segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lungarzo e o caso Battisti


RESPOSTA AO COMENTÁRIO DE NRA

publicado no post "A defesa de Battisti"

COMENTÁRIO DE NRA

Esse livro me parece mais um passo na campanha de desinformação sobre o caso Battisti como aquele que, por exemplo, diz que ele foi condenado por 2 crimes cometidos no mesmo dia, em lugares distantes 300km, sem mencionar que num foi por autoria e no outro por co-autoria.

Enfim, gostaria que o autor do livro respondesse a 2 perguntas básicas:

1- Se existem provas contudentes e convincentes de irregularidades nos processos que condenaram o Battisti, por que ainda não entraram com uma ação na justiça italiana para anular a condenação dele? Ou se entraram, por que foi recusado? Me parece que esse seria o caminho lógico e natural. Ao invés disso essas supostas provas são usadas para desqualificar a condenação dele e tentar evitar a extradição. No mínimo, é muito estranho...

2- Se existem provas contudentes e convincentes de irregularidades nos processos que condenaram o Battisti, por que a Comissão Européia de Direitos Humanos negou o pleito de Battisti para evitar a extradição quando estava na França.

Gostaria de responder ao comentário do leitor NRA, que prima pela mesura e a sinceridade.

Esse livro me parece mais um passo na campanha de desinformação sobre o caso Battisti...

Existe campanha de desinformação para mostrar a culpabilidade de Battisti, mas não conheço nenhuma campanha de desinformação para defende-lo. O que fazemos no grupo de apoio é tentar esclarecer sobre dados obscuros ou refutáveis. Sugiro uma leitura rápida, tipo "amostral", das principais fontes de grande mídia nos dois últimos anos, e fazer um balanço entre os espaços a favor e as matérias contra. Eu fiz isso com a Folha de São Paulo, e encontrei, em 2009, aproximadamente uma matéria favorável ou neutra, por cada 16 artigos, comentários ou notícias tendenciosas.

...como aquele que, por exemplo, diz que ele foi condenado por 2 crimes cometidos no mesmo dia, em lugares distantes 300km, sem mencionar que num foi por autoria e no outro por co-autoria.

É necessário diferenciar entre distorções que constam nos autos (por exemplo na sent./88. C. As. Milano) e outras que os magistrados distribuíram para o público. É verdade, como o leitor diz, que a condenação foi, no caso de Sabbadin por (suposta) autoria, e no caso de Torregiani por (suposto) planejamento do crime. Isso consta nos autos. Mas os jornalistas vinculados com a magistratura e os próprios juízes, também difundiram outras distorções, como aquela de que ele teria matado ambos fisicamente. Dois exemplos importantes: um é o Armando Spataro, o mais influente promotor italiano hoje, que disse, há apenas 3 anos (em 2008) ao jornal Corriere dalla Sera, que "Battisti tem fuzilato Torregiani". Em italiano, como em português, "fuzilar ou fuzilare" quer dizer atirar com arma de fogo. Não deixa dúvida que o magistrado quer mostrar que Battisti realmente atirou sobre ambos.

Esta suposição é pouco crível, porque para fazer quase 300 Km em 1:40 minutos, contando aliás o tempo de preparação, procura da vítima, etc., o matador deveria investir, como máximo, uma hora de viagem. Deveria, então, ter um helicóptero.

Apesar disso, o jornalista Mino Carta (num número de Carta Capital que não lembro, mas que é de começo de 2009) insinua que seria possível que Battisti se tivesse deslocado de um lugar ao outro com tempo suficiente para matar Torregiani

Quando publiquei esse resumo de meus livros Os cenários, estas duas opiniões estavam no ar, e achei importante abrir os olhos das pessoas sobre o fato de que algumas altas celebridades mentiam em relação com o caso Battisti.

A partir dessa data, nunca mais se mencionou o duplo fuzilamento e a mídia se ateve mais fielmente aos dados dos autos, que são mais inteligentes, embora não sejam mais verdadeiros; eles passaram a dizer: que Cesare era o acompanhante de Giacomini, no caso de Sabbadin, e que foi o planejador do caso de Torregiani, em cujo homicídio não esteve fisicamente.

Uma vez que as fontes italianas e suas repetidoras no Brasil deixaram de propagar essa teoria, eu nunca mais fiz referência a esse assunto.

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Enfim, gostaria que o autor do livro respondesse a 2 perguntas básicas:

As duas perguntas são longas, e peço ao leitor que as leia no próprio comentário de NRA

1. Por que não entramos na justiça italiana para anular a condenação...

Foram tentadas ações bem mais modestas, e não deram resultado nenhum. O senador Suplicy, em seu estilo gentil e solidário, propôs, de maneira muito delicada a vários parlamentares italianos, algo muito menos forte que anular a condenação. Em conversa com Fassino e com outros dois (creio que um foi D'Alema) ele pediu para dar uma palestra no senado italiano... apenas uma palestra, mostrando nossas razões para não acreditar na culpa de Cesare. Isto produziu reações iradas inclusive em parlamentares que se chamam "de esquerda". Estando em Marrakesh, Suplicy se encontrou com um parlamentar italiano que o insultou ou quase, por ter tais idéias.

Ao mesmo tempo, duas pessoas que moram na Europa, viajaram até Milão para pedir apenas xerocar os arquivos de Battisti (que tem mais de 30 anos), e foram repelidos.

Penso ao gentil leitor (que muito me honra com sua bem ponderada crítica) que pense se teria algum efeito tentar processar Itália. Vejamos, apenas, como se comporta este país no plano internacional.

2. Por que a CEDH rejeitou o pedido de revisão apresentado por Turcon e Camus, os advogados franceses de Battisti.

Esta resposta é mais simples: a CEDH é famosa por sua parcialidade e desprezo pelos refugiados. Defende os direitos humanos dos grandes interesses. Se este blog me fizer a gentileza, posso enviar publicações européias onde se denuncia isto. De cada 1000 pedidos feitos por pessoas perseguidas, 962 (ou seja 96,2%) são rejeitados sumariamente.
Obrigado por se interessar por meu trabalho, e estou aberto para quaisquer novas informações, enviando, inclusive, cópias das fontes. Peço que o blog publique, sob a minha responsabilidade, meu e-mail particular

Blog do Luis Nassif

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