A Folha de São Paulo desse domingo trata do "consenso de Brasília". O jornal defende que, embora o sucesso econômico obtido pelo país seja modelo para vários países do continente, empresas brasileiras estariam enfrentando a desconfiança em países da América Latina. A reportagem ouviu suas fontes sobre as relações latino-americanas, as quais defenderam a tese de que estaria se formando um suposto sentimento antibrasileiro na América do Sul, em decorrência da expansão da influência do país no continente.
Na interpretação do jornal, os países sul-americanos temeriam que tenhamos uma atuação similar à de potências coloniais como os Estados Unidos e a Espanha no passado. Suas fontes consideram que o investimento de nossas estatais em países vizinhos e o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) representariam uma temível "política de Estado".
Quanto a esta suposta política de Estado, não vejo o que temer. Basta recordar a questão do petróleo com a Bolívia. Em sua relação com os países vizinhos, o Brasil leva em conta a necessidade de integração - e não apenas a de investir ou exportar serviços. Considero correta a posição do governo que defende que temos de apoiar o desenvolvimento desses países. Daí a importância não somente do BNDES, mas, também, do Banco do Sul e do nosso futuro Eximbank. Também é fundamental a transferência de tecnologia para nossos parceiros latino-americanos e a exportação de capitais – e não apenas de mercadorias e serviços.
Imigração
Não podemos - e não devemos - ficar ausentes do esforço de cada país de crescer e distribuir renda. Daí a importância de empresas conjuntas e do apoio ao desenvolvimento da infra-estrutura e da indústria nos países vizinhos. Até porque, do contrário, seremos a principal válvula de escape para a imigração desses países, já que nosso mercado de trabalho caminha para o pleno emprego, principalmente em setores de baixa tecnologia.
Não estamos condenados a conviver com o sentimento antibrasileiro. Pelo contrário: hoje nossa imagem é a melhor possível na região e devemos fazer de tudo para consolidá-la como sendo a de um país amigo e parceiro, ao invés de um país que só em busca de mercados e de vantagens. Isso, no entanto, depende da política. Não é uma agenda do mundo dos negócios.
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