Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O controlador-geral da União, ministro Jorge Hage, defendeu hoje (7) a implementação, de forma “radical”, das reformas política e processual como ferramentas fundamentais para o avanço no combate à corrupção. Segundo ele, essas medidas seriam capazes de “mudar o patamar” do enfrentamento ao problema no país. Para Hage, a reforma política, esperada “há décadas”, deve ajudar a resolver duas questões: a excessiva pulverização partidária, que obriga a montagem de coalizões para que se possa governar, e o financiamento empresarial de campanhas e partidos.
“Enquanto não tivermos financiamento público exclusivo, ou total
transparência dos financiamentos empresariais antes das eleições,
acabando com as doações ocultas feitas ao partido sem que se saiba para
que candidatos elas vão, ainda vamos ter que trabalhar muito no
enfrentamento à corrupção”, disse Hage, ao participar de evento
promovido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes
(Undoc), para marcar antecipadamente o Dia Internacional de Combate à
Corrupção, no próximo domingo (9).
Ao falar sobre a reforma processual, o chefe da Controladoria-Geral
da União (CGU) disse que é preciso “reduzir a infinidade de recursos que
fazem com que um processo no Brasil não se conclua em menos de dez a 15
anos, especificamente nos casos contra a administração, por aqueles
réus chamados de colarinho branco”.
“Enquanto a legislação processual brasileira, sobretudo no campo do
processo penal, não for alterada, não teremos maiores avanços no combate
à impunidade. Não há regras processuais em nenhum país civilizado que
ofereçam ao réu tantas possibilidades recursais e de criação de outros
incidentes protelatórios, como a [legislação] brasileira”, acrescentou.
Hage enfatizou que a implementação das medidas depende da pressão
popular sobre os parlamentares. “Depende de todos nós, da sociedade
brasileira, pressionar o Congresso [Nacional], porque é de lá que têm
que sair essas duas medidas.”
O ministro Jorge Hage comentou tambémo decreto que está sendo
elaborado pelo governo federal para estabelecer a ficha limpa na
administração pública, tema que ganhou força após a deflagração da
Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que investiga envolvimento de
servidores públicos federais na venda de pareceres técnicos. Segundo
Hage, o decreto deve estabelecer hipóteses de impedimento para z posse
em cargos públicos, nos casos de funções comissionadas, mesmo se os
postulantes sejam réus em processos que não tenham chegado ao fim.
“É preciso que se observem outras informações, não somente as
vedações diretas que se referem à condenação final em processo
administrativo ou a julgamento com pelo menos uma decisão colegiada de
segundo grau”, defendeu. “É necessário que se observem situações em que,
mesmo sem ter o processo chegado ao fim, haja um conjunto de decisões,
de auditoria, de processos em andamento que, pela soma, desaconselhe
determinadas nomeações”, concluiu.
Agência Brasil
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