"Escravos! Escravos!" Com agressões verbais e
muitas vaias, médicos cearenses fizeram um verdadeiro corredor polonês
contra profissionais cubanos; assista ao vídeo, feito ontem à noite;
hostilidades chegaram às raias do preconceito racial; regras de
civilidade e mínima cordialidade foram quebradas; presidente do
Sindicato dos Médicos do Ceará (Simce), José Maria Pontes disse que
"cubanos não podem operar porque não sabem. E eles podem fazer um
estrago muito grande no Brasil"; frente a esse comportamento selvagem, o
que fizeram os Conselhos Federal, presidido por Roberto D´Ávila, e
Regional de Medicina? Nada
247 – Quando o governo federal anunciou o
Programa Mais Médicos, no início de julho, e a vinda de quatro mil
médicos cubanos para trabalhar no Brasil, na semana passada, o Conselho
Federal de Medicina foi um dos primeiros a reagir formalmente. A
respeito do convênio assinado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
com a OPAS (Organização Panamericana de Saúde), o presidente do CFM,
Roberto D´Ávila, assinou uma nota chamando o projeto de "eleitoreiro".
Nesta segunda-feira, uma cena desprezível aconteceu em Fortaleza,
onde 96 médicos, sendo 79 cubanos, desembarcaram para iniciar um curso
de formação de três semanas antes de começarem seus trabalhos no Brasil.
Cerca de 50 médicos brasileiros, que os esperavam do lado de fora,
gritaram "escravos", xingaram e humilharam os médicos estrangeiros, que
foram obrigado a passar pelo meio de um verdadeiro corredor polonês (assista vídeo abaixo).
O comportamento selvagem dos médicos brasileiros foi praticado contra
pessoas que nunca os desrespeitaram. Pelo contrário, vieram atender à
população que tem pouco – ou nenhum – acesso à saúde e trabalhar em 701
cidades do País onde nenhum profissional brasileiro quis ir. Sobre essa
atitude da classe médica, que demonstrou preconceito aos colegas
estrangeiros, o CFM curiosamente não se pronunciou. Assim como não o fez
o CREMEC, Conselho Regional do Ceará, onde ocorreu o episódio. A
assessoria de imprensa do Conselho Federal informou ao
247 que não há
previsão de nenhum posicionamento oficial sobre o caso.
Na última semana, D´Ávila também classificou de "irresponsabilidade" a
contratação de profissionais sem que fossem comprovadas suas
habilidades técnicas. Acontece que, depois de participarem do curso
preparatório no Brasil, de língua portuguesa e sobre o sistema de saúde
pública brasileiro, os médicos podem ser reprovados e correm o risco de
voltarem ao seus países. O presidente do Conselho Federal de Medicina,
porém, não se retificou da crítica sem fundamento, após essa nova
informação.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simce), José
Maria Pontes, a Federação Nacional dos Médicos, que representa 53
sindicatos da categoria, pretende entrar hoje com uma Ação Direta de
Institucionalidade (Adin) no STF contra o programa Mais Médicos. Ele
disse que os conselhos regionais não darão o registro para os cubanos.
"Isso é uma palhaçada. Temos médicos brasileiros excelentes. O que não
presta é a saúde pública brasileira", criticou. Para Pontes, os "cubanos
não podem operar porque não sabem. E eles podem fazer um estrago muito
grande no Brasil. Isso é um crime", disse.
Brasil 247
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