Mesmo em 2012, um ano difícil dado à crise mundial, o Brasil pode e deve crescer mais do que em 2011. Lá de fora, temos a boa notícia de que a tempestade parece se arrefecer com o crescimento nos Estados Unidos. Mas ainda estamos ameaçados pela crise Europeia, que, de financeira pode virar fiscal, trazer mais recessão e desemprego. Esse fenômeno continua nos impactando por aqui, via queda das exportações e dos preços das commodities, uma valorização do real e a invasão de nossos mercados.
É provável estarmos crescendo, de novo, acima dos 4%, já no segundo semestre. O consumo se mantém, apesar da queda do ritmo do crescimento no começo do ano (Leia mais neste blog). É só manter a inflação e as contas públicas sob controle (o superávit primário de janeiro chegou a R$ 20,8 bilhões), e garantir os investimentos públicos no país (só no Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, este ano, devem ser destinados R$ 42,6 bi).
O nosso calcanhar de Aquiles, hoje, continua sendo o câmbio e as altas taxas de juros, com impacto direto na nossa indústria. Ela precisa muito mais do que apenas defesas comerciais. Aguinaldo Diniz, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) denuncia, por exemplo, que, só no ano passado, houve um aumento de 60% nas importações de confecções prontas, com efeitos devastadores sobre toda a cadeia produtiva têxtil.
Déficit em máquinas de US$ 17,8 bi
O fenômeno se repete no setor de máquinas e equipamentos, apenas em menor escala. Pelos cálculos da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), as importações aumentaram 19% no ano passado. Resultado: o setor registrou o mais elevado déficit comercial desde que começou a monitorar as transações internacionais: ou US$ 17,8 bi.
Nossa indústria precisa, com urgência, mais incentivos fiscais, crédito, inovação e um cenário mais favorável tanto do ponto de vista do câmbio, quanto de juros. Tudo isso é importante para que possa sustentar não apenas seu crescimento interno, mas também o externo. Não podemos continuar a perder mercados para a China na América do Sul e Latina.
O governo está atento. E, pelas medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda, deverá aplicar salvaguardas autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) no caso da indústria têxtil. Elas preveem que, por até cinco anos, seja permitido um aumento temporário das tarifas de importação, enquanto o setor se reestrutura para ganhar competitividade em relação aos concorrentes importados.
Equação difícil de decifrar
O governo também está preparando medidas concretas com relação à indústria de máquinas e equipamentos, que, para sobreviver, tem importado máquinas para revenda no nosso mercado interno. Em geral, esses equipamentos vêm, de novo, da China, nossa grande concorrente. E, de outro lado, nossa cliente no mercado de commodities. Uma difícil equação que temos de decifrar.
Blog do Zé Dirceu
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