ATUALIZADO EM 24/02/2017 - 17:38
Jornal GGN - Após um longo julgamento passados cinco anos do assassinato do agente da Polícia Federal, Alexandre Drummond Barbosa, que foi executado a tiros em abril de 2012, pelo ruralista e ex-candidato a deputado estadual no Paraná pelo DEM, Alessandro Meneghel, o júri de Curitiba o condenou a 34 anos e seis meses de prisão. Entretanto, mais um recurso o possibilitou cumprir esperar a sentença em casa.
Um Habeas Corpus, concedido pelo desembargador Antonio Loyola Vieira, nesta sexta-feira (24), permitiu que Meneghel aguarde o julgamento da segunda instância em liberdade. A decisão ocorre apenas um dia após a condenação do ruralista que assassinou a agente da PF, em 2012.
O júri popular decidiu em aproximadamente 30 horas a condenação de Meneghel. O resultado final foi definido na madrugada desta quinta-feira (23), em Curitiba e proferida pelo juiz Thiago Flôres Carvalho.
"Já não mais sei quantos meses, anos teremos que aguardar para nossa confusa lei conseguir ver seu horizonte, devido a tantos papéis colocados á sua frente para atrasar suas ações", lamentou o pai da vítima, Geraldo Barbosa.
Barbosa é ex-professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em ótica e dedicou parte destes últimos cinco anos de sua vida a preparar um estudo detalhado para comprovar o assassinato de seu filho pelo político.
Reconstituiu imagens e provas da execução por Alessandro Meneghel, resultando em um detalhado e milimetricamente embasado relatório sobre as posições da vítima e do réu, do carro do ruralista, dos ângulos de disparos do dia da morte.
O histórico do ex-pré-candidato a deputado estadual já mostra outras passagens pela Justiça. Em 2009, já esteve detido na cidade de Toledo, acusado de porte ilegal de armas. Dois anos antes, era indiciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha ou bando armado por ações contra invasões em propriedades rurais do interior do Paraná. Teria organizado milícias para acabar com acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Entretanto, nestes anos, Meneghel conseguiu prorrogações da Justiça e saídas da prisão.
Já preso, o então criminoso logrou a transferência de uma prisão mais dura (Penitenciária Estadual de Cascavel - PEC) para outra quase aberta (Penitenciária Industrial de Cascavel - PIC), solicitada pelo próprio diretor da penitenciária, após um motim que teria sido estimulado, segundo o Ministério Público, pelo próprio ruralista.
Tempos depois, em 2015, conseguiu ainda a mudança do regime para domiciliar por um Habeas Corpus, alegando que a mãe do réu estava em estado crítico de saúde, necessitando da presença do filho para os cuidados. Com isso, alcançou a liberdade controlada, com tornozeleira, para a casa da família [leia aqui]. No mesmo período, a mãe de Meneghel, supostamente doente, foi vista em um casamento, consumindo bebidas alcoólicas, fatos registrados em fotografias.
Mais recentemente, em dezembro do ano passado, o pai da vítima relata que um juiz substituto, Benjamin Acácio de Moura e Costa, chegou a ampliar a liberdade do réu, concedendo a permanência na fazenda da família oficialmente durante um conflito de pareceres entre juízes da segunda instância e promotores do caso.
A defesa de Meneghel também tentou cancelar sessões de julgamento, em diversas ocasiões, para atrasar o processo e condenação do réu, que finalmente ocorreu nesta semana.
Entretanto, em menos de 24 horas depois, um Habeas Corpus libera o político ruralista da condenação.
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