QUA, 25/05/2016 - 07:49
Jornal GGN - Durante entrevista diária concedida a jornalistas, o porta-voz Mark Toner foi questionado sobre as gravações que tiraram Romero Jucá do ministério do Planejamento, mas só repetiu o discurso de que o governo dos EUA acredita que os "processos democráticos do Brasil são estavéis o bastante para suportar esta crise política".
Um repórter questionou se as gravações reveladas não mudariam a opinião americano sobre o afastamento da presidente Dilma. "Não é hora de considerar que o que aconteceu no Brasil pode ter sido um golpe sem sangue ou um golpe brando?", indagou o jornalista. O mesmo repórter insistiu no tema, questionando "foi mesmo um processo democrático?". Mark Toner se limitou a dizer que "você está falando de mudanças internas do governo brasileiro, eu indicaria que fale com eles sobre esses processos". Leia mais abaixo:
Da Folha
Pressionado a falar sobre as gravações que levaram Romero Jucá a se licenciar do governo, o porta-voz da diplomacia americana não quis entrar no assunto, preferindo repetir o discurso de que os EUA confiam nas instituições brasileiras.
A questão foi levantada nesta terça (24) durante a entrevista diária a jornalistas concedida pelo Departamento de Estado (equivalente a ministério do Exterior). Um repórter quis saber se o áudio revelado pela Folha, no qual Jucá sugere que o impeachment de Dilma Rousseff resultaria num pacto para deter as investigações da Lava Jato, mudaria a opinião do governo americano de que o afastamento da presidente foi legítimo.
"Não é hora de considerar que o que aconteceu no Brasil pode ter sido um golpe sem sangue ou um golpe brando?", questionou o jornalista.
O porta-voz Mark Toner, porém, não alterou o enunciado oficial das últimas semanas. "Dissemos múltiplas vezes que nós acreditamos que os processos democráticos e as instituições democráticas do Brasil são estáveis o bastante para suportar esta crise política. Não vou falar da política interna brasileira além disso", respondeu Toner.
O mesmo repórter insistiu no tema, afirmando que o governo interino havia tomado uma série de decisões sem respaldo popular. "Foi mesmo um processo democrático?", indagou, dizendo que investigações de corrupção contra membros do governo interino estão sendo abafadas e que eles são "hostis" a várias políticas do governo Dilma.
"Repito, você está falando de mudanças internas do governo brasileiro, eu indicaria que fale com eles sobre esses processos", disse Toner, que manteve o mesmo tom quando o repórter estranhou a reação, lembrando que o governo americano não deixa de comentar processos internos em outros países.
"Nós acreditamos que [o Brasil] tem uma democracia e instituições fortes o suficiente para navegar nesta crise", reiterou o porta-voz.
Na semana passada, em um debate na Organização dos Estados Americanos (OEA), o representante dos EUA na entidade Michael Fitzpatrick negou que haja um golpe em curso no Brasil. Foi a primeira vez que o governo americano rejeitou com todas as letras a noção de que o processo de impeachment seja um golpe.
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