sábado, 30 de março de 2013

Península Coreana encontra-se em estado de guerra

O governo da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) declarou nesta sexta-feira, 29 (sábado, 30 na Coreia) que já pertence ao passado o tempo de responder com palavras às campanhas contra o país encabeçadas pelos Estados Unidos, em uma declaração na qual anuncia que entrou em estado de guerra com a Coreia do Sul.


A declaração, assinada pelo governo, partidos políticos e entidades da República Popular Democrática da Coreia qualifica de extremamente graves as manobras agressivas dos Estados Unidos, que violam a soberania e os interesses do país.

No documento se anuncia que o marechal Kim Jong Un "assinou o plano sobre o cumprimento da missão de ataque das forças dos mísseis estratégicos do Exército Popular da Coreia", depois de uma reunião de emergência para abordar o tema.

A decisão é a declaração de combate para preparar a oportunidade trascendental de abrir uma nova época que ponha fim à história de confrontação com os Estados Unidos, agrega a nota.

O documento assinala que esta é a advertência final aos Estados Unidos à Coreia do Sul e demais forças hostis à reunificação da Península Coreana, e que o pronunciamento reconhece a vontade do exército e do povo da RPDC de acabar com os inimigos.

O comunicado afirma que oficiais, soldados e o povo da Coreia Popular estão dispostos a se levantar “como gigantes na batalha de vida ou morte contra os inimigos e conquistar a vitória da causa da reunificação da Pátria”.

A declaração expressa a decisão das autoridades do país "de tomar contramedidas militares frente às atuais provocações para defender a soberania e a dignidade da RPDC".

O documento denuncia o uso pelos Estados Unidos em suas manobras militares com a Coreia do Sul de bombardeiros estratégicos nucleares B-52 e de outros aviões sofisticados, que qualifica de grande provocação e desafio aberto.

Numa praça Kim Il Sung, em Pyongyang lotada com mais de 100 mil pessoas, foi lido um documento que afirma: “Dado que se acendeu a chama da guerra total, as forças armadas revolucionárias da RPDC aniquilarão completamente a horda de agressores com um ataque preventivo demolidor e implacável".

Mais de 40 mil soldados estadunidense e sul-coreanos estão realizando manobras militares na Península Coreana, apoiados por aviões de combate, bombardeiros e submarinos dos EUA , numa clara ameaça à segurança da RPDC, que pode ser atacada a qualquer momento, inclusive por armas nucleares que os Estados Unidos armazenam em território sul-coreano.


Com Prensa Latina e informações da Embaixada da RPDC no Brasil
 
 
Vermelho

Globo: emprego e renda em alta são uma desgraça

Quá, quá, quá !


Saiu na primeira página do Globo:

“Emprego e renda em alta podem frear a economia”

Em fevereiro, a taxa de desemprego ficou em 5,6%, menor para o mês, dez anoz (que horror ! – PHA).

O mercado de trabalho aquecido e a renda em alta devem segurar (sic: SEGURAR – PHA ) o crescimento da economia, porque representam um custo elevado, sobretudo para a industria, alertam especialistas (aqueles “multi-uso, que nada entendem de tudo”, segundo o requião – PHA)

Não deixe de ler: “Emprego e renda sobem. Neolibelês (*) querem demissões em massa !”


O diretor responsável por essas afirmações na capa do Globo, o 12o. 
voto no Supremo, fez uma retumbante carreira de repórter na 
televisão. Deveria retomá-la.
O seu senso de humor não parece adequado a uma primeira página 
de jornal impresso.
Esse espaço está reservado ao Chico Caruso.
O ansioso blogueiro recomendaria aos especialistas “multi-uso” 
defender essa tese – a prosperidade mata – em Chipre, na Grécia, 
na Espanha, em Portugal, na Itália, na França, na Inglaterra.
De preferencia à noite, numa rua deserta de um bairro de periferia.
Em tempo: o que os filhos do Roberto Marinho – eles não tem nome 
próprio – acham disso.? Será que também acham que a prosperidade 
mata ? O que farão com aquele balanço que esconde os melhores 
resultados ? E quando o diretor responsável souber quanto os 
meninos ganham na pessoa física ? Vê se os patrões dele contratam 
algum desses “multi-uso” para administrar a empresa deles …

Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso 
blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, 
um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” 
trotskista desempenhou na formação de 
quadros conservadores (e golpistas) de inigualável 
tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior 
expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.


Conversa Afiada

Processos da Globo calam o Viomundo

Do Viomundo

Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa



por Luiz Carlos Azenha

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.

Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.

Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.


Blog do Luis Nassif

No aniversário do golpe, clubes militares atacam Comissão Nacional da Verdade

São Paulo – A Comissão Nacional da Verdade foi o alvo escolhido pelos clubes Militar, da Marinha e da Aeronáutica em mensagem “à nação brasileira” pela passagem dos 49 anos do golpe de 1964 – ou "revolução", como preferem os defensores do movimento. Em nota, as entidades atacam os “democratas arrivistas” e reafirmam que a intervenção de quase cinco décadas atrás ocorreu para preservar a ordem.
Segundo os clubes, as ações das Forças Armadas desde o início da República garantiram sua credibilidade. “Não foi por outro entendimento que o povo brasileiro, no início da década de 1960, em movimento crescente, apelou e levou as Forças Armadas Brasileiras à intervenção, em Março de 1964, num governo que, minado por teorias marxistas-leninistas, instalava e incentivava a desordem administrativa, a quebra da hierarquia e disciplina no meio militar e a cizânia entre os Poderes da República”, diz a nota, divulgada ontem (28), mas com data de 31 de março, assinada pelos presidentes do Clube Militar, general do Exército Renato Cesar Tibau da Costa, do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral, e do Clube da Aeronáutica, tenente brigadeiro-do-ar Ivan Moacyr da Frota.
Essa intervenção, afirmam os militares, teria beneficiado o país em várias setores (economia, comunicações, transportes, social, político), “além de outros que a História registra e que somente o passar do tempo poderá refinar ou ampliar, como sempre acontece”. Mas – acrescentam – as “minorias envolvidas na liderança da baderna que pretendiam instalar no Brasil” tentaram se organizar e, financiadas por capital estrangeiro, “iniciaram ações de terrorismo, com atentados à vida de inocentes que, por acaso ou por simples dever de ofício, estivessem no caminho dos atos delituosos que levaram a cabo”.
Nesse trecho da mensagem entram os ataques à Comissão da Verdade. “E que não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre”, afirmam, apontando uma resolução da CNV, de agosto de 2012, que definiu como sua área de investigação as violações de direitos humanos praticadas “por agentes públicos, pessoas a seu serviço, com apoio ou no interesse do Estado”. Para os militares, a comissão alterou a Lei 12.528 (que criou a própria CNV) a fim de “'varrer para debaixo do tapete' os crimes hediondos praticados pelos militantes de sua própria ideologia”.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em fevereiro o brigadeiro Ivan Frota procurou o então presidente da comissão, Cláudio Fonteles, para encaminhar em nome da Academia Brasileira de Defesa (ABD), que ele preside, documentos e publicações para que servissem de "subsídios para a apreciação isenta dos fatos". Em entrevista, o militar disse que a CNV "tem trabalhado em uma direção única", sem dar direito à defesa ao "outro lado".
No manifesto referente aos 49 anos do golpe, os representantes militares criticaram o que chamam de terrorismo daqueles que "almejavam empalmar o poder para fins escusos". Não fazem referência as ações praticadas pelo "outro lado", representado pelo Estado, exatamente o foco das investigações feitas pela comissão, que em maio completará metade de seu mandato de dois anos.
A nota é divulgada no dia em que se completam 45 anos da morte, pela polícia, do estudante paraense Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, durante protesto no Rio de Janeiro. Em 13 de dezembro daquele ano (1968), o governo baixaria o Ato Institucional número 5 (AI-5), formalizando a fase mais dura do regime iniciado em 1964. 


Rede Brasil Atual

Dilma promove 67 oficiais das Forças Armadas

 

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil


Brasília - A presidenta Dilma Rousseff promove 67 oficiais das Forças Armadas. Os 22 militares da Marinha, 23 do Exército e 22 da Aeronáutica assumem seus novos postos a partir de 31 de março. Dilma assinou os decretos na quinta-feira (28), durante audiência no Palácio do Planalto com o ministro da Defesa, Celso Amorim. A decisão foi publicada ainda na quinta-feira em edição extra do Diário Oficial da União.


Agência Brasil

sexta-feira, 29 de março de 2013

O que era bom para o Brasil

Orlando Margarido

O silêncio estratégico aconselhado por Lincoln Gordon provou-se premonitório. O ex-embaixador americano no Brasil pretendia desse modo apenas imiscuir-se na violação aos direitos humanos ocorrida no País a partir do golpe de 1964. Seu pensamento atravessou mais de duas décadas, quando a abertura veio romper o contexto de vozes caladas a partir de 1985. Desde então, o cinema documental tem sido um dos espaços reveladores e de discussão sobre a ditadura. Henning Boilesen, Carlos Marighella e em breve Iara Iavelberg são personagens das duas forças em jogo em função também de cuidadosos estudos na tela. Agora é a vez de Gordon, os chefes da Casa Branca e o influente aparato dos EUA ter a participação detalhada no retrocesso histórico brasileiro.
O Dia Que Durou 21 Anos expõe a participação dos Estados Unidos no golpe de Estado e a ascensão dos militares, além de algo mais. A possibilidade de ingerência americana foi por muito tempo tida como paranoia da esquerda. O filme de Camilo Tavares comprova com minuciosa documentação, imagens inquietantes e áudios surpreendentes que os militantes contra a política instalada estavam certos. Encontram-se lá registrados os telegramas trocados entre o diplomata e o presidente John Fitzgerald Kennedy e seu sucessor Lyndon Johnson. Entre os de calibre, aquele do Departamento de Estado que descreve a Gordon o início da Operação Brother Sam, ou seja, a etapa final na derrubada do mandatário João Goulart, recém-eleito pelo voto popular.
O amigo americano. O embaixador Lincoln Gordon com Jango, Kennedy e Johnson, num sorridente leva e traz
O amigo americano. O embaixador Lincoln Gordon 
com Jango, Kennedy e Johnson, num sorridente 
leva e traz - Clicar em cima

Conhecíamos a partir de documentários nacionais bem fornidos como Jango, de Silvio Tendler, a complexa tarefa posta em prática para tirar do poder o presidente brasileiro tido como comunista. Imagem essa reforçada, diz-nos o novo filme, por telejornais americanos ao compará-lo a Fidel Castro e o Brasil a uma nova Cuba. Ou, mais preocupante ainda, dizia Gordon, a uma China de versão ocidental. Para Kennedy, ele avalia que Goulart poderia se tornar um ditador de traço populista, como Juan Perón na Argentina. São alguns dos muitos exemplos audiovisuais do filme, pouco conhecidos até mesmo nos Estados Unidos, mas inéditos por aqui, assegura Tavares.
Aos 41 anos, o diretor dedicou-se por mais de cinco ao projeto e contou com uma assessoria privilegiada. Camilo é filho do jornalista e ex-militante Flávio Tavares, um dos presos políticos trocados pelo embaixador Charles Burke Elbrick, sequestrado em 1969. Ao procurar conhecer melhor a trajetória do pai, que se exilou com o grupo no México, onde o diretor nasceu, leu o livro de memórias de Flávio e idealizou o filme a partir dele. Mas uma pasta reavivada pelo pai, que continha entre os documentos um dos telegramas, levou-o aos arquivos de Washington e à descoberta de material muito mais precioso. “A partir disso, o filme mudou de foco”, diz o cineasta a CartaCapital. “A documentação encontrada, a exemplo das correspondências, é conhecida e estudada há muito por pesquisadores americanos, mas nunca soubemos ter sido revelada no Brasil. Foi surpresa até para meu pai.”
Tal espólio, por décadas classificado como altamente secreto, encontra-se aberto a pesquisadores nos EUA. Entre as imagens estão situações das quais Tavares sempre ouvira falar, como a visita de Jango a uma base militar do Nebraska, capitaneada por seu algoz Gordon. Para muitas dessas pérolas, o realizador contou com o apoio de Peter Kornbluh, especialista ligado ao Arquivo de Segurança Nacional, e com o acervo das bibliotecas batizadas com os nomes dos dois presidentes do período. Vêm à tona, por causa dessa pesquisa, protagonistas como Robert Bentley, assessor de Gordon na embaixada, e Vernon Walters, seu adido militar. O primeiro é entrevistado e, em tom evasivo, comenta que o apoio americano era para ele não mais que uma polêmica quando chegou ao País. Negará, em seguida, ter ouvido falar da Operação Brother Sam. Ambos testemunharam em documentos, no entanto, a aposta em Castelo Branco, então chefe do Estado-Maior do Exército, como figura ideal para atender às expectativas americanas, o que se deu ao assumir a Presidência e se tornar o primeiro presidente do regime.
O diretor. Camilo Tavares, filho de Flávio, jornalista trocado pelo embaixador Elbrick em 1969
O diretor. Camilo Tavares, filho de Flávio, 
jornalista trocado pelo embaixador Elbrick 
em 1969 - Clicar em cima

Na operação fica implícita a impossibilidade de ignorância, tamanha sua estrutura, com o despacho ao Brasil de navios de guerra da Marinha americana e munição pesada. Kornbluh mostra ainda como se tornaram triviais ações de propaganda encobertas pela CIA para pressionar o novo governo, a exemplo do estímulo a greves, editoriais da imprensa contra Goulart e financiamento de campanhas a candidatos opositores. Num projeto mais elaborado, relembra-se a criação de dois núcleos de sustentação da direita, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o Ipes, e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática, o Ibad.
É do analista uma frase-síntese no filme, quando lembra que toda a iniciativa americana aconteceu, por hipótese, em nome da democracia. Com essa bandeira, chegou-se ao Ato Institucional nº 1, que cassou os direitos políticos. Entre as figuras nacionais que debatem o passado, estão os militares Newton Cruz e Jarbas Passarinho. Este foi o signatário da liberação de Tavares em 1969 e a quem, desavisado, concedeu a entrevista, num dos lances surpreendentes do documentário.
Casa Branca lá e cá Uma safra de filmes recupera personagens marcados pela ditadura
O destino comum. Boilesen e Marighella, o direitista e o revolucionário, analisados por cineastas brasileiros
O destino comum. Boilesen e Marighella, o direitista e o revolucionário, analisados por cineastas brasileiros

Alguns metros separam o destino comum de dois personagens do cenário político dos anos 1960, rivais em seu credo. Carlos Marighella, guerrilheiro de esquerda, foi assassinado em 1969 na Alameda Casa Branca, em São Paulo. Dois anos depois, próximo a uma das esquinas da rua, o empresário Henning Boilesen morreu alvejado por organizações de combate à ditadura. Dinamarquês baseado no Brasil, integrava o grupo empresarial que financiava o aparato para perseguição, tortura e morte de militantes como Marighella. A memória distante desses acontecimentos enredados foi revigorada com a realização dos recentes documentários Marighella, também focalizado anteriormente por Silvio Tendler, e Cidadão Boilesen.
São exemplos da atenção do documentário brasileiro a um dos períodos mais controversos da história nacional. O processo, mais do que buscar um painel ambicioso, tem sido pontual, como se dá em Hércules 56, no qual Silvio Da-Rin repassa o episódio da troca de presos políticos pelo embaixador Charles Elbrick. No avião que dá título ao filme, com destino ao México, estava Flávio Tavares. Às figuras primeiras do universo da esquerda soma-se Iara Iavelberg, a companheira de Carlos Lamarca, cuja vida fora revista por ficção de Sérgio Rezende.
Em Busca de Iara, de Flavio Frederico, estreia dia 12 no festival de documentários É Tudo Verdade. O evento exibe O Fim do Esquecimento, de Renato Tapajós, e recupera seu média-metragem Em Nome da Segurança Nacional, de 1984. Tendler é relembrado com Os Anos JK (1980) e Jango (1984), mesmo programa escalado pela SescTV para domingo (31), somado a Paulo Companheiro João, de Lur Gomes, a partir das 19 horas. Ainda no evento, sete curtas-metragens do Ipes. De caráter afetivo e menos engajados na crítica histórica do período são Marighella, de sua sobrinha Isa Grispum Ferraz, Diário de uma Busca, de Flávia Castro, exibidos nos cinemas, e Os Dias com Ele, de Maria Clara Escobar. O “ele” em questão é o filósofo perseguido Carlos Henrique Escobar, em retrato de descoberta realizado por sua filha, vencedor do último Festival de Tiradentes.


Carta Capital

Nelson Mandela encontra-se bem e sua saúde melhora

O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que segue hospitalizado pela recaída de uma infecção pulmonar, encontra-se bem e sua saúde melhora, indicou nesta sexta-feira 29 um porta-voz da presidência sul-africana.
“Mandela encontra-se bem e tomou um café da manhã completo nesta manhã de 29 de março de 2013. Os médicos garantem que fez progressos constantes”, afirmou a presidência sul-africana em um breve comunicado.
Mandela, de 94 anos, ícone da luta contra o apartheid e o racismo, foi hospitalizado na noite de quarta-feira por uma recaída de uma infecção pulmonar que sofre há tempos.
Na quinta-feira, a presidência sul-africana indicou que reage positivamente ao tratamento.
“O país não deve entrar em pânico. Madiba (o nome do clã de Mandela) está bem”, disse na quinta-feira o presidente Jacob Zuma. “É preciso compreender que Madiba já não é um homem jovem. Se for feita uma avaliação hoje ou amanhã, as pessoas não devem entrar em pânico (…). Continua sendo o Madiba, apesar da idade que tem”, acrescentou.
Mas perguntado sobre se chegou o momento de encarar o inevitável (a morte de Mandela), Zuma respondeu: “sim (…), a idade sugere isto”.
No início de março, o ex-presidente sul-africano foi hospitalizado durante 24 horas e a presidência disse na época que se tratava de uma visita de rotina.
Sua última hospitalização longa, que durou 18 dias, ocorreu em dezembro de 2012, também como consequência de uma infecção pulmonar.
Há alguns anos, Mandela desapareceu do âmbito público e não faz nenhum comentário sobre a política de seu país.
No entanto, no dia 10 de fevereiro recebeu a visita do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que disse tê-lo visto “em bom estado e relaxado”, vendo televisão.
Mas alguns dias depois, seu amigo George Bizos, um advogado muito conhecido, o visitou e mostrou-se menos entusiasmado.
“Infelizmente, às vezes se esquece de que alguém faleceu e seu rosto expressa incompreensão quando você diz a ele que Walter Sisulu (ativista sul-africano contra o apartheid) ou outra pessoa já não formam parte deste mundo”, explicou.
Nelson Mandela sofreu vários problemas de saúde, frequentemente relacionados aos seus 27 anos de prisão e de trabalhos forçados na ilha de Robben Island (sudoeste).


Carta Capital

Elza Soares e Jorge Aragão - Malandro




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Elza Soares e Chico Buarque - Façamos, vamos amar




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Dolce Vita - Nino Rota



Um filme de Federico Fellini


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Música tema de Amacord - Nino Rota



Filme de Federico Fellini


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John Williams - Suas Melhores Músicas




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Tema de O Poderoso Chefão




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FHC: PSDB está longe do povo. Partido nem sequer sabe o que é povo



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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso torna-se o primeiro em seu partido a reconhecer que os tucanos estão longe do povo, ou nem sequer sabem o que é povo. Em sua participação num congresso estadual do PSDB paulista no início de semana, o ex-presidente afirmou que o seu partido precisa de um “banho de povo”.

“Andei muito com o (governador Franco) Montoro por São Paulo e pelo Brasil. Montoro falava pouco e direto: 1, 2, 3. A nossa mensagem tem que ser simples, tem que ser direta e pegar na população. O PSDB precisa de um banho de povo. Precisamos do povo. Temos que ouvir o povo”, pregou FHC.

O ex-presidente considerou "consolidada" a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao Palácio do Planalto em 2014, lançada por ele na virada do ano. FHC fala para ele mesmo e para a elite do tucanato. Ele faz de conta que o partido não está dividido e que o senador Aécio é candidato, quando a realidade é outra.

O povo é quem vê o PSDB como o partido dos ricos

O PSDB pediu três vezes para o povo eleger seu candidato a presidente e três vezes o povo elegeu o candidato do PT - o presidente Lula em 2002 e em 2006 e a presidenta Dilma Rousseff em 2010. Se isso não é a vontade popular, é preciso saber o que FHC entende por povo.

O líder tucano também negou que o PSDB seja um partido de “ricos”. Ora, quem diz que o PSDB é um partido de ricos e da elite é o povo nas pesquisas e não o PT. É o povo, nestes levantamentos de opinião pública, quem também aponta que o PSDB é o partido dos banqueiros, dos juros altos e das privatizações.

O ex-presidente tucano, ao considerar consolidada a candidatura Aécio Neves, finge esquecer que para se consolidar ela continua a enfrentar o mesmo problema que tinha na origem, a resistência do PSDB paulista, maior seção do partido no país. Enfrenta a oposição das bancadas tucanas estadual e federal, do ex-governador José Serra, que viajou para o exterior e nem sequer acompanhou Aécio em seu giro de quatro dias na capital paulista, e do governador Geraldo Alckmin.

Candidatura Aécio consolidada?

Serra e Alckmin preparam o troco para Aécio, que os derrotou em Minas quando eles disputaram a Presidência da República. E um levantamento feito pela Folha de S.Paulo esta semana mostra que dos 35 deputados estaduais e federais tucanos paulistas, só oito já definiram apoio à candidatura Aécio nas eleições do ano que vem.

Nesta enquete, 12 dos parlamentares do PSDB no Estado dizem que Aécio é um bom nome, mas não fecham questão sobre a candidatura. Outros 15 não dizem quem apoiam. O senador ficou de 6ª feira da semana passada até a 3ª feira desta semana em São Paulo, conversando, tentando aparar arestas para contornar esse quadro.

Foi embora de São Paulo com o governador Alckmin se mantendo reticente quanto a apoiá-lo nessa disputa e sem que o ex-governador José Serra anunciasse apoio à sua candidatura. Serra, como eu disse, nem recebeu Aécio, nem foi ao congresso estadual tucano, viajou para o exterior.
(Foto: Renato Araújo/ABr)


Blog do Zé Dirceu

Reforma política começa pelo fim do mercado de compra e venda de mandatos

Com a votação do primeiro item da reforma política incluída na pauta do próximo dia 9, na Câmara dos Deputados, o ex-presidente Lula fez nesta 3ª feira (ontem) uma ponderada e assertiva defesa das mudanças político-eleitorais. Ao participar do seminário "Novos Desafios da Sociedade”, promovido pelo jornal Valor Econômico, em São Paulo, o ex-presidente defendeu o financiamento público exclusivo de campanhas e foi mais longe: pediu que o financiamento por empresas privadas seja considerado um “crime inafiançável”.

Pelo que está programado na Câmara, o 1º item a ser votado na reforma política é o impedimento a parlamentares que trocam de partido de levarem para a nova legenda o tempo de rádio e TV e o dinheiro do fundo partidário. Ótimo, vamos intensificar, nós e o PT, a defesa da votação já do fim do mercado de compra e venda de mandatos ensejado por essa interpretação.

Vamos acabar com essa distorção criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que autorizou o parlamentar que vai para um partido novo, ou resultante da fusão de dois ou mais, levar o tempo de rádio e TV e o dinheiro do fundo partidário para a nova legenda em que ingressa. Isso é simplesmente um estímulo à infidelidade partidária e a criação de partidos para negociar tempo de rádio e TV.

Eleição de Lula, um avanço democrático


Além da fala no seminário, ontem, o ex-presidente Lula aborda a reforma política e toda a conjuntura nacional e internacional também numa excelente entrevista publicada hoje pelo mesmo jornal Valor Econômico. No seminário, o ex-presidente afirmou que a democracia no Brasil ainda é muito recente e considerou sua eleição (em 2002 e 2006) “um avanço” democrático no país.

No momento em que vivemos, em que deflagraram antecipadamente a campanha eleitoral de 2014 e vêm com motes já explorados em outras campanhas, o líder petista lembrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu a Prefeitura de São Paulo em 1985 para outro ex-presidente, Jânio Quadros, que tinha como mote varrer a corrupção da cidade.

Por isso, o ex-presidente Lula disse ser necessário cautela com os políticos que usam esse discurso. “Todo mundo que usa corrupção como bandeira de campanha tome cuidado, porque pode ser pior do que ele está pregando”, advertiu.

Alternância no poder

O ex-presidente defendeu, também, a alternância de poder entre diferentes grupos políticos e sociais e disse que os governantes não deveriam gastar tempo criticando antecessores. “Cada político tem que perceber que mandato é um produto perecível, com data para começar e acabar. Não tem tempo para ficar discutindo, culpando o governante anterior. Ou você faz ou não faz”, disse.

O ex-presidente resgatou uma proposta que já defende há algum tempo: se o Congresso não aprovar a reforma política, a nação deve convocar uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para fazê-la. "A gente deveria não só aprovar o financiamento público de campanha, como tornar crime inafiançável o financiamento privado", defendeu. Ele lembrou que em seu tempo no governo propôs a reforma política. E declarou sentir-se à vontade para defendê-la agora porque o seu partido, o PT, tem "pelo menos 30%" dos votos em todas as eleições.

Mas, em um ponto de sua palestra, ele mostrou-se cético quanto à possibilidade de as propostas de reforma em tramitação no Congresso serem aprovadas. "Não acredito que o Congresso vote a reforma porque as pessoas que estão lá querem continuar com o status quo que tem hoje." Uma das questões a serem exaustivamente debatidas: além do financiamento público, a reforma política defendida pelo PT prevê também a adoção de lista fechada para votação. Nesse modelo, o partido elabora uma lista de candidatos e os eleitores votam na legenda.

Ao falar sobre a crise econômica mundial, o ex-presidente Lula defendeu a necessidade de ação das lideranças no processo para superá-la e, ponto dos mais importantes em sua exposição, o ex-presidente criticou a imprensa por tentar "negar a política". Para ele "e um ledo engano, é um retrocesso sociológico, quando muitas vezes a imprensa tenta negar a política."



Blog do Zé Dirceu 

Dilma diz que declarações sobre inflação foram mal interpretadas

Após declaração à imprensa na África do Sul, onde participa da 5ª Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a presidenta Dilma Rousseff disse na quarta-feira (27) que seus comentários sobre inflação foram manipuladas e mal interpretadas pelo mercado financeiro. 


A presidenta disse ser contrária a medidas de combate à inflação que comprometam o ritmo de crescimento econômico do país. “Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico, até porque nós temos uma contraprova dada pela realidade”, disse.

“Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado, você entende? Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. Isso eu acho que é uma política superada”, acrescentou.

As declarações da presidenta, segundo nota divulgada pelo Blog do Planalto, foram mal interpretadas pelo mercado financeiro. “Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo”, disse a presidenta, de acordo com o informe.

Segundo o Planalto, “agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação”. Além de divulgar a nota, Dilma Rousseff determinou que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, preste esclarecimentos sobre o assunto.

Agência Brasil

quinta-feira, 28 de março de 2013

Leandro Fortes: O nazijornalismo do CQC



"Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime"

por Leandro Fortes, em CartaCapital

A violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, essa semana, um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra.
Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.
Não é jornalismo, porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.
A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.
A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.
Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança.
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.
Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.
Existem, sim, cretinos adultos.
E, a estes, dedico o meu desprezo e a minha repulsa, como cidadão e como jornalista.

Leandro Fortes 


  

Carta Capital 

Barbra Streisand - The way we were




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Herbie Hancock e Lang Lang - Rhapsody in Blue




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Entrevista coletiva concedida pela presidenta Dilma durante a V Cúpula dos Brics




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quarta-feira, 27 de março de 2013

Taxa de desemprego aumenta em sete regiões metropolitanas

 

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil


São Paulo – A taxa de desemprego em sete regiões metropolitanas analisadas na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) passou de 10% em janeiro para 10,4% em fevereiro. Segundo a pesquisa, feita mensalmente pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o total de desempregados foi de 2.311 mil pessoas, 82 mil a mais do que no mês anterior.
O nível de ocupação caiu 0,9%. A redução de 174 mil postos de trabalho foi superior ao número de pessoas que saíram do mercado (92 mil), o que resultou na elevação do contingente de desempregados. O total de ocupados foi estimado em 19.852 mil pessoas e a População Economicamente Ativa em 22.163.
A pesquisa analisa as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, do Recife, de Salvador, São Paulo e do Distrito Federal. A taxa de desemprego aumentou em todas as regiões pesquisadas, à exceção de Porto Alegre, onde caiu de 6,3% em janeiro, para 6,2% em fevereiro.


Agência Brasil

terça-feira, 26 de março de 2013

Pronunciamento de Requião no Senado Federal




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Santayana: Não estamos aproveitando bem a aliança natural com os BRICS















A presidenta Dilma Rousseff, o presidente Dmitri Medvedev (Rússia), o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes Hu Jintao (China), e Jacob Zuma (África do Sul) durante foto oficial da 4ª Cúpula do Brics, na Índia. Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República


por Mauro Santayana, no JB Online, via seu blog pessoal

Atribui-se ao controvertido general Golbery do Couto e Silva a máxima de que só os incompetentes perdem o poder. A frase, em si, pode ser inteligente, mas deve ser submetida a uma investigação da lógica. Devemos antes entender de que poder se trata. Há os que consideram o poder como exercício do hedonismo puro; outros, a colheita da bajulação ou da adoração. Outros ainda, de pragmatismo canalha, dele fazem o meio de enriquecimento pessoal.
E há os que buscam o poder a fim de realizar projeto político honrado. Na raiz da ideia milita a discussão entre os meios e os fins. Sendo assim, o poder é apenas um meio. A ética aconselha não fazer distinção entre uma coisa e outra; a prática vulgar da política faz dela uma regra, quando o objetivo é o do poder pelo poder. O meio já encerra, em si mesmo, o fim, como ocorre com qualquer caminho.
O governo da presidente Dilma Rousseff está diante desse dilema. Ministros defenestrados entram pelos portais palacianos, inflados de insolência, a fim de indicar seus sucessores. E, entre os ministros atuais, há os que, com arrogada autonomia, sabotam projetos do governo, agindo na contramão dos fins anunciados, como Paulo Bernardo, no caso da banda larga e da Telebras e em suas concessões às empresas estrangeiras.
Uma das grandes dificuldades do atual governo é a falta de coordenação entre os seus integrantes. A boa prática administrativa recomenda reuniões ministeriais periódicas e, no intervalo entre elas, consultas bilaterais, sempre que for o caso. No governo atual elas são quase inviáveis: como reunir 40 ministros, com a frequência recomendável?
Argumenta-se que a chefe do poder executivo federal é refém do parlamento e, para governar, tem que dar a cada partido, conforme sua representação, fatias do poder. É verdade, mas um governo, com a aprovação popular da atual presidente, pode virar a mesa, se quiser, e reduzir o número de ministérios ao patamar da razoabilidade.
É difícil administrar sem projeto nacional que se apoie em programa de ações coordenadas, como ocorreu, com seus acertos e erros, durante os governos de Vargas e Juscelino. Vargas defrontou-se com a prolongada crise econômica dos anos 30, agravada pela ascensão das potências do Eixo, mas, ainda assim, iniciou a ocupação racional do território, estabeleceu as bases de uma política social mais justa e, no momento certo, fez a opção internacional que mais nos convinha, ao aliar-se aos Estados Unidos. No segundo governo, avançou no desenvolvimento econômico, o que lhe custou a vida – mas não se afastou do seu objetivo de construir a grandeza nacional. Juscelino prosseguiu no mesmo caminho, e governou de acordo com o seu programa de metas.
Os dois sofreram, tanto quanto o atual governo, a pressão dos interesses antinacionais, exercida mediante parcela comprometida dos meios de comunicação. A situação internacional, hoje, é mais favorável. Não estamos submetidos ao maniqueísmo da Guerra Fria, e isso nos possibilitou aproximação com países emergentes como o nosso – a China, a Rússia, a Índia e a África do Sul. Não estamos aproveitando bem essa aliança natural com os BRICS.
Estamos agora construindo submarinos movidos a energia nuclear em parceria com a França, quando nos teria sido muito mais vantajosa parceria com a Rússia, de tecnologia melhor. E mais: nada explica nossas relações desiguais com a Espanha, que tem retirado do Brasil, por intermédio de suas empresas aqui, alguns dos recursos com que vai engambelando os seus credores. O BNDES tem sido mais do que generoso com instituições espanholas, como o Banco Santander e a Telefônica.
Terça-feira os países do BRICS se reúnem novamente em Durban, na África do Sul, com a presença de seus líderes maiores. É um bom momento para que o Brasil aprofunde as parcerias econômicas com a China, a Índia e a Rússia, que dispõem de recursos e tecnologia que ainda nos faltam – a fim de que possamos retornar ao Grande Projeto Nacional de Vargas. Mas é também necessário que coloquemos a administração nacional sob o jugo da racionalidade.



Viomundo

Bob Fernandes - Ou Serra Desocupa ou Sai da Moita




Blog do Luis Nassif

segunda-feira, 25 de março de 2013

Lang Lang toca Gershwin - Rhapsody in Blue




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Professor da USP analisa chances de Campos para 2014


Especialista aponta que os três principais oponentes da presidente ainda estão em fase de organização e não devem representar ameaças à petista neste momento.
Após a mais recente pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014, divulgada neste fim-de-semana pelo Instituto Datafolha, o favoritismo da presidente Dilma Rousseff não surpreendeu.
De acordo com Wagner Pralon, professor e cientista político da Universidade de São Paulo (USP), os novos dados reduzem a chance de que Eduardo Campos confirme sua presença nas urnas. 
"Ele é quem tem a estratégia mais complicada, porque é da base aliada e isso garante a ele recursos. Campos só vai sair candidato se ele perceber que a Dilma tem chance de perder. Não tem lógica se afastar da base aliada, perder recursos e entrar em um barco furado".
Isso é reforçado pela visita de Dilma a Pernambuco nesta segunda-feira (25/3), em que a presidente se uniu ao governador do estado para inaugurar obra de adutora, além de anunciar diversos investimentos na região.
Mais do que o crescimento de quatro pontos percentuais da presidente, passando de 54% para 58%, o recuo de dois pontos percentuais de Marina Silva (de 18% para 16%) e Aécio Neves (de 12% para 10%) foi o fator surpresa do levantamento. O avanço de Eduardo Campos também não chega a preocupar já que o governador pernambucano atingiu a marca de modestos 6%.
Ao contrário de Campos, Aécio e Marina estão consolidados na oposição e devem ser mais contundentes em seus posicionamentos.

A primeira ação do PSDB deverá ser buscar a estabilidade interna, lidando com José Serra e criando um consenso em torno do nome de Aécio para o pleito. O foco do neto de Tancredo Neves deve ser persuadir e esclarecer o núcleo paulista da legenda sobre as possibilidades reais de sua candidatura.

"No momento, essa candidatura passa por uma construção interna. Vão precisar dialogar com os tucanos paulistas, garantindo que esse núcleo não perderá espaço na gestão do mineiro".

No caso de Marina, sua possível candidatura também enfrenta desafios, tendo em vista que ainda estão sendo coletadas assinaturas para a criação de sua nova sigla, o Rede.

"A Marina está numa tentativa de buscar um discurso alternativo muito difícil, tentando arregimentar insatisfeitos na tentativa de construir uma terceira via. Ela tenta repetir o sucesso que teve nas últimas eleições", avalia Pralon.

Ainda que esteja muito cedo, Aécio e Marina devem unir forças por alguns momentos para tentar desbancar Dilma das possibilidades de vencer já na primeira rodada de votações. Além de utilizar a estratégia comum de criticar o governo federal, ambos devem fazer um esforço adicional para diferenciar as suas candidaturas entre si.

Para o especialista, os dois estão conscientes de que ao final da corridas eleitoral vão estar disputando entre si para enfrentar Dilma no segundo turno, "se isso realmente acontecer".

Diante do favoritismo e da aprovação da presidente, Pralon sinaliza que as candidaturas de Aécio, Marina e Campos representam um "esquenta de tudo o que pode acontecer em 2018, quando os três provavelmente estarão mais cotados para ocupar o lugar de Dilma".
Mas se ainda é cedo para falar de 2014, mais ainda para a eleição posterior. "O que podemos ter certeza é que os concorrentes da petista terão que se esforçar muito no próximo ano para conseguirem ao menos um segundo turno", diz.


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Maduro tem vantagem de até 22 pontos sobre Capriles

Por Assis Ribeiro
Da Agência


Brasília – Os resultados das mais recentes pesquisas de opinião feitas por diversos institutos de pesquisa da Venezuela dão como ganhador o presidente em exercício, Nicolás Maduro, com vantagem entre 16% e 22% sobre o candidato de direita, Henrique Capriles. O jornalista venezuelano José Vicente Rangel, em seu programa dominical, deu informação sobre várias pesquisas realizadas nas últimas semanas.
Uma delas, do Instituto Venezuelano de Análise de Dados (Ivad), indica que nas próximas eleições presidenciais 53,8% dos venezuelanos votariam pelo candidato Nicolás Maduro, que fica com vantagem de 22,2% sobre Henrique Capriles, com 31,6% de respaldo.
O estudo, feito entre 12 e 18 de março de 2013 pelo instituto, registrado no Conselho Nacional Eleitoral, perguntou quem é o melhor candidato para resolver os problemas do país: 54% disseram que é Maduro, enquanto 32,3% disseram que é Capriles e 13,7% se abstiveram de opinar. A vantagem a favor do candidato socialista é 21,7%.
A amostra, feita com 1.200 pessoas em todo o território nacional, também apresentou dados sobre a gestão do gabinete de Governo: 58,5% dos entrevistados consideram positiva.
Maduro também é visto por 54,3% dos venezuelanos como o candidato que garante maior estabilidade política ao país; Capriles obteve 31,5% de respaldo e 14,3% não responderam. A vantagem a favor de Maduro é 22,8%.
Independentemente da preferência de votos, 64,7% dos venezuelanos acreditam que Nicolás Maduro vencerá, 22% consideram que Capriles ganhará, e 13,1% não responderam. A vantagem a favor do socialista é 42,4%.
A respeito da militância partidária, o estudo do Ivad revelou que o Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) conta com 48,3% de militância e simpatia.
O apoio ou simpatia aos partidos de direita se divide da seguinte maneira: Primeiro Justiça, 6,7%; Ação Democrática, 4,4%; Um Novo Tempo, 3,6%; PPT, 1,4%; Copei, 1,2%; Vontade Popular, 1,1%; outros partidos somados, 3,9%; nenhum, 27,9%; não sabe ou não respondeu, 1,6%.
Pesquisa feita entre 12 e 13 de março deste ano pela Datanálisis indica que o candidato socialista Nicolás Maduro tem respaldo de 49,2%, enquanto Capriles conta com 34,8%. Maduro mantém vantagem de 14,4% sobre Capriles, que perdeu as eleições do dia 7 de outubro de 2012 por mais de 10 pontos.
As pesquisas feitas pela Hinterlaces, concluídas em 16 de dezembro, também revelam que o candidato Nicolás Maduro mantém ampla vantagem sobre o candidato derrotado nas eleições presidenciais passadas. De acordo com o instituto, Maduro tem o respaldo de 53% dos venezuelanos e Capriles de 35%. A vantagem do candidato socialista é 18%. Quanto à percepção de quem ganhará a disputa eleitoral, 61% garantem que será Maduro e 21% que será Capriles. A vantagem é 40% a favor do candidato socialista.
No mais recente estudo do instituto International Consulting Services, 58,2 % dos entrevistados disseram que se as eleições para presidente da Venezuela fossem hoje votariam em Maduro, enquanto 40,5% responderam que votariam em Capriles. A vantagem a favor de Maduro nessa pesquisa é 17,7%.


Blog do Luis Nassif

Dilma enfia Lula pela goela de Eduardo

Dilma: Lula nunca se esqueceu de onde veio. E Eduardo ?















Eduardo, temos um encontro em Pernambuco
Na solenidade em Serra Talhada para inaugurar o Sistema Adutor do Pajeú, Dilma mostrou a Eduardo Campos como vai tratá-lo na campanha eleitoral.

Dilma enumerou a longa lista de obras que Lulilma fizeram em Pernambuco.

Falou dos programas diretamente dirigidos aos pobres.

Como o abastecimento de água que inaugurava.

De Suape – a jóia da coroa de Eduardo – em que Lula e Dilma construíram a refinaria Abreu e Lima, a primeira que o Brasil constrói em 30 anos !, e que, em breve, vai produzir 2 mil e 300 barris/dia, os estaleiros, e o complexo petroquímico ali em volta.

O mais significativo, porem, foi Dilma reforçar a enfase que Lula deu a Pernambucano – como se dissesse: Eduardo, não venha me dizer que você fez isso sozinho.

E o que tornou o Governo Lulilma diferente foi colocar o povo no centro.

Dilma lembrou que tem lado, que estar ao lado do povo significa ter lado e vai ser muito difícil renegar essa “parceria”, a que ela se referiu muitas vezes.

Dilma tratou Eduardo a pão e água.

Com a distância protocolar que dispensa a um Governador da Oposição.

Quase não falou o nome dele – falou mais em Renata, mulher dele, que ajudou o Governo Federal a montar um programa de creches.

Dilma encheu a bola do Ministro Fernando Bezerra da Integração – aliado de Eduardo, mas que fez um discurso em que elogiou bastante Dilma.

Convocado ao microfone por Dilma, Bezerra anunciou a construção de uma ferrovia que vai cortar Pernambuco.

Ao sair da ligação ferroviária entre Suape (Recife) e Aratu (Salvador), essa nova ferrovia vai a Parnamirim, Petrolina e corta o São Francisco em Juazeiro.

Depois de enquadrar o Benjamin Steinbruch na Transnordestina (o que deve ocorrer breve), Dilma poderá chegar ao eleitor de Pernambuco em 2014 com essa nova obra fundamental, estratégica.

O recado foi claro.

Eduardo, quero ver você trair o que deve a Lula.

E a mim.

E a Arraes, a quem ela citou, como um leão na defesa das causas do povo.

O discurso de Eduardo foi de calorosa oratória anódina.

Citou o avô para falar da seca.

E defendeu o direito de divergir.

Foi massacrado pela Presidenta que subiu no palanque da campanha.

Que avisou: eu tenho o que mostrar ao povo de Pernambuco.

E o Lula vem comigo pro palanque.


Paulo Henrique Amorim


Conversa Afiada

Balança comercial tem superávit de US$ 211 milhões na quarta semana do mês

 
Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Após ficar deficitária em US$ 448 milhões na terceira semana de março, a balança comercial brasileira recuperou fôlego e fechou a quarta semana com superávit de US$ 211 milhões. No entanto, o saldo positivo não foi suficiente para salvar o resultado acumulado mensal, que está negativo em US$ 1 milhão. No ano, há déficit acumulado de US$ 5,315 bilhões. Os números foram divulgados hoje (25) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O superávit na quarta semana é resultado de US$ 4,882 bilhões em exportações e US$ 4,671 bilhões em importações. A média diária exportada chegou a US$ 976,5 bilhões, 8,6% acima da média de US$ 899 bilhões acumulada até a terceira semana de março. Trata-se da maior média diária registrada este ano. Antes, o melhor desempenho havia sido US$ 930 bilhões na terceira semana de fevereiro. Os produtos básicos puxaram as vendas externas no período, com crescimento de 20,1% ante a média acumulada até a terceira semana. Os principais responsáveis foram minério de ferro, petróleo bruto, carne de frango e soja e milho em grão. As exportações de manufaturados cresceram menos, 1,7%. Por outro lado, as vendas de semimanufaturados recuaram 5,1% no período.
No mês, a média diária exportada pelo Brasil ficou em US$ 923,2 milhões, com retração de 2,9% na comparação com março de 2012. Houve queda de 3,7% nas vendas externas de produtos básicos, entre eles petróleo bruto, algodão, farelo de soja, fumo em folhas e café, e de 8,5% nas de manufaturados, principalmente máquinas para terraplanagem, aviões, óleos combustíveis, partes de motores, motores e geradores. Já as vendas de semimanufaturados cresceram 18,4% no mês em relação a igual período do ano passado. Cobre, couros, peles, açúcar e alumínio brutos foram os itens da pauta de exportações que puxaram a alta.
De acordo com o ministério, os resultados deficitários do primeiro trimestre de 2013 já eram esperados por causa de uma resolução da Receita Federal que tornou mais lento o processo de importação de combustíveis e outras cargas a granel. Compras feitas pela Petrobras no exterior estão sendo computadas agora. Com o fim do represamento dessas importações e com o início da safra de grãos brasileira, é esperado que a balança comercial inicie a recuperação a partir de abril.


Agência Brasil

Elza Soares - Meu guri - Chico Buarque




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Como a Panair foi abatida em pleno vôo

A Comissão da Verdade investiga a possibilidade de que a ditadura militar tenha arruinado a empresa por causa das ligações entre os donos e dois antigos presidentes civis.

 










No apogeu, antes da ditadura militar

O artigo abaixo, publicado no site Com Ciência, é de autoria do jornalista Daniel Leb Sasaki, autor do livro Pouso forçado: a história por trás da destruição da Panair do Brasil pelo regime militar (Editora Record). A Comissão da Verdade investiga formalmente, agora, a possibilidade de a ditadura militar ter levado a Panair à bancarrota, por causa das ligações entre seus donos e dois antigos presidentes, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
O 10 de fevereiro é uma data histórica para a aviação comercial brasileira. Nesse dia, em 1965, as concessões de linhas aéreas da Panair do Brasil S.A. foram abruptamente cassadas, por meio de despacho assinado pelo então presidente da República, marechal Castello Branco, e pelo ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes, que se basearam em Exposição de Motivos apresentada pelo brigadeiro Clóvis Travassos, ex-diretor da antiga Diretoria da Aeronáutica Civil. A determinação, recebida via telegrama, foi anunciada apenas cinco horas antes da decolagem de um vôo internacional programado com destino a Frankfurt, Alemanha.
Um sentimento de incredulidade imediatamente tomou conta de todos. Primeiro, porque a Panair, concessionária das rotas para a Europa, África e Oriente Médio, era a mais respeitada e prestigiosa empresa de aviação do país. Com 35 anos de atividades, significava pioneirismo e qualidade, funcionava informalmente como consulado brasileiro em quatro continentes e representava, aos estrangeiros, o domínio e a capacidade técnica do país no setor aéreo.
Depois, porque o ato, baixado sem qualquer aviso prévio, deixou a diretoria e os clientes sem saber o que fazer com os bilhetes já emitidos. Mas a surpresa maior viria à noite: como soubesse da resolução governamental com antecedência, a Varig, então operadora de linhas para os Estados Unidos e Japão, tripulou de imediato um Boeing 707 para realizar, sem solução de continuidade, o vôo da concorrente cassada. E o avião decolou, ainda que com pequeno atraso, rumo a países para os quais os pilotos em tese nunca haviam voado, numa demonstração sem precedentes de eficiência na aviação comercial.
Tinha início o caso mais rumoroso do direito empresarial no Brasil. Sacudidos pela brusquidão da medida, os diretores da Panair se reuniriam com advogados em sessões permanentes, para tentar tornar sem efeito a cassação, a qual, segundo eles, contrariava as cláusulas do contrato de concessão de linhas aéreas celebrado com o Ministério da Aeronáutica, órgão que regulava o setor da aviação no país. Isso porque em momento algum antes da intervenção a empresa fora interpelada sobre possíveis irregularidades em suas operações, passara por perícia ou processo administrativo regular, ou fora cientificada das intenções das autoridades de cassá-la. Baseados nesses argumentos, os executivos decidiram impetrar um mandado de segurança ao Supremo Tribunal Federal, reivindicando a restituição do direito de operar, e entrar com uma ação por perdas e danos. Com sua principal fonte de receita parada e o STF em recesso, a companhia entrou também com um pedido de concordata preventiva na 6a Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, uma tentativa de resguardar intacto o patrimônio até que o mandado fosse julgado.

As aeromoças eram conhecidas pela graça
As aeromoças eram conhecidas pela graça


Nesse meio tempo, 5.000 funcionários, espalhados de Lima a Beirute, haviam instantaneamente perdido seu meio de subsistência e estavam em desespero. Acionistas e diretores cobravam respostas, eram ouvidos pelos jornais e amparados pela população. As autoridades, por conta disso, sentiram-se pressionadas a vir a público para justificar a decisão. Alegavam que há algum tempo vinham acompanhando a situação financeira da empresa, que rapidamente se deteriorava. Segundo eles, a crise era tão grave e acelerada, que o colapso da Panair, iminente, não poderia ser evitado mesmo se todo o pesado auxílio econômico destinado à indústria do transporte aéreo, previsto no orçamento do governo, fosse dado à empresa. E acrescentavam: irrecuperável, no futuro a Panair viria a ter problemas para realizar a manutenção em seus aviões, enfrentaria dificuldades em comprar peças de reposição e, por fim, provavelmente provocaria acidentes aéreos fatais.
Paulo de Oliveira Sampaio – que durante 16 anos administrou a companhia como diretor-presidente, transformando-a de subsidiária integral da Pan American World Airways em empresa de bandeira do Brasil completamente nacional – refutou as acusações. Dizia que além de todos os compromissos estarem em dia ou negociados, incluindo a folha de pagamento dos funcionários, os débitos reclamados pela União, contraídos com o Banco do Brasil, não eram exclusividade da concessionária cassada. De acordo com o diretor, as dívidas das quatro grandes empresas nacionais eram de 23 bilhões e 892 milhões de cruzeiros, dos quais 4 bilhões e 400 milhões correspondiam à Panair.
As origens desse débito remontavam a 1961, quando o Congresso aprovou um projeto de lei que fixava a subvenção para reequipamento em 3 bilhões e 200 milhões de cruzeiros (10 milhões de dólares, a uma taxa de câmbio de 320 cruzeiros por dólar). Na época, a aviação comercial era subvencionada no Brasil com base na quilometragem voada. A medida, inicialmente, deu fôlego às companhias. Contudo, por conta da crise político-econômica que se instalou no país, o dólar subiu até alcançar a taxa de câmbio de Cr$ 1.850, em que se encontrava em fevereiro de 1965. A desvalorização cambial, somada à estagnação do valor das subvenções, terminou por reduzir o pacote a um milhão e meio de dólares, aproximando o setor do caos. Nem financiamentos especiais pela Carteira de Câmbio do Banco do Brasil, autorizados pelo governo, continham os gastos das aéreas. E, como não havia meios de atualizar os valores subvencionados, decidiu-se, de comum acordo, em 1963, que o BB não exigiria o resgate dos débitos até que uma outra resolução fosse encontrada.
Isso era de amplo conhecimento das autoridades, mas nenhuma explicação foi suficiente. Em 15 de fevereiro de 1965, apenas três dias após o pedido de concordata preventiva ser impetrado, o juiz de plantão, Mário Rebello de Mendonça Filho, indeferiu, alegando em seu despacho apenas que, sem as linhas, a Panair do Brasil não teria meios de solver compromissos futuros e, eventualmente, iria à falência. Portanto, que estava desde já falida. Uma eutanásia jurídica. A decisão do magistrado, baseada em vaga exposição de motivos fornecida pela aeronáutica, liquidou a segunda maior empresa privada do país sem que houvesse qualquer dívida vencida exigível, títulos levados a protesto por parte de credores estatais e privados, ou ações trabalhistas na Justiça. A União, a seguir, entrou em cena mais uma vez. Na sentença que decretou a falência, o Banco do Brasil resolveu contrariar o acordo de moratória e, sem prestar explicações, protestou exclusivamente os títulos da companhia, mantendo intacta a situação das concorrentes – algumas das quais, devedoras de quantias superiores.


Mario Wallace Simonsen era amigo de Juscelino e Jango
Mario Wallace Simonsen era amigo de Juscelino e Jango


Hoje em dia, empresas aéreas, de maior ou menor porte, quebram a toda hora. Mas, na ocasião, o fechamento da Panair foi um evento tão inusitado e grandioso, que repercutiu por todo o mundo como escândalo. Estranhava-se a ausência, por parte do juiz, de diligência para averiguar se a empresa dispunha de outras fontes de renda. E elas eram várias. O grupo controlava a Companhia Eletromecânica Celma, que era – e ainda é – o mais avançado parque de revisão de motores a pistão e a jato do Hemisfério Sul, contratado não só pela maior parte das empresas aéreas nacionais, mas por 12 congêneres estrangeiras de peso e, até mesmo, pela Força Aérea Brasileira, que revisava ali seus motores. A Panair obtinha receita também de seu Departamento de Comunicação e Proteção ao Vôo, única infra-estrutura de telecomunicações aeronáuticas do país, responsável pela segurança e cobertura de vôo de toda aeronave, de qualquer nacionalidade, que sobrevoasse o Atlântico Sul. Nos hangares da companhia, serviços de manutenção garantiam renda adicional significativa.
Além disso, os donos da Panair, Mário Wallace Simonsen e Celso da Rocha Miranda, eram ricos, tinham boas relações com instituições financeiras e gozavam de grande prestígio e influência. O paulista Simonsen comandava mais de 40 empresas poderosas, entre elas a Comal e a Wasin S.A., que compravam e exportavam café para o mundo todo numa época em que o grão ainda correspondia a dois terços da pauta brasileira. Tinha capital majoritário na influente TV Excelsior, um dos canais de televisão mais promissores da época. O sócio, Celso da Rocha Miranda, do Rio de Janeiro, atuava principalmente no ramo de seguros, com firmas como a Companhia Internacional de Seguros e a Ajax Nacional de Seguros, as maiores do setor, que atendiam clientes como o Banco do Brasil e as Docas de Santos. Também trabalhava com aerolevantamento, prospecção e com a indústria imobiliária.
Era estranho que, com esse grupo forte por trás, a Panair subitamente tinha ido à bancarrota. Mas justamente aí estava a raiz do problema. Esses homens eram muito próximos ao ex-presidente Juscelino Kubitschek e pretendiam financiar sua candidatura nas eleições seguintes. Legalistas, tinham ficado marcados pelos militares por causa do apoio à posse de João Goulart três anos antes. Uma a uma, suas empresas passaram a sofrer intervenções ou sérias restrições de crédito.


                                 












Os vôos da Panair foram passados para a Varig

Na Panair, o desemprego em massa resultou em graves problemas sociais. Seus funcionários representavam, na economia dos anos 1960, cerca de 0,2% da força de trabalho qualificada do Brasil. Sem salário, tentaram de todas as formas sobreviver, inclusive recebendo doações de mantimentos em hangares fechados. Com poucas perspectivas de recolocação no mercado a curto prazo, havia uma única esperança para a maioria deles: as indenizações. Nos termos do Art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho, o pagamento ficava a cargo da União, já que a cessação das atividades da concessionária ocorreu por ato do poder público concedente. O governo, no entanto, nunca pagou. Quem assumiu os créditos foi a empresa falida, que, sem nenhuma obrigação de fazê-lo, pagou a todos, em dobro e com seu próprio caixa em apenas dois anos – outro recorde digno de nota na história falimentar do Brasil.
O processo de falência foi desastroso. Mesmo respaldados por jurisprudência, os representantes da empresa viam-se sempre imobilizados em todas as tentativas de se defender e ao patrimônio das intervenções do governo militar. Enquanto sofriam perseguições que incluíam acusações fabricadas – posteriormente, repelidas pela Justiça –, laudos periciais adulterados e desentranhamentos de promoções nos autos que os eximiam de culpa, o Banco do Brasil, por meio de seus representantes, dilapidou quase inteiramente os bens da Panair – em especial, a sua rede de agências e representações no exterior. Um determinado preposto da instituição, além de deixar de prestar contas das operações, transferiu para a Varig, gratuitamente, a maior parte dos contratos de aluguéis das lojas da ex-concorrente, com os bens móveis incluídos.
Paralelamente, por meio de decretos, a União desapropriou, a preços fantasiosos, a Celma e o Departamento de Comunicações, suas ações e equipamentos. Os aviões DC-8 e Caravelle foram, por pressão, arrendados à Varig e Cruzeiro do Sul, respectivamente, também a preços abaixo da realidade do mercado internacional. E quando os advogados da massa falida decidiram solicitar a atualização dos valores, tiveram como resposta a edição, a toque de caixa, do Decreto-lei n° 496, de março de 1969, que desapropriou as aeronaves, peças e sobressalentes.
O disparo de leis extravagantes tornou-se a principal arma da União para legitimar o extermínio da tradicional empresa de aviação, já que, técnica e financeiramente, os autos comprovavam na ponta do lápis a inexistência de justificativas. Com o tempo, também essa estratégia falhou. Isso porque, ao confiscar os aviões, os militares, na verdade, automaticamente levantaram a falência imposta. O governo dizia-se credor de NCr$ 70.931.960,41 (cruzeiros novos, moeda da época). Com os bens desapropriados orçados em NCr$ 79.684.892,43, o juízo falimentar reconheceu a dívida como paga e excluiu o Estado do rol de credores.
A Panair do Brasil, no chão havia quatro anos, surpreendentemente ainda dispunha de dinheiro para pagar, integralmente e à vista, o restante dos créditos. Assim, no dia 2 de junho de 1969 entrou com um pedido irrecusável de transformação da falência em concordata suspensiva, numa nova tentativa de retornar às atividades. Irrecusável, pois, nos termos da lei, o pleito era deferido caso o falido se propusesse a pagar 35% dos débitos à vista ou 50% no prazo máximo de dois anos. Em resposta, a Procuradoria Geral da União ajuizou – um dia antes da audiência que decidiria sobre o deferimento da concordata – um executivo fiscal instruído com uma nova certidão de inscrição de dívida ativa, para cobrar da empresa outros NCr$ 112.547.499,95 sobre o crédito que já havia sido extinto por decisão passada. No dia 3 de julho, o governo baixou o Decreto-lei n° 669, que retirava especificamente das empresas de transporte aéreo o benefício da concordata. A única aérea na situação era a Panair.
Essa nova peça de legislação, promulgada depois da impetração do pedido e antes do julgamento, foi veiculada pela imprensa como notícia antes mesmo da oficialização no Diário Oficial e utilizada pelo juiz da 6a Vara Cível para denegar o pleito. Por conseguinte, a falência foi mantida e os bens remanescentes postos a leilão no prazo recorde de 90 dias. O produto da venda, pago ao Estado como cobertura da nova dívida.
Durante 15 anos, a falida e a União brigaram nos tribunais por essa questão. Por fim, em dezembro de 1984, o Supremo deu ganho de causa à Panair do Brasil e condenou o governo a acertar as contas. Era a abertura política assegurando a independência da Justiça. Mas, àquela altura, havia pouco a comemorar. A antiga empresa estava sepultada, seu prestígio consumido e seus feitos esquecidos ou usurpados. De toda forma, sem a perseguição implacável do Estado, a Panair conseguiu levantar a falência em maio de 1995 e, desde então, luta por uma reparação moral e material por meio de uma série de ações judiciais. Algo ainda sobrevive. O ronco de seus motores se faz ouvir, seja na revogação do Decreto-lei 669 em fevereiro de 2005, seja na confraternização que os antigos funcionários realizam, todo ano, na data de aniversário da empresa para homenageá-la. Como um comandante certa vez disse, “a Panair era do Brasil no nome e dos brasileiros no coração".

Diário do Centro do Mundo