Amanda Cieglinski*
Enviada Especial
Enviada Especial
Salamanca (Espanha) – Nos países das Américas Central e do Sul, a
população acredita que a educação irá melhorar na próxima década, mas
muitos cidadãos ainda dão “nota vermelha” para os sistemas locais de
ensino. É o que aponta a pesquisa Olhares sobre a Educação
Ibero-Americana, divulgada hoje (6) pela Organização dos Estados
Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
No levantamento, foram entrevistadas mais de 22 mil pessoas em 18 países
da região, incluindo o Brasil.
Os brasileiros estão entre os mais otimistas em relação ao futuro da
educação no país nos próximos dez anos. Para 62% dos entrevistados, a
educação vai melhorar, 26% acreditam que ficará no mesmo patamar e 9%
avaliam que irá piorar. Apenas o Paraguai tem um resultado melhor:
naquele país, 64% esperam avanços na área. Já os hondurenhos são os que
menos acreditam no futuro do sistema educacional de seu país: só 26%
acham que a situação irá melhorar, enquanto 37% acreditam que ficará no
mesmo nível e 23% preveem piora. Em todos os países, o percentual de
pessoas que avaliam de forma positiva o futuro da educação é superior ao
daquelas que têm uma percepção negativa.
“Esse otimismo do cidadão é um fator de enorme pressão aos sistemas
educativos. Expectativas positivas contribuem fortemente para que a
educação funcione”, avalia o secretário-geral da OEI, Álvaro Marchesi.
Por outro lado, os brasileiros estão entre os que têm a pior avaliação
sobre a qualidade do ensino público no seu país. A nota atribuída pelos
entrevistados, em uma escala de 0 a 10, foi 5,2 pontos, a quarta mais
baixa entre os países pesquisados, ao lado de Honduras. O país que, na
avaliação dos entrevistados, tem o pior sistema de ensino é o Chile,
cuja nota foi 4,6. Os mais satisfeitos são os costa-riquenhos e os
nicaraguenses, que atribuíram nota 7 à educação.
O relatório destaca, entretanto, que os resultados devem ser analisados
com prudência, já que a percepção dos cidadãos está ligada às
circunstâncias sociais, econômicas e políticas de cada país no momento
em que a pesquisa foi feita. “Estamos analisando expectativas e não
indicadores concretos, que muitas vezes não correspondem às opiniões da
população”, destacou Marchesi.
Os entrevistados também elegeram o que consideram prioridades para a
educação avançar. Em primeiro lugar, aparece melhorar a qualidade das
instalações, com 45% das respostas. Na sequência, estão melhorar a
formação do professor (41%), melhorar o salário do professor (29%) e
incorporar as novas tecnologias no ensino (28%). Só 9% acham que
aumentar a jornada escolar diária é importante para fortalecer a
aprendizagem. Cada entrevistado pôde marcar mais de uma opção.
O Brasil foi o país que registrou o maior o percentual de pessoas que
consideram o aumento dos salários dos professores uma medida prioritária
para melhorar a educação: 57% marcaram essa opção, contra 29%,
considerando a média das respostas de todos os países latino-americanos.
O percentual de brasileiros que avaliam como bom ou muito bom o nível
de conhecimento dos professores sobre os temas que lecionam foi 81%,
acima da média da região (77%). Os professores mais mal avaliados foram
os do Chile (58%). Na outra ponta, estão os da Colômbia (90%).
O relatório completo está disponível, em espanhol, na página da OEI na internet.
*A repórter viajou a convite da Fundação SM, uma das entidades organizadoras do Congresso das Línguas na Educação e na Cultura
Agência Brasil
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