quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O estranho caso do senador do PT que faz autocrítica na Veja e reclama de falas “deturpadas”. Por Kiko Nogueira

Postado em 19 Feb 2017

Humberto Costa


Era uma vez um senador chamado Humberto Costa, do PT de Pernambuco.

Ex-ministro da Saúde do governo Lula, Humberto foi uma voz ativa durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Combativo, denunciou o golpe na tribuna.

Em dezembro, foi reconhecido por um sujeito quando estava na Livraria Cultura do Recife e hostilizado.

Os dois acabaram se atracando. “Sem qualquer motivo, fui atacado por uma pessoa completamente descompensada. Primeiro, verbalmente, tratado por vários impropérios. Não satisfeito, o agressor partiu para o ataque físico”, disse em nota.

O homem era mais um brasileiro submetido à pesada dieta de ódio seletivo que tem na Veja a grande porta voz. Humberto é uma presença constante na revista há muito tempo, aliás. Obviamente que nunca apareceu de maneira positiva.

Augusto Nunes dedicou-lhe vários textos ao longo de 2016. Num deles, chamou-o de “oposicionista petralha”. Noutro, acusou Costa de proibir Temer “de tirar o país do buraco em que foi enfiado pela quadrilha lulopetista”.

Humberto, um dia, resolveu fazer uma autocrítica de seu partido. Autocrítica é uma coisa saudável.

Mas ele resolveu fazer isso na Veja.

Humberto, lemos no site, conta “que chegou a hora de o PT admitir que se envolveu em corrupção, pedir desculpas à sociedade pelos erros que cometeu e abandonar o discurso de ‘denúncia do golpe’”.

As declarações estão, neste momento, em todos os sites extremistas que o cidadão que tentou encher a cara de Humberto de porrada adora, da Folha Política a um tal Jornalivre.

Intelectuais como Alexandre Frota estão felizes como pinto no lixo. Frota já está espalhando um meme com uma palavra de ordem: “Mais uma vez o PT se colocou acima do Brasil. Compartilhe e mostre a sua indignação!”

Diante da reclamação de alguns militantes, Humberto agora alega que suas falas foram “deturpadas”. Puxa vida!

A lógica é a mesma que levava o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a ir sempre ao programa Pânico, da Jovem Pan. Nunca ganhou um voto. Foi massacrado nas eleições para prefeito.

Humberto é mais uma flor desse republicanismo. Se depender dessa estratégia, Bolsonaro 2018 é batata.
O meme que o Frota está espalhando




Diário do Centro do Mundo   -   DCM

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