Por Carlos Fernandes
- 2 de março de 2018
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Olha ele aí
Benjamin Franklin uma vez disse que não existe inimigo insignificante.
Ciro Gomes parece querer provar o contrário.
A sua entrevista ao apresentador José Luiz Datena (uma parceria à altura da demagogia envolvida) revelou o que nunca esteve obscuro.
O desfile de platitudes pronunciadas num espaço inconcebível de tempo assustou tanto pela profusão quanto pela superficialidade.
Como que movido pela pacóvia de seu interlocutor, a incontinência verbal que sempre o caracterizou fez-se especialmente presente.
Desconfio que Marina Silva, com tudo o que lhe desabona, não teria tamanha capacidade.
Passada toda a verborragia proferida, foi o ataque desmesurado ao ex-presidente Lula que, ao fim e ao cabo, sobrou de minimamente relevante.
Não por haver alguma assertividade, por óbvio, mas, justamente, por demonstrar o quanto boa parte da esquerda está errada ao conferir-lhe alguma legitimidade.
Ciro Gomes simplesmente não consegue enxergar o que as pesquisas eleitorais esfregam em sua cara.
Medíocre em intenções de votos quando Lula está no páreo, o ex-governador do Ceará ganha alguma musculatura uma vez consumado o impedimento do líder disparado nas pesquisas.
Alheio a tudo isso e com uma insondável vocação de pôr tudo a perder, o seu verdadeiro talento em dizer a coisa errada na hora errada pode – e deve – desabilitá-lo como principal “herdeiro” dos votos que se despedaçam no crepúsculo da democracia brasileira.
E é justamente por esse esfacelamento de nossa democracia que faz-se mister a unidade, com toda a sua pluralidade, da esquerda desse país.
E nesse particular, convenhamos, não há como se incluir um sujeito com disfunção à coerência ideológica.
Aqui chegamos a um ponto crucial.
Se Ciro não possui a capacidade de perceber a importância do PT nos inegáveis avanços sociais conquistados nos 13 anos que governou o Brasil, por que haveria esse mesmo PT de se subordinar a ele?
É inacreditável que algumas pessoas ainda aventem a possibilidade de uma chapa em que o PT figure como coadjuvante.
Que essa chapa seja liderada por Ciro Gomes, para mim, beira o absurdo.
O Partido dos Trabalhadores, por tudo a que foi submetido e pelo desempenho que surpreendentemente (visto o massacre midiático) mantém em todas as pesquisas, tem obrigação moral e dever junto aos 54 milhões de brasileiros que foram assaltados na sua vontade democrática, de mais uma vez submeter o seu projeto de governo ao crivo das urnas.
Ainda que a justiça brasileira confirme mais uma etapa do golpe e impeça o ex-presidente de concorrer, a sua capacidade de transferência de votos, atestada pelas diferentes pesquisas até agora divulgadas, impõe o seu candidato invariavelmente no segundo turno.
Isso é muito mais do que Ciro Gomes pode sonhar atualmente.
Ao acusar Lula de não saber o que está acontecendo no país, Ciro escancara, ele sim, um desconhecimento das relações de causas e efeitos que nos trouxeram até aqui.
Ao atacá-lo, ignora que contribui exaustivamente para a perpetuação no poder de uma canalha que diz querer combater.
Diário do Centro do Mundo - DCM
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