Coluna Econômica
Pequenas empresas paulistas estão sofrendo um assédio inimaginável,
recebendo visitas de gerentes de bancos, oferecendo linhas de crédito
baratas. Conta garantida a 2% de juros ao mês, descontos de duplicata a
0,9%.
A conversa com os gerentes é das mais instrutivas. Informam que
orientação que receberam de suas respectivas diretorias é que juros
baixos e competição bancária vieram para valer. E os bancos terão que se
reinventar.
Não se trata mais de elaborações estratégicas da cabeça de um diretor
de banco, mas a orientação que chegou na base, o gerente de conta.
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Quando se compara a economia a um transatlântico – imagem cunhada há
décadas pelo ex-Ministro Mário Henrique Simonsen – tinha-se na cabeça
esse efeito-defasagem
A política econômica dá uma guinada radical. Há um tempo de ajuste em
que, primeiro, os agentes econômicos precisam ser convencidos da sua
irreversibilidade. Depois, um tempo para se ajustarem às novas regras,
que passa por definir a nova estratégia e fazer a voz de comando chegar
na ponta.
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O que está acontecendo com os gerentes de conta é processo similar ao que irá ocorrer em outros cantos da economia.
Por exemplo, muitas cadeias produtivas trocaram fornecedores internos
por produtos chineses. Nos últimos meses houve um desvalorização de
mais de 20% no real, frente o dólar.
A volta ao fornecedor interno exigirá novos contatos, uma
reorganização do sistema de compras, em muitos casos a busca de novos
fornecedores, já que muitos dos anteriores desapareceram do mercado.
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No caso das grandes empresas, a mudança do dólar trouxe problemas no fluxo de caixa. Aumentou as dívidas em dólares.
Há um tempo, portanto, para refazer o caixa e analisar os efeitos da
mudança de câmbio tanto no mercado interno quanto no externo.
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No campo do controle público ocorre a mesma coisa. A Lei de
Transparência, obrigando todos os órgãos públicos (União, estados,
municípios e autarquias) a darem publicidade a seus dados, é também um
transatlântico que começou a se mover.
Alguns órgãos saem na frente, outros vacilam um pouco. Aí entra o
Ministério Público exigindo o cumprimento da lei. Aos poucos, a
sociedade civil criando formas de capturar e analisar os dados. E os
novos parâmetros de fiscalização são montados, em cima dessa interação
ONGs-MPs-TCs.
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Faltam pontos para acelerar o processo.
O primeiro é avançar nas propostas de simplificações dos
procedimentos fiscalizatórios, sem tirar sua eficácia. Por mais que
ocorra um aprendizado na definição e implementação de projetos, ainda
assim o ponto ótimo sempre ficará distante do ideal, graças ao
emaranhado burocrático.
Outro - já enfatizado aqui – é a maneira como estão sendo apresentadas diversas isenções fiscais e trabalhistas.
Qualquer decisão de investimento tem que partir do peso das isenções
no preço final do produto, mas também no prazo de permanência do
benefício. É a maneira de estimar os resultados e planejar os
investimentos.
Blog do Luis Nassif
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