Paulo Nogueira
Essencialmente, que as eleições de 2014 estão definidas.
Essencialmente, que as eleições de 2014 estão definidas.
Os 38% de aprovação de Dilma na pesquisa do Ibope – 7 pontos a mais
que uma feita no calor dos protestos de junho – indicam, essencialmente,
uma coisa.
2014 está virtualmente definido.
Salvo o que seria uma das maiores surpresas da história eleitoral brasileira, Dilma terá seu segundo mandato.
A recuperação previsível da popularidade de Dilma ajuda a entender melhor as manifestações.
A oposição gostaria que o foco dos protestos tivesse sido a “corrupção”. Se fosse assim, a disputa estaria aberta.
Destaca-se, neste sonho forçado, a entrevista nas páginas amarelas
que a Veja deu com um troglodita de direita que a revista alçou à
condição falsa de “voz que emerge das ruas”.
Mas não foi isso.
Os protestos, como afirmaram categoricamente seus reais inspiradores,
os jovens do Passe Livre, estavam pedindo mais ação social, mais
inclusão, menos desigualdade. E menos alianças espúrias com caciques
como Maluf ou os ruralistas.
As manifestações foram um chacoalhão no PT, sem dúvida. Mas um chacoalhão vindo da esquerda, e não da direita.
Líderes petistas como Lula e Dilma parecem ter compreendido a mensagem.
Dez anos de PT e o que se tem é o conhecido copo pela metade, em
termos de avanços sociais. O país se tornou menos iníquo com programas
como o Bolsa Família, mas a velocidade das reformas tem sido frustrante
exatamente por conta dos compromissos com políticos conservadores.
Se você firma uma aliança de ocasião com a bancada ruralista, para ficar apenas num exemplo, pobres índios.
Daí a emergência de uma reforma política que tire os freios que
atrasam a transformação do Brasil numa – sonhar não custa nada –
Escandinávia.
Dilma pode se tornar uma grande presidenta em seu segundo mandato.
Mas para isso ela vai ter, como em sua moto, pisar no acelerador das
reformas que coloquem o Brasil num lugar honroso entre os países
socialmente justos.
Os brasileiros mostraram estar fartos de tanta acomodação, tanta
conciliação com quem levou o país à condição de campeão mundial da
desigualdade social.
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