O jornal O Globo traz hoje uma matéria em que informa que a modernização das Forças Armadas terá um orçamento de R$ 38 bi. A intenção é melhorar a proteção das fronteiras brasileiras, onde se encontram 570 municípios espalhados por 11 estados. Segundo o jornal, para a Marinha estão previstos 5 submarinos – um com propulsão nuclear. Para a Aeronáutica, 36 aviões de combate. Para o Exército, a implantação do SISFRON – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras – o qual deverá monitorar 16,8 mil quilômetros de fronteiras secas com 10 países.
Por que os investimentos na Defesa são importantes neste momento?
[José Genoino] Tradicionalmente, a Defesa no Brasil se baseia na dissuasão como elemento central. O Brasil não tem a tradição de conflitos, não tem como prática o hegemonismo, a expansão territorial. A nossa tradição tem sido a de priorizar a negociação. Ou seja, a nossa estratégia é a defesa no nosso espaço aéreo, do nosso território e fluvial, assim como o nosso espaço econômico. Aqui entra a proteção dos investimentos no pré-sal, por exemplo. Para isso, faz-se necessário um monitoramento constante do território, assim como presença do Estado em todo o território e a capacidade de mobilidade de suas Forças Armadas. A sua modernização, portanto, integra-se ao desenvolvimento econômico do país. A Defesa é um elemento estruturante de nossa economia. E ela é também fundamental nas nossas relações multi e bilaterais.
De concreto, o que o orçamento prevê?
[Genoino] É importante frisar que esse orçamento compreende vários anos. São investimentos de médio prazo. E investimentos têm que ter continuidade, pois quando param, para retomá-los custa muito caro. Para o Brasil ter proteção é fundamental, por exemplo, que possamos ter um satélite geoestacionário. O Brasil não tem satélite. Pagamos pelo serviço e a informação obtida não fica aqui.
O SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) e o SISGAAZ (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul) pressupõem o uso de um satélite para fiscalizar o espaço aéreo e o mar. O Brasil precisa viabilizar seus projetos estratégicos da Defesa. Constam entre eles desde submarinos a aviões KC390, de capacidade para transportar até 20 mil toneladas, para permitir o transporte de cargas. Também compreendem a modernização de helicópteros, na fábrica de Itajubá (MG). Estamos falando, ainda, de 25 a 35 aviões caça. Caças são uma arma dissuasória do espaço aéreo. E precisamos, também, de brigadas para o pronto emprego da mobilidade em qualquer parte do território nacional. Esses projetos já estão em desenvolvimento. Ganharam grande impulso no governo do presidente Lula e seguem, mesmo com os cortes de orçamento.
Quais são as prioridades da Defesa?
[Genoino] A estratégia nacional de Defesa pressupõe a integração das três Forças Armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica. Não só do ponto de vista do Estado Maior, mas também em questões práticas, como compras e orçamento. E o clima nas Forças Armadas nesse sentido tem sido muito positivo.
E, claro, a modernização é um elemento que permeia esse processo.Também buscamos a integração sul-americana. A dissuasão a que me referi dá-se extra-continente. Na América do Sul, predomina a cooperação entre os países vizinhos. Ela está indo muito bem, por meio da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) e com a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano. Também já temos o Centro de Estudos Estratégico de Defesa, da UNASUL, em Buenos Aires.
No passado a sociedade civil temia as Forças Armadas. O que muda na relação da sociedade com as Forças Armadas?
[Genoino] O clima de desconfiança tem de ser superado. A esquerda precisa contemplar as Forças Armadas em um projeto de futuro para o Brasil. Um país com as nossas dimensões não pode prescindir de Forças Armadas bem equipadas e modernas.
Blog do Zé Dirceu
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