QUA, 08/02/2017 - 18:54
Juramento de Hipócrates
por Paulo Cayres e José Lopez Feijóo
DECLARAÇÃO DE GENEBRA
"NO MOMENTO DE SER admitido como membro da profissão médica:
EU JURO SOLENEMENTE consagrar a minha vida a serviço da humanidade;
EU DAREI aos meus professores o respeito e a gratidão que lhes são devidos;
EU PRATICAREI a minha profissão com consciência e dignidade;
A SAÚDE DE MEU PACIENTE será minha primeira consideração;
EU RESPEITAREI os segredos confiados a mim, mesmo depois que o paciente tenha morrido;
EU MANTEREI por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica;
MEUS COLEGAS serão minhas irmãs e irmãos;
EU NÃO PERMITIREI que concepções de idade, doença ou deficiência, religião, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual, condição social ou qualquer outro fator intervenham entre o meu dever e meus pacientes;
EU MANTEREI o máximo respeito pela vida humana;
EU NÃO USAREI meu conhecimento médico para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob ameaça;
EU FAÇO ESTAS PROMESSAS solenemente, livremente e pela minha honra."
O MÉDICO E O MONSTRO, o livro publicado em 1886 por Robert Louis Stevenson, conta a história do Dr. Jekyll. O médico e cientista, personificado em Mr. Hyde, desenvolve uma poção que, ao ser tomada, libera o seu lado monstruoso, liberando assim o seu instinto brutal e assassino. A história se passa na Londres do final do século 19, onde a desigualdade gerada pela revolução industrial faz com que a cidade de 4 milhões de habitantes se tornasse insegura e violenta.
Saindo da ficção para a realidade, na década de 1940, protegidos pelo regime nazista, vários médicos realizaram experiências monstruosas e mortais em milhares de seres humanos prisioneiros de campos de concentração. Um desses médicos Josef Menghele, fugiu ao final da 2ª Guerra Mundial e acabou morrendo no Brasil. Seu corpo foi encontrado em Embu das Artes, estado de São Paulo, em 1979.
O genocídio provocado na 2ª Guerra Mundial, que tinha como pano de fundo o preconceito e o desprezo dos nazistas pela vida e a dignidade de quem fosse diferente – judeus, ciganos, mestiços, deficientes, anões – fez com que ao final da guerra os direitos humanos se consagrassem com um valor importante a ser seguido e respeitado, convertendo-se num importante fator de civilização e contra a barbárie.
No Brasil de hoje, pessoas contaminadas pela intolerância e o ódio disseminado pelas redes sociais e por parte da grande mídia estão perdendo toda a noção de civilidade e cidadania, retornando ao estado de barbárie, com a liberação de seus piores instintos. Preconceitos de todo tipo estão transitando livremente, provocando um clima de ressentimentos e uma atmosfera sufocante de opressão.
O mais recente episódio que demonstra esse estado de agressão foram as manifestações de desrespeito humano e de ódio disseminadas a partir da internação de Dona Marisa Letícia, esposa por mais de 40 anos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vítima de um AVC, que depois de vários dias de internação veio a falecer.
Já no primeiro momento da internação, um grupo pequeno de pessoas foi à porta do hospital exibir cartazes ofensivos à Dona Marisa e a Lula, fato lamentável e grave. E o mais grave ainda, no Brasil transformado no país dos vazamentos seletivos, foi o vazamento da tomografia e dos exames da paciente. Os autores dessa ilegalidade e conduta inaceitável foram médicos, sendo que o pior de todos eles foi o neurocirurgião, Richam Faissal El Hossain Ellakkis, que disse: “Esses FDP vão embolizar ainda por cima. Tem que romper no procedimento. Daí já abre a pupila. E o capeta abraça ela”.
O Dr. Richam não estava sob o efeito de nenhuma poção do Dr. Jekill, não é nenhum personagem de ficção, apenas revelou a monstruosidade que é capaz de cometer.
Pessoas como esse Dr. Richam e os que compartilham dessa filosofia, própria do regime nazista, que não respeitam sequer o juramento profissional feito no ato de sua diplomação, que são portadores e pregadores do ódio e do preconceito, precisam ser contidas na forma da lei, têm que ser processadas criminalmente e impedidas de continuar praticando atividades que possam colocar em risco a integridade e a vida de outros seres humanos. Quem pode garantir que um paciente estará seguro nas mãos desse doutor? Quem garante que por qualquer motivo de preconceito ou mesmo alguma desavença, ele não pratique o que recomendou fazer com Dona Marisa e, o que é pior, protegido pelo jaleco branco que usa e que praticamente lhe confere imunidade?
O diploma desse doutor precisa ser cassado pelo seu conselho profissional. Mas não é só, ele precisa ser processado pelo Ministério Público por apologia ao crime. Só com uma punição exemplar pessoas como ele serão contidas no seu exercício cotidiano de destilar o veneno do ódio e do preconceito.
O Brasil tem que optar pela civilização e ser contra a barbárie. Não podemos desperdiçar essa oportunidade.
Até na sua ausência, Dona Marisa ajuda o Brasil, nos dando a oportunidade de corrigir o rumo errado em que estamos caminhando.
(A Declaração de Genebra é uma atualização do juramento de HIPÓCRATES e foi aprovada pela 2ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial, Genebra, Suíça, em setembro de 1948, e reavisada na 173ª Sessão do Conselho, Divonne-les-Bains, França, em maio de 2006)
Paulo Cayres - Metalúrgico do ABC e Presidente da CNM/CUT
José Lopez Feijóo - Metalúrgico do ABC – ex- presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Jornal GGN
Nenhum comentário:
Postar um comentário