Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Com 18 votos contrários e 16 a favor, o relatório final da
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que
investiga as relações de políticos e empresários com o contraventor
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi rejeitado nesta
terça-feira (18). Com isso, depois de oito meses de trabalho, a CPMI
termina sem um relatório formal para ser encaminhado ao Ministério
Público Federal. Oficialmente, o prazo de funcionamento da comissão
termina no dia 22.
O único resultado concreto, depois de oito meses de investigação,
foi a aprovação de um voto separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). O
documento, de apenas uma página e meia, está sendo considerado a
conclusão da comissão. Ele determina o compartilhamento de todas as
informações sigilosas levantadas pela CPMI com o Ministério Público
Federal em Goiás, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal.
Antes de ter o texto derrubado, o relator, deputado Odair Cunha
(PT-MG), destacou os pontos que foram retirados do texto por sugestão de
vários parlamentares. Cunha recuou, por exemplo, nas sugestões de
indiciamento de cinco jornalistas e no pedido de investigação do
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Todas as referências ao
procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, também foram
retiradas da versão final, mas nem as alterações foram suficientes para
convencer a maioria da CPMI.
“Não há como não registrar a frustração com o término da CPMI.
Vamos votar contra, não pelo que nele [no relatório] consta, mas pelo
que não consta. O que consta já está encaminhado ao Ministério Público
Federal. O que consta é a compilação do trabalho final da Polícia
Federal. Em linguagem popular, eu poderia dizer que estamos chovendo no
molhado, adotando providencias que já foram adotadas. Em relação ao que é
essencial, não avançamos, a CPMI termina onde deveria começar”,
criticou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), ao votar contra o
relatório de Cunha.
Nem mesmo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos escalados
para defender a aprovação do relatório, poupou críticas. “Todos sabem a
posição que tenho sustentado desde início da CPMI, de critica de
contundência, muitas vezes contra o relator. A CPMI perdeu a
oportunidades quando suspendeu os trabalho em setembro deste ano, quando
não quebrou o sigilo das 21 empresas identificadas como as que
receberam recursos da empreiteira Delta”.
Apesar das declarações, Randolfe disse, antes da votação, que o pior
ainda seria a comissão ficar sem relatório. “Pode não ser o relatório
perfeito, mas vai ser luz de lamparina na noite da impunidade histórica
do país”, disse.
Agência Brasil
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