito imediato – como, aliás, estamos vendo agora, quando as medidas de contenção já vêm desde o início do ano. Mesmo que se solte o freio dos investimentos públicos, isso demora a fazer efeito na cadeia da produção e do emprego. Idem quanto à trajetória altista dos juros, que é embutida na concessão real de crédito, pois ninguém empresta dinheiro com a taxa do dia, mas com a taxa prevista para o prazo de amortização.
O ministro tem de acordar, e já, para os sinais de perda de ímpeto de nosso crescimento.Não é sair gastando, nada disso, mas também não é enforcar uma economia que não está sofrendo de nenhum problema estrutural. Metas de inflação, de superavit, de redução da dívida, todas elas, são muito boas. Mas não podem ser dogmas, tão cultuados que tomem o lugar da própria fé, que é nosso desenvolvimento.
Os americanos, que podem ser tudo, menos bobos, não estão nem aí com o fato de a inflação deles estar acima da meta. Não só topam subir os juros e afundar mais a sua economia, como se não fossem as dificuldades políticas causada pelos déficits monstruosos de seus orçamentos, estariam afrouxando mais ainda suas políticas monetárias. Arrocho bom, para eles, é lá na Grécia.
Essa gente “bacana” que fica dando conselhos de “frear” mais ainda a economia é a turma do “Brasil da Roda Presa”, que sempre ganhou muito dinheiro com o carro estacionado e até quando ele andava de marcha à ré.
Blog do Brizola Neto
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