Colunista da Veja reforça discurso do ex-governador tucano, que pediu
“igualdade de condições” para disputar prévias do PSDB para a
Presidência de 2014. Para Reinaldo, já não houve igualdade por exemplo,
no horário político do partido, monopolizado pelo mineiro, que é também
presidente da legenda. Ele diz ainda que resultados do Datafolha não
foram mais favoráveis ao ex-governador porque os cenários em que aparece
compara ‘laranja com banana’, em referência ao presidente do STF,
Joaquim Barbosa; alguma surpresa com o alistamento?
22 de agosto de 2013
247 – José Serra assume sua intenção de brigar
com Aécio Neves pela indicação do PSDB à Presidência em 2014. E de
quebra, já ganha o apoio de Reinaldo Azevedo da Veja – o que não
surpreende ninguém. Em post,
colunista reforça discurso do ex-governador de que, até agora, não
houve igualdade entre ele e o senador mineiro na disputa interna do
partido. Leia:
José Serra entra na disputa presidencial
Leiam o que informa Ranier Bragon, na Folha. Volto depois:
Um dia depois de o presidenciável tucano Aécio Neves (MG) dizer que
aceita realizar prévias para escolher o candidato do partido à
Presidência da República, o ex-governador José Serra (SP), seu rival
interno na disputa pela indicação, disse nesta quarta-feira (21) que só
aceita participar após saber as condições que serão propostas, entre
elas, a garantia de “igualdade de condições”. Frisando por mais de uma
vez que Aécio falou na condição de candidato e de presidente nacional do
PSDB, Serra enumerou o que pretende saber antes de anunciar sua
decisão: igualdade de condições na disputa, abrangência da consulta
(quem votará na prévia) e prazos para sua realização.
“Ele [Aécio] é candidato, mas falou na condição de presidente do
partido. Então seria interessante saber quais são as condições dessa
prévia, a abrangência, os prazos e as condições de competitividade, que
evidentemente deveriam ser iguais para todos”, afirmou Serra, que
participou de uma reunião para falar sobre saúde (ele foi ministro da
área no governo FHC) na liderança do PSDB no Senado. Presente ao
Congresso no mesmo momento, Aécio entrou na sala, onde permaneceu por
poucos minutos, saindo em seguida sem dar declarações à imprensa.
Segundo senadores, os dois se cumprimentaram rapidamente e não falaram
sobre prévias. Aécio argumentou que não participaria da reunião porque
tinha outros compromissos.
“Uma vez esclarecidos esses pontos [as condições que enumerou],
alguns poderão tomar a decisão de participar ou não. Eu próprio, é
possível que seja candidato a presidente, de acordo com as regras
propostas, então é preciso conhecer essas regras”, afirmou Serra, que
deu entrevista na saída do encontro. Ao anunciar que aceita disputar
prévias no PSDB, Aécio tinha o objetivo de derrubar uma eventual
justificativa de Serra para deixar o PSDB e disputar o Planalto por
outra legenda, o que ele vem cogitando há alguns meses. A entrada de
Serra na disputa ao Planalto é vista pelos aliados de Aécio como
prejudicial às pretensões do senador mineiro.
A colocação de condições pelo ex-governador para participar das
prévias é o contra-ataque à essa articulação, Isso porque Serra ganha de
novo o poder de argumentar, caso deixe mesmo a legenda, que as
condições propostas não permitiram a igualdade de condições na disputa
interna.
(…)
Voltei
Parece evidente que Serra anunciou que vai participar da sucessão: como pré-candidato do PSDB, disputando uma prévia com o senador Aécio Neves (MG) se houver as condições de igualdade. E se não houver? Bem, ele ainda tem caminhos — e não é segredo para ninguém que deixar o partido é uma possibilidade.
Parece evidente que Serra anunciou que vai participar da sucessão: como pré-candidato do PSDB, disputando uma prévia com o senador Aécio Neves (MG) se houver as condições de igualdade. E se não houver? Bem, ele ainda tem caminhos — e não é segredo para ninguém que deixar o partido é uma possibilidade.
Política, às vezes, é como um jogo de xadrez. Aécio disse que
aceitava as prévias, o que equivaleu a um xeque. Serra percebeu que
podia sair da linha de ataque, obrigando o outro a atuar na defesa: ele
aceita, mas quer saber se haverá igualdade na disputa. Não houve, por
exemplo, no horário político do partido, monopolizado pelo mineiro, que é
também presidente da legenda.
Mas o paulista tem chances? O Datafolha incluiu o nome de Serra no
seu último levantamento. O ex-governador de São Paulo apareça sempre
numericamente à frente do rival interno, mas é errado comparar o
desempenho de ambos. A razão é simples. No CENÁRIO 1, há estes números:
Dilma – vai de 30% para 35%
Marina – vai de 23% para 26%
Aécio – cai de 17% para 13%
Campos – vai de 7% para 8%
Marina – vai de 23% para 26%
Aécio – cai de 17% para 13%
Campos – vai de 7% para 8%
O Datafolha, por alguma razão misteriosa, não testou este mesmo
cenário, mas com o nome de Serra no lugar do de Aécio. Não há
explicação. Se há, o instituto não forneceu. O tucano paulista aparece,
sim, na pesquisa, mas nestas situações:
CENÁRIO 5
Dilma – 32%
Marina – 23%
Serra – 14%
Aécio – 10%
Campos – 6%
Dilma – 32%
Marina – 23%
Serra – 14%
Aécio – 10%
Campos – 6%
Note-se: na hipótese de só Aécio ser candidato (CENÁRIO 1), ele obtém
apenas 13%. Se os dois concorrerem com Dilma, Serra fica com 14%, e o
mineiro, com 10%. Alguém diria: “Os dois juntos poderiam ter 24%”. Pois
é: o CENÁRIO 1, por enquanto, desmente a tese. A hipótese foi testada,
e, em vez de 24%, Aécio ficou com 13%. Como seria se o paulista
estivesse no lugar do mineiro? O Datafolha não quis que a gente
soubesse.
Olhem o CENÁRIO 6:
Dilma – 32%
Marina – 21%
Serra – 15%
Joaquim Barbosa – 11%
Campos – 5%
Dilma – 32%
Marina – 21%
Serra – 15%
Joaquim Barbosa – 11%
Campos – 5%
Serra aparece, sim, como o candidato tucano, só que Joaquim Barbosa,
que não vai disputar, está na lista. Não se pode comparar esse CENÁRIO 6
com o CENÁRIO 1. Assim, a informação de que Serra aparece apenas dois
pontos à frente de Aécio é falsa porque compara laranja com banana.
Situação ruim
Por enquanto, a situação eleitoral do PSDB é
bastante ruim. A única força política que soube capitalizar os protestos
de rua foi Marina Silva. Convenham: era de esperar que a oposição
estivesse mais robusta, já que o prestígio do governo federal despencou.
Mas não aconteceu.
Decisões erradas cobram seu preço. Foi um erro fazer de Aécio o
presidente do partido, na aposta de que seria um instrumento para
alavancar o seu nome. Presidentes têm de defender suas respectivas
legendas quando estão sob ataque, por exemplo. Os conselheiros do
senador mineiro certamente o instruíram, por exemplo, a ficar longe do
caso Siemens. Cabeça de marqueteiro é aborrecidamente convencional: “Não
associe seu nome a notícia negativa”. Pois é. O partido apanha, numa
tramoia política como não se vê há muito tempo, e ninguém o defende.
Vejam o que faz, por exemplo, Rui Falcão quando o PT não aparece bem no
noticiário.
Não estou acusando inépcia de Aécio, não! Só estou apontando a aposta
errada de seus estrategistas, revelada, até agora, pelos números e pelo
relativo sumiço do noticiário. Caso haja mesmo uma disputa de prévias
com Serra, talvez a coisa fique mais animada. É bom a tucanada despertar
para a realidade. O Brasil não está melhorando. Em muitos aspectos,
piora. Mas o governo exibe alguns sinais de recuperação. Parece, que
politicamente, já está saindo do fundo do poço. No pior momento do
governo Dilma, o PSDB não conseguiu nem mesmo disputar o segundo lugar
nas pesquisas.
E isso não é opinião, é fato! Uma disputa interna, para valer e com
lealdade, longe de ser ser um problema, poderia até ser uma solução. Mas
aí é preciso pensar com a cabeça, não com o fígado dos torcedores.
Brasil 247
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