O lamentável caso da ajuda brasileira ao fugitivo boliviano Roger Pinto Molina.
Imagine se a diplomacia equatoriana desse um jeito de tirar Julian Assange da embaixada de
Londres e levá-lo a Quito.
É, simplesmente, inimaginável.
Pois foi o que o Brasil fez com a Bolívia. Com a ajuda de um
diplomata brasileiro, um fugitivo boliviano que estava refugiado na
embaixada nacional em La Paz foi trazido para o Brasil.
O governo de Evo Morales ficou, com toda razão, ofendido.
O fugitivo, o senador Roger Pinto Molina, é o clássico predador de
direita sulamericano. Ele é suspeito de envolvimento num massacre em que
foram mortos 19 índios. Também é acusado de traficar drogas e acumular
uma fortuna com propinas.
Molina é, em suma, o anti-Assange, já que falamos do fundador do Wikileaks.
A iniquidade social abjeta da Bolívia, contra a qual Morales vem
bravamente se batendo, se deve a figuras como Molina. Os Molinas
espalhados pela América do Sul construíram uma região campeã mundial de
desigualdade social. Para que eles erguessem seus palacetes milhões de
pessoas foram arremessadas a favelas em todos os países sulamericanos.
Dilma, aparentemente, foi apanhada de surpresa pela chegada de Molina
ao Brasil. Na biografia de Molina não existe nada que possa causar boa
impressão em alguém com a visão política de Dilma.
Também é presumível que o chanceler Antonio Patriota nada soubesse.
Ele com certeza trataria de um assunto tão importante como esse com
Dilma. Evo Morales é caro a ela.
A hipótese mais provável é que tenha sido um ato isolado da
diplomacia brasileira em La Paz.
A responsabilidade tinha que recair
mesmo sobre Patriota.
Dilma se livrou rapidamente de Patriota, que vai para a ONU. Foi uma espécie de pedido de desculpa ao governo boliviano.
Mas é pouco, muito pouco, diante da espetacular bofetada que foi a
transferência para o solo brasileiro de um homem sobre o qual pesam
acusações terríveis.
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