3 de fevereiro de 2015 | 23:06 Autor: Fernando Brito
A frase do folclórico “técnico” de futebol dos anos 50 no Rio, Neném Prancha, é bom conselho para a Presidenta Dilma:
-“Arrecua os arfe pra evitar a catastre!”
Há alguma – mais provavelmente “algumas várias” – coisa errada no núcleo governante que se formou em torno de Dilma ou, melhor dizendo, que foi por ela formado.
A primeira, com certeza, é a que este governo tem uma missão político-eleitoral que não vai surgir apenas a um ano ou menos meses das eleições: dar condições a que Lula seja eleito em 2018 e consolide a transição histórica do modelo de desenvolvimento brasileiro.
E, por isso, embora a legitimidade de Dilma seja plena para administrar, com campo político não é, porque é indispensável que Lula seja seu parceiro nas articulações políticas que o levem – e ao povo trabalhador brasileiro -à vitória eleitoral.
Se, como é óbvio, Dilma não tem – nem poderia ter, já reeleita – um projeto pessoal de poder para além o segundo mandato, nem há qualquer sinal de que queira articular uma força político-partidária própria é preciso esta total articulação e, por uma questão ética, é preciso que dela parta a iniciativa, porque é canhestro para Lula insistir, mais do que até certo ponto, nesta partilha.
O segundo problema para Dilma é o que ela fala, mais ainda o que não fala e ainda mais o que falam os que “falam por ela”.
A decisão de trocar Graça Foster por um novo presidente da Petrobras, por exemplo, era inevitável. Mas ter sido vazada – e, na prática, consumada – sem que o novo nome estivesse escolhido, constituiu-se num desastre.
Mesmo que o novo nome já esteja definido – e algo me diz que está – imaginem a “festa” que se vai montar nas redes de cumplicidades internas da empresa (ou Paulo Roberto Costa agiu sozinho?) e a paralisia que isso imporá à direção da empresa. Como negociar, mandar, decidir, agir, contratar?
E quem foi o “agente” do vazamento? Tudo aponta, claro, para Aloizio Mercadante, que sofre de uma síndrome semelhante à de José Serra, de achar-se simplesmente o máximo, com a desvantagem de não vencer eleição nem em São Paulo, no maná dos céus de 2010.
Não foi a primeira vez que a Presidente fica na constrangedora situação de confirmar o que a imprensa – e não ela – diz e, pior, na de “estar à procura” de quem aceite o “abacaxi” – como se fora um abacaxi presidir uma empresa imensa e capaz como a Petrobras – e concorde com seu convite.
Situação semelhante se passou com a eleição de presidente da Câmara. Se era, como se mostrou ser, impossível compor com o PMDB mesmo com a entrega de ministérios ao partido, por que fazê-lo?
Ou, se era, porque isso não surtiu efeito, uma vez que a votação de Eduardo Cunha não deixa dúvidas que o PMDB votou fechado com ele?
Na política, acordos são necessários, mesmo aqueles mais desagradáveis.
Desde que sejam cumpridos.
A nossa Presidenta está se cercando de gente incapaz, o que pode ser agradável para quem quer pontificar, mas é muito ruim para quem quer vencer.
Fez hoje sua primeira aparição em ambiente aberto, público. Escolheu o Nordeste, o lugar onde teve uma apoio avassalador? Não, o Mato Grosso do Sul, estado conservador, onde perdeu e o PSDB venceu, para governador e presidente.
Claro que a Presidente da República tem de andar o país inteiro e não deve se esconder. Mas porque produzir uma imagem de protestos e gritos de “impeachment”, mesmo que de duas dúzias de manifestantes, quando podia produzir cenas de carinho e solidariedade?
Dilma precisa ouvir e conversar com gente que goste e saiba a política e goste do povo.
Mas, para isso, deve recuar os “arfe” da arrogência e começar chamando para o meio campo o maior craque que tem na política e quem, um dia, a tomou pela mão e a levou aonde está.
Porque a “catastre” não é para ela, é para o povo brasileiro e seus sonhos de transformar, sem retorno possível, este país.
A frase do folclórico “técnico” de futebol dos anos 50 no Rio, Neném Prancha, é bom conselho para a Presidenta Dilma:
-“Arrecua os arfe pra evitar a catastre!”
Há alguma – mais provavelmente “algumas várias” – coisa errada no núcleo governante que se formou em torno de Dilma ou, melhor dizendo, que foi por ela formado.
A primeira, com certeza, é a que este governo tem uma missão político-eleitoral que não vai surgir apenas a um ano ou menos meses das eleições: dar condições a que Lula seja eleito em 2018 e consolide a transição histórica do modelo de desenvolvimento brasileiro.
E, por isso, embora a legitimidade de Dilma seja plena para administrar, com campo político não é, porque é indispensável que Lula seja seu parceiro nas articulações políticas que o levem – e ao povo trabalhador brasileiro -à vitória eleitoral.
Se, como é óbvio, Dilma não tem – nem poderia ter, já reeleita – um projeto pessoal de poder para além o segundo mandato, nem há qualquer sinal de que queira articular uma força político-partidária própria é preciso esta total articulação e, por uma questão ética, é preciso que dela parta a iniciativa, porque é canhestro para Lula insistir, mais do que até certo ponto, nesta partilha.
O segundo problema para Dilma é o que ela fala, mais ainda o que não fala e ainda mais o que falam os que “falam por ela”.
A decisão de trocar Graça Foster por um novo presidente da Petrobras, por exemplo, era inevitável. Mas ter sido vazada – e, na prática, consumada – sem que o novo nome estivesse escolhido, constituiu-se num desastre.
Mesmo que o novo nome já esteja definido – e algo me diz que está – imaginem a “festa” que se vai montar nas redes de cumplicidades internas da empresa (ou Paulo Roberto Costa agiu sozinho?) e a paralisia que isso imporá à direção da empresa. Como negociar, mandar, decidir, agir, contratar?
E quem foi o “agente” do vazamento? Tudo aponta, claro, para Aloizio Mercadante, que sofre de uma síndrome semelhante à de José Serra, de achar-se simplesmente o máximo, com a desvantagem de não vencer eleição nem em São Paulo, no maná dos céus de 2010.
Não foi a primeira vez que a Presidente fica na constrangedora situação de confirmar o que a imprensa – e não ela – diz e, pior, na de “estar à procura” de quem aceite o “abacaxi” – como se fora um abacaxi presidir uma empresa imensa e capaz como a Petrobras – e concorde com seu convite.
Situação semelhante se passou com a eleição de presidente da Câmara. Se era, como se mostrou ser, impossível compor com o PMDB mesmo com a entrega de ministérios ao partido, por que fazê-lo?
Ou, se era, porque isso não surtiu efeito, uma vez que a votação de Eduardo Cunha não deixa dúvidas que o PMDB votou fechado com ele?
Na política, acordos são necessários, mesmo aqueles mais desagradáveis.
Desde que sejam cumpridos.
A nossa Presidenta está se cercando de gente incapaz, o que pode ser agradável para quem quer pontificar, mas é muito ruim para quem quer vencer.
Fez hoje sua primeira aparição em ambiente aberto, público. Escolheu o Nordeste, o lugar onde teve uma apoio avassalador? Não, o Mato Grosso do Sul, estado conservador, onde perdeu e o PSDB venceu, para governador e presidente.
Claro que a Presidente da República tem de andar o país inteiro e não deve se esconder. Mas porque produzir uma imagem de protestos e gritos de “impeachment”, mesmo que de duas dúzias de manifestantes, quando podia produzir cenas de carinho e solidariedade?
Dilma precisa ouvir e conversar com gente que goste e saiba a política e goste do povo.
Mas, para isso, deve recuar os “arfe” da arrogência e começar chamando para o meio campo o maior craque que tem na política e quem, um dia, a tomou pela mão e a levou aonde está.
Porque a “catastre” não é para ela, é para o povo brasileiro e seus sonhos de transformar, sem retorno possível, este país.
Tijolaço
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