Postado em 02 ago 2015
por : Paulo Nogueira
Estrela do jornalismo patronal
De uma coisa Merval Pereira, apaniguado dos Marinhos, não pode ser acusado: coerência.
No infame episódio do Atentado da Bolinha de Papel, ele publicou imediatamente um artigo em que chamava a atenção para a gravidade do episódio.
A bolinha de papel, no texto de Merval, era um “artefato”.
Isso foi na campanha de 2010. Serra, no desespero por estar atrás nas pesquisas, levou uma bolinha de papel na cabeça e tentou transformar o episódio num atentado.
A mídia amiga ajudou-o na farsa, e Merval deu sua contribuição milionária.
Vejamos agora como Merval enxerga o atentado contra o Instituto Lula.
Não é nada, é claro.
“O buraquinho na porta de metal da garagem do prédio é tão ridículo que, se não soubéssemos que foi provocado por uma bomba, poderíamos achar que um motorista desastrado causou a mossa ao realizar uma manobra de marcha à ré.”
É um trecho do artigo deste domingo de Merval no Globo.
Viralizou, na internet, como símbolo de um tipo de jornalismo vergonhoso, patronal e canalha.
A indignação com Merval não se restringe a petistas. Qualquer pessoa com algum discernimento – me incluo aí – tem vontade de vomitar lendo Merval, ainda mais se confrontar a bolinha de papel de 2010 com a bomba de 2015.
Que marcas o “artefato” deixou em Serra? Chegou a ser engraçado ver Serra, depois de alguns minutos andando normalmente em seguida ao “atentado”, simular dor e levar mãos à cabeça.
A simulação veio depois de um telefonema. A hipótese mais provável é que a turma de marketing de Serra recomendou-lhe a farsa.
A mídia amplificaria o episódio e, se colasse, colou.
Merval fez sua parte. A TV Globo também. Um perito amigo chegou a ser convocado pela Globo para comprovarque era um “artefato”.
E sejamos justos. Se era um “buraquinho” na porta do instituto, na cabeça de Serra não era rigorosamente nada.
Não havia marca nenhuma. E em alguém desprovido de cabelos como Serra, não é preciso muita coisa para deixar alguma impressão.
A opinião de Merval não seria um grande problema não fossem duas coisas.
Primeiro, ela reflete a opinião dos Marinhos. Você quer saber o que os Marinhos pensam a respeito de qualquer assunto? É só ler Merval.
Participei por dois anos e meio do Conselho Editorial da Globo, e nas reuniões semanais me impressionava ver Merval e Ali Kamel duelarem pelo posto de quem concordava mais como João Roberto Marinho.
Segundo, a voz de Merval se espalha por diversas mídias, beneficiada pela falta de uma legislação que regule a imprensa e impeça monopólio, concentração e concorrência desleal.
Merval – e os Marinhos através dele – tem à disposição jornal, rádio, tevê aberta, tevê fechada e internet.
Merval espalhou por todas essas mídias suas considerações sobre a gravidade do “artefato” contra Serra.
E agora ele faz o mesmo para reduzir a nada o artefato de verdade.
A internet vai acabar com a Globo como a conhecemos, felizmente. Já está acabando, aliás, como se vê nos índices de audiência da tevê.
Mas o ritmo do declínio certamente será mais rápido por causa da conduta repulsiva da Globo, tão bem representada por Merval agora, em 2010 – e sempre.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Diário do Centro do Mundo
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