É a relação de dependência. Metrópole x Colônia. Mestre x Escravo.
Quando Bill Clinton começou a falar no encerramento da sessão desta quarta-feira na Convenção do Partido Democrata – http://www.nytimes.com/2012/09/06/us/politics/clinton-delivers-stirring-plea-for-obama-second-term.html?_r=1 – foi como se o primeiro violino começasse a tocar, depois de uma sucessão de esforçados amadores.
É o que disse um editorialista do New York Times, jornal que fez o Presidente Clinton comer o pão que o Diabo amassou.
Obama não leu o discurso antes.
Ninguém leu.
Clinton desancou a Direita conservadora do candidato da Direita, Mitt Romney.
Pegou ponto-por-ponto da “plataforma” conservadora e estraçalhou ponto-por-ponto.
Falou mais de uma hora.
Ele não para de falar.
Além de excelente orador, Clinton é um dos poucos políticos que consegue tratar de economia e de números como se tratasse da tabela do campeonato de futebol.
Todo mundo entende.
Clinton mostrou que na “política econômica” da Direita americana os números não batem.
E, diversas vezes, falou da “aritmética” reacionária.
Como diz o New York Times, tornou-se o único político americano a arrancar aplausos ao falar a palavra “aritmética”.
Seria fácil dizer que os republicanos cortam impostos dos ricos e cortam serviços dos pobres.
O problema é provar, com a aritmética.
E foi o que ele fez.
E também procurou se contrapor ao ódio de classe e ideológico que, hoje, sustenta o Partido da Direita, o republicano.
Mostrou que Obama nomeou ministros do grupo adversário – como o Ministro da Defesa – e até adversários no próprio Partido Democrata, como o vice-presidente Joe Biden e a mulher, Hillary Clinton.
Elogiou presidentes republicanos, como Eisenhower, e disse que, quando governador, trabalhou harmonicamente com o presidente Reagan.
E desancou a política econômica “de classe”, que tem o objetivo de multiplicar os instrumentos de “deixar o mercado fazer o serviço”: “double down the trickle down”.
Fazer junto é melhor do que cada um por si – disse num tom assim, meio lulista.
Clinton está na centro-esquerda do espectro político americano.
Em nome da governabilidade – e da carreira – ele saiu, com a mulher, da esquerda e se instalou na centro-esquerda.
Chegou à Direita, mas voltou.
E chegou ao fim do segundo mandato com uma aprovação popular comparável à do Lula.
Com a Monica Lewinsky e tudo.
Cometeu um pecado capital, porém.
Seduzido pelos banqueiros de Wall Street, especialmente por seu futuro Ministro do Tesouro, Robert Rubin, do Goldman Sachs e Citibank, Clinton revogou, em 1999, a lei Glass-Steagall, que Franklin Roosevelt, o grande Democrata, aprovou em 1933, quando Wall Street era um monte de cinzas.
Roosevelt aprovou a lei exatamente para evitar a misturança entre banco comercial – onde os depósitos são garantidos pelo Tesouro e pela Lei – e os bancos de investimento onde prevalece a lei da selva.
O apoio ideológico foi Alan Greenspan, o Maestro do Banco Central, quem deu: o bom senso e o sentido de autopreservação impediriam os bancos de cometer excessos.
Sim, sem dúvida.
O banco Lehman Brothers quebrou onze anos depois e o mundo mergulhou na profunda recessão que nos persegue até hoje.
Os bancos de investimento e seus filhotes inventaram a indústria dos “derivativos”, que o homem mais rico do mundo, Warren Buffett jamais conseguiu saber como funciona.
Clinton disse que foi “mal assessorado”.
E, no discurso de Quarta-Feira, tocou levemente no apoio que passou a dar a Obama para tentar restaurar, ainda que em parte, a lei de Roosevelt.
É o que disse um editorialista do New York Times, jornal que fez o Presidente Clinton comer o pão que o Diabo amassou.
Obama não leu o discurso antes.
Ninguém leu.
Clinton desancou a Direita conservadora do candidato da Direita, Mitt Romney.
Pegou ponto-por-ponto da “plataforma” conservadora e estraçalhou ponto-por-ponto.
Falou mais de uma hora.
Ele não para de falar.
Além de excelente orador, Clinton é um dos poucos políticos que consegue tratar de economia e de números como se tratasse da tabela do campeonato de futebol.
Todo mundo entende.
Clinton mostrou que na “política econômica” da Direita americana os números não batem.
E, diversas vezes, falou da “aritmética” reacionária.
Como diz o New York Times, tornou-se o único político americano a arrancar aplausos ao falar a palavra “aritmética”.
Seria fácil dizer que os republicanos cortam impostos dos ricos e cortam serviços dos pobres.
O problema é provar, com a aritmética.
E foi o que ele fez.
E também procurou se contrapor ao ódio de classe e ideológico que, hoje, sustenta o Partido da Direita, o republicano.
Mostrou que Obama nomeou ministros do grupo adversário – como o Ministro da Defesa – e até adversários no próprio Partido Democrata, como o vice-presidente Joe Biden e a mulher, Hillary Clinton.
Elogiou presidentes republicanos, como Eisenhower, e disse que, quando governador, trabalhou harmonicamente com o presidente Reagan.
E desancou a política econômica “de classe”, que tem o objetivo de multiplicar os instrumentos de “deixar o mercado fazer o serviço”: “double down the trickle down”.
Fazer junto é melhor do que cada um por si – disse num tom assim, meio lulista.
Clinton está na centro-esquerda do espectro político americano.
Em nome da governabilidade – e da carreira – ele saiu, com a mulher, da esquerda e se instalou na centro-esquerda.
Chegou à Direita, mas voltou.
E chegou ao fim do segundo mandato com uma aprovação popular comparável à do Lula.
Com a Monica Lewinsky e tudo.
Cometeu um pecado capital, porém.
Seduzido pelos banqueiros de Wall Street, especialmente por seu futuro Ministro do Tesouro, Robert Rubin, do Goldman Sachs e Citibank, Clinton revogou, em 1999, a lei Glass-Steagall, que Franklin Roosevelt, o grande Democrata, aprovou em 1933, quando Wall Street era um monte de cinzas.
Roosevelt aprovou a lei exatamente para evitar a misturança entre banco comercial – onde os depósitos são garantidos pelo Tesouro e pela Lei – e os bancos de investimento onde prevalece a lei da selva.
O apoio ideológico foi Alan Greenspan, o Maestro do Banco Central, quem deu: o bom senso e o sentido de autopreservação impediriam os bancos de cometer excessos.
Sim, sem dúvida.
O banco Lehman Brothers quebrou onze anos depois e o mundo mergulhou na profunda recessão que nos persegue até hoje.
Os bancos de investimento e seus filhotes inventaram a indústria dos “derivativos”, que o homem mais rico do mundo, Warren Buffett jamais conseguiu saber como funciona.
Clinton disse que foi “mal assessorado”.
E, no discurso de Quarta-Feira, tocou levemente no apoio que passou a dar a Obama para tentar restaurar, ainda que em parte, a lei de Roosevelt.
Navalha
O Farol de Alexandria se gaba de ser amigão de Clinton.
Talvez seja.
Embora, Clinton não o cite nas “Memórias” de mil páginas.
Embora Clinton o tenha reduzido a um conjunto vazio, numa reunião pública de chefes de Estado, num vídeo memorável.
Mostrou que a política econômica do FHC não ia a lugar nenhum.
E FHC calou-se subservientemente.
E uma diferença entre a água e o vinho.
Clinton tem lado – nos Estados Unidos.
Ele está ao lado dos pobres.
FHC se veste de liberal quando atravessa o Equador em direção ao Norte, mas, aqui, onde a data nacional é uma palhaçada, ele preferiu se instalar na Direita, com recaídas, na Extrema Direita.
A relação entre Clinton e FHC está inscrita na História do Brasil.
É a relação de dependência.
Metrópole x Colônia.
Mestre x Escravo.
Clinton empurrou US$ 40 bilhões pela goela abaixo do FMI.
Segurou a cotação do Real e garantiu a re-eleição de Fernando Henrique, em 1998.
O PiG americano (*) detesta Clinton.
Tratou- como um devasso, corrupto, com cheiro de socialista.
O PiG brasileiro considera “cheiroso” o time do Fernando Henrique.
Sem o PiG, Fernando Henrique não passava de Resende.
E, além do mais.
Fernando Henrique fala em público tão mal quanto escreve.
Clinton é um orador brilhante.
Diabólico.
Ensinou o caminho das pedras a Obama.
Pela esquerda, na pista do Centro.
Como Lula.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Conversa Afiada
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