Por Rafael Wuthrich
Segue comentário feito no blog do Paulo Nogueira a respeito do post dele, que copio em seguida.
"Olá, Paulo. Conheci seu blog graças a jornalistas como o Azenha e o Luis Nassif. Excelente leitura diária, parabéns.
Feito o elogio, lhe digo que me entristece muito esse tipo de postura
jornalística (?) do Sr. Reinaldo. Desde os eventos narrados pelo Luis
Nassif quando de sua série "O Caso de Veja", que frequentei - por
curiosidade - os comentários e posts do referido blogueiro. E me
espantei enormemente com a postura agressiva e a ditadura em seu espaço.
No primeiro caso, tão bem exemplificado por você, fica claro que não
há uma postura sequer digna do referido. Ora, se achincalha a quem quer
atacar por conta do português, da formação ou mesmo das idéias. E veja:
em alguns momentos trata-se de falta de educação mesmo, como se
discordar dele fosse algo criminoso, quase uma heresia. Junte-se a isso
os comentários aprovados, cheios do que de pior o brasileiro pode
apresentar (visão egoísta e extremamente limitada do que se trata o
Brasil hoje, ataques e ironias sem fundamento, opiniões preconceituosas
em excesso e defesas injustificadas de personagens no mínimo duvidosos
na política nacional), e temos um verdadeiro "blog de esgoto", nas
palavras do Luis Nassif.
Mas isso não me surpreende. O que me surpreende mesmo é a ditadura do
espaço. No blog dele, um dos mais visitados é verdade, apenas os
comentários aprovados são lidos e aprovados. Ora, para quem defende o
"estado democrático de direito" e acusa o PT e seus simpatizantes de
"petralhas", chega a soar irônico que seu proprietário não aceite
opinião contrária. E o mais incrível é que ele admite a sua visão
unilateral e deixa claro desde a primeira linha que não só não aceita
como não publicará qualquer comentário divergente e quem quiser que
procure outro blog para discutir. Isso é democracia? Não cabe uma
discussão saudável, ainda que aquela pessoa tenha uma visão equivocada
daquilo que se discute? Desde que haja respeito mútuo, em uma revista
tida como defensora da democracia incondicional, isso não deveria ser
qualquer problema. Mas eis que Reinaldo faz questão de vociferar contra
tudo e contra todos aqueles que discordam da visão dele de mundo - em
minha opinião bastante reduzida, por sinal -, e ataca de forma agressiva
todos aqueles que tecem um elogio ao governo, criticam Jose Serra,
denunciam a opinião ou são meros simpatizantes de alguma medida do PT.
Isso sem falar no puro preconceito contra Lula. Isso é democracia?
Cada vez mais tendo a concordar com o Nassif, que diz que ele é a
cara da Veja. Sem tirar nem pôr. É um triste fim para uma revista que,
ainda com tendência neoliberal, sempre se pautou (há muito tempo já não é
assim) pelo bom jornalismo.
Lamentável."
Rafael Wuthrich
Do Diário do Centro do Mundo
Gianca e Titi Civita escolheram ser detestados pelos brasileiros
Por Paulo Nogueira
Ao manter a Veja tal como ela vem sendo nos últimos dez anos, os novos comandantes da Abril fizeram sua opção.
“Bons tempos aqueles em que a CIA resolvia essas questiúnculas de forma radical …”
O comentário de um leitor que assina Andre M. Andrade Jr aparece no blog de Reinaldo Azevedo, na Veja.
O tema do artigo de Azevedo era a detenção do parceiro do jornalista Glen Greenwald em Heathrow.
Previsivelmente, Azevedo apoiou a detenção. Disse que a Scotland Yard
fez o que devia fazer. E arrematou: “Fico tranquilo”. Ah, que bom: a
tranquilidade de Azevedo é realmente uma coisa que faz muita diferença
no conturbado mundo em que vivemos.
O leitor lamentava que a CIA simplesmente não pudesse mais matar
Greenwald, e seu “marido”, como Azevedo definiu. E também Snowden,
Assange etc.
Disse, quando a nova geração de Civitas assumiu a Abril com a morte
do pai, que eles poderiam escolher entre figurar rapidamente na lista
das pessoas mais detestadas do Brasil ou mudar a Veja.
Passados alguns meses, está claro que a opção 1 é a que se
materializará. Lamento, porque Giancarlo, com quem trabalhei, é um bom
cara, e sempre me falaram bem do caráter de Titi, o caçula.
Reinaldo Azevedo escreve coisas repulsivas, e atrai leitores
igualmente repulsivos. São pessoas que representam o que existe de pior
numa sociedade: ignorantes, preconceituosos, homofóbicos, egoístas e
moralmente corrompidos.
Em suma, eles são exatamente como Azevedo. A frase de Pulitzer
segundo a qual uma imprensa canalha cria leitores canalhas se aplica
integralmente a Reinaldo Azevedo.
Considere o texto sobre Greenwald.
O brasileiro David Miranda, por exemplo, é chamado no título de “marido” de Greenwald.
A homofobia é clara e desprezível. Azevedo tenta desqualificar Greenwald por ser homossexual.
Mas pior que isso são as reações que isso desperta nos leitores da Veja. Uma amostra:
1) “Quem diz que os gays são perseguidos no Brasil é a militância gay
e os partidos e movimentos de esquerda. Nenhum, absolutamente, nenhum é
perseguido. É conversa de vigarista.”
2) “Marido?! Por favor, esse termo é reservado a quem é casado com
mulher, esse palhaço é na máximo amásio, ou amásia, do traidor.”
3) “Gostei da ironia da palavra ‘marido’. Vou adotar. Não é a
primeira vez que um brasileiro e seu par são notícia na mídia lá fora.”
4) “Essa confusão toda é pq o cara é gay! Não sei como o Reinaldo
sabe se o cara é ‘MARIDO’ ou ‘MARIDA’. É brincadeira uma coisa dessas.”
5) “Reinaldo, quando li a notícia e falou que o brasileiro era o
marido fiquei na dúvida e voltei para conferir a esposa. Só que a esposa
é também do sexo masculino. Não é engraçado ? O que a polícia britânica
fez faz todo sentido. Quem manda ser marido de jornalista envolvido com
o traidor?”
6) “Marido! Que marido. Casal é e sempre será entre um homem e uma
mulher – entre um macho e uma fêmea. Entre dois machos e/ou duas fêmeas
será sempre PAR e não casal. É igual a um par de botina, sapato, luvas,
etc., mas não um casal.”
7) “Ei Reinaldo, vc sabe se o brasileiro é marido ou esposa? Lol.”
8) “Lamentável que o mundo esteja aceitando e disseminando com tanta
naturalidade o homossexual a ponto de achar que beijo na boca em público
– na frente de crianças – é normal, que não é obsceno. Minha mulher,
lembrando da verdadeira relação marido-mulher, teve vontade vomitar
quando leu esta matéria, disse ela!”
9) “Em tempos de guerra, seriam certamente fuzilados. Aqui no Brasil
eles contam com a simpatia da imprensa por uma questão de
homossexualidade.”
10) “É o Brasil mostrando sua cara! Os nascidos no pais não serão
jamais conhecidos por ganhar um prêmio Nobel, mas sim por serem gays e
por ser amasiados com porta-vozes de terroristas. Viva o Brasil, vivam
os … gays brasileiros!”
Esta, em síntese, a mentalidade do leitor de Reinaldo Azevedo. Note
que ele escolhe minuciosamente os comentários que publica. Opiniões
divergentes são simplesmente censuradas e deletadas.
Sugeri outro dia à nova administração da Abril – o presidente
executivo Fabio Barbosa incluído – que fizesse um teste: mandar com nome
fantasia comentários divergentes e polidos a Azevedo para testar seu
apreço à democracia.
Reinaldo Azevedo atrai o que existe de pior entre os brasileiros.
Contribui poderosamente – não sozinho, é verdade — para que a revista
seja achincalhada nas manifestações em que jovens protestam por um país
menos iníquo.
Contribuirá poderosamente, também, para que Giancarlo e Titi Civita logo estejam entre as pessoas mais abominadas do Brasil.
Blog do Luis Nassif
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