quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Os Civita escolheram ser detestados pelos brasileiros

Por Rafael Wuthrich

Segue comentário feito no blog do Paulo Nogueira a respeito do post dele, que copio em seguida.

"Olá, Paulo. Conheci seu blog graças a jornalistas como o Azenha e o Luis Nassif. Excelente leitura diária, parabéns.

Feito o elogio, lhe digo que me entristece muito esse tipo de postura jornalística (?) do Sr. Reinaldo. Desde os eventos narrados pelo Luis Nassif quando de sua série "O Caso de Veja", que frequentei - por curiosidade - os comentários e posts do referido blogueiro. E me espantei enormemente com a postura agressiva e a ditadura em seu espaço.

No primeiro caso, tão bem exemplificado por você, fica claro que não há uma postura sequer digna do referido. Ora, se achincalha a quem quer atacar por conta do português, da formação ou mesmo das idéias. E veja: em alguns momentos trata-se de falta de educação mesmo, como se discordar dele fosse algo criminoso, quase uma heresia. Junte-se a isso os comentários aprovados, cheios do que de pior o brasileiro pode apresentar (visão egoísta e extremamente limitada do que se trata o Brasil hoje, ataques e ironias sem fundamento, opiniões preconceituosas em excesso e defesas injustificadas de personagens no mínimo duvidosos na política nacional), e temos um verdadeiro "blog de esgoto", nas palavras do Luis Nassif.

Mas isso não me surpreende. O que me surpreende mesmo é a ditadura do espaço. No blog dele, um dos mais visitados é verdade, apenas os comentários aprovados são lidos e aprovados. Ora, para quem defende o "estado democrático de direito" e acusa o PT e seus simpatizantes de "petralhas", chega a soar irônico que seu proprietário não aceite opinião contrária. E o mais incrível é que ele admite a sua visão unilateral e deixa claro desde a primeira linha que não só não aceita como não publicará qualquer comentário divergente e quem quiser que procure outro blog para discutir. Isso é democracia? Não cabe uma discussão saudável, ainda que aquela pessoa tenha uma visão equivocada daquilo que se discute? Desde que haja respeito mútuo, em uma revista tida como defensora da democracia incondicional, isso não deveria ser qualquer problema. Mas eis que Reinaldo faz questão de vociferar contra tudo e contra todos aqueles que discordam da visão dele de mundo - em minha opinião bastante reduzida, por sinal -, e ataca de forma agressiva todos aqueles que tecem um elogio ao governo, criticam Jose Serra, denunciam a opinião ou são meros simpatizantes de alguma medida do PT. Isso sem falar no puro preconceito contra Lula. Isso é democracia?

Cada vez mais tendo a concordar com o Nassif, que diz que ele é a cara da Veja. Sem tirar nem pôr. É um triste fim para uma revista que, ainda com tendência neoliberal, sempre se pautou (há muito tempo já não é assim) pelo bom jornalismo. 
Lamentável."


Rafael Wuthrich
Do Diário do Centro do Mundo

Gianca e Titi Civita escolheram ser detestados pelos brasileiros
Por Paulo Nogueira

Ao manter a Veja tal como ela vem sendo nos últimos dez anos, os novos comandantes da Abril fizeram sua opção.
gianca
Os Civitas

“Bons tempos aqueles em que a CIA resolvia essas questiúnculas de forma radical …”

O comentário de um leitor que assina Andre M. Andrade Jr aparece no blog de Reinaldo Azevedo, na Veja.

O tema do artigo de Azevedo era a detenção do parceiro do jornalista Glen Greenwald em Heathrow.

Previsivelmente, Azevedo apoiou a detenção. Disse que a Scotland Yard fez o que devia fazer. E arrematou: “Fico tranquilo”. Ah, que bom: a tranquilidade de Azevedo é realmente uma coisa que faz muita diferença no conturbado mundo em que vivemos.

O leitor lamentava que a CIA simplesmente não pudesse mais matar Greenwald, e seu “marido”, como Azevedo definiu. E também Snowden, Assange etc.

Disse, quando a nova geração de Civitas assumiu a Abril com a morte do pai, que eles poderiam escolher entre figurar rapidamente na lista das pessoas mais detestadas do Brasil ou mudar a Veja.

Passados alguns meses, está claro que a opção 1 é a que se materializará. Lamento, porque Giancarlo, com quem trabalhei, é um bom cara, e sempre me falaram bem do caráter de Titi, o caçula.

Reinaldo Azevedo escreve coisas repulsivas, e atrai leitores igualmente repulsivos. São pessoas que representam o que existe de pior numa sociedade: ignorantes, preconceituosos, homofóbicos, egoístas e moralmente corrompidos.

Em suma, eles são exatamente como Azevedo. A frase de Pulitzer segundo a qual uma imprensa canalha cria leitores canalhas se aplica integralmente a Reinaldo Azevedo.

Considere o texto sobre Greenwald.

O brasileiro David Miranda, por exemplo, é chamado no título de “marido” de Greenwald.

A homofobia é clara e desprezível. Azevedo tenta desqualificar Greenwald por ser homossexual.

Mas pior que isso são as reações que isso desperta nos leitores da Veja. Uma amostra:

1) “Quem diz que os gays são perseguidos no Brasil é a militância gay e os partidos e movimentos de esquerda. Nenhum, absolutamente, nenhum é perseguido. É conversa de vigarista.”

2)  “Marido?! Por favor, esse termo é reservado a quem é casado com mulher, esse palhaço é na máximo amásio, ou amásia, do traidor.”

3) “Gostei da ironia da palavra ‘marido’. Vou adotar. Não é a primeira vez que um brasileiro e seu par são notícia na mídia lá fora.”

4) “Essa confusão toda é pq o cara é gay! Não sei como o Reinaldo sabe se o cara é ‘MARIDO’ ou ‘MARIDA’. É brincadeira uma coisa dessas.”

5) “Reinaldo, quando li a notícia e falou que o brasileiro era o marido fiquei na dúvida e voltei para conferir a esposa. Só que a esposa é também do sexo masculino. Não é engraçado ? O que a polícia britânica fez faz todo sentido. Quem manda ser marido de jornalista envolvido com o traidor?”

6) “Marido! Que marido. Casal é e sempre será entre um homem e uma mulher – entre um macho e uma fêmea. Entre dois machos e/ou duas fêmeas será sempre PAR e não casal. É igual a um par de botina, sapato, luvas, etc., mas não um casal.”

7) “Ei Reinaldo, vc sabe se o brasileiro é marido ou esposa? Lol.”

8) “Lamentável que o mundo esteja aceitando e disseminando com tanta naturalidade o homossexual a ponto de achar que beijo na boca em público – na frente de crianças – é normal, que não é obsceno. Minha mulher, lembrando da verdadeira relação marido-mulher, teve vontade vomitar quando leu esta matéria, disse ela!”

9) “Em tempos de guerra, seriam certamente fuzilados. Aqui no Brasil eles contam com a simpatia da imprensa por uma questão de homossexualidade.”

10) “É o Brasil mostrando sua cara! Os nascidos no pais não serão jamais conhecidos por ganhar um prêmio Nobel, mas sim por serem gays e por ser amasiados com porta-vozes de terroristas. Viva o Brasil, vivam os … gays brasileiros!”

Esta, em síntese, a mentalidade do leitor de Reinaldo Azevedo. Note que ele escolhe minuciosamente os comentários que publica. Opiniões divergentes são simplesmente censuradas e deletadas.

Sugeri outro dia à nova administração da Abril – o presidente executivo Fabio Barbosa incluído – que fizesse um teste: mandar com nome fantasia comentários divergentes e polidos a Azevedo para testar seu apreço à democracia.

Reinaldo Azevedo atrai o que existe de pior entre os brasileiros. Contribui poderosamente – não sozinho, é verdade — para que a revista seja achincalhada nas manifestações em que jovens protestam por um país menos iníquo.

Contribuirá poderosamente, também, para que Giancarlo e Titi Civita logo estejam entre as pessoas mais abominadas do Brasil.



Blog do Luis Nassif

Nenhum comentário:

Postar um comentário