Se os réus da Ação Penal 470 "entrarem em cana
este ano", na expressão do colunista Carlos Alberto Sardenberg, ele paga
um vinho "bom" no jantar de comemoração marcado com Merval Pereira; se
"prenderem só os bagrinhos e não os bagrões", quem banca o vinho é o
imortal; prêmio pelas sentenças a José Dirceu, Delúbio Soares, José
Genoíno, João Paulo Cunha e Marcos Valério pode ser um Chateneuf Du
Pape, um Bartolo Mascarelo ou um Pinot Noir da Borgonha; tudo chic para
brindar à prisão dos petistas; quanto equilíbrio!; palpites sobre qual o
vinho mais adequado à ocasião de festa estão abertos na rádio CBN, onde
ambos antecipam desfecho do julgamento do STF às gargalhadas; você
participaria desse escárnio?
247 –
Normalmente carrancudo, o colunista Merval Pereira pode ser ouvido às
gargalhadas na rádio CBN onde, a exemplo de que faz no jornal O Globo,
também dos três irmãos Marinho, dita os parâmetros do julgamento da Ação
Penal 470 no STF.
Agora, seu divertimento sobre o
destino dos réus do processo será regado a um vinho "bom". É isso que
ele apostou contra seu colega colunista Carlos Alberto Sardenberg,
âncora da rádio e, também, comentarista econômico do Jornal da Globo.
A aposta é assim: "Se os mensaleiros
foram em cana até o final do ano, nós jantamos juntos e você paga um
vinho bom. Mas se eles forem presos só depois, quem paga sou eu", disse
Sardenberg, igualmente rindo-se.
Até o colunista de vinhos da CBN,
Jorge Lucki, foi convidado para participar do escárnio. Ele sugeriu três
rótulos – Bartolo Mascarelo, Chateneuf Du Pape e um Pinot Noir da
Borgonha. Os ouvintes podem opinar sobre qual garrafa será aberta por
meio de uma enquete aberta.
Com o vinho "bom" na jogada,
consuma-se mais um movimento de Merval para pautar os juízes do STF.
Imortal da ABL, ele se torna, nessas horas de ação, o 12º juiz da
suprema corte brasileira, recitando saber jurídico e dando suas próprias
sentenças. Com acesso privilegiado a alguns magistrados amigos – ele
escreveu, por exemplo, o prefácio do livro do ex-presidente Carlos Ayres
Britto, que iniciou o julgamento -, Merval vê embargos declaratórios e
infringentes como enrolação de advogados e, caso estes últimos sejam
aceitos, acredita que "aí pode demorar de um a dois anos para terminar".
Ainda assim tomaria o vinho "bom", porém duplamente a contra-gosto:
porque José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, João Paulo Cunha e
Marcos Valério ainda não terão sido presos, e porque ele pagará a
garrafa.
Não é, obviamente, o que deseja. Na
qualidade de um dos propagadores da teoria do domínio do fato, aquela
pela qual está-se condenado réus mesmo sem provas factuais, ausentes na
maior parte do processo, Merval quer cadeia já para todos, especialmente
"os mais importantes". Ou, no dizer de Sardemberg: "Se só pegarem os
bagrinhos este ano, eu ganho. Mas se pegarem os bagrões ainda este ano,
eu pago para você".
Se isso é brinde que se faça, está mesmo pronto para ser feito. E às favas com o equilíbrio!
Brasil 247
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