Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Lisboa – A crise econômica internacional que afeta especialmente os
países do sul da Europa está incentivando a emigração portuguesa. Os
principais destinos são os países do norte da Europa menos afetados pela
crise, como Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo. Há também correntes
migratórias para Angola, Brasil e Moçambique; países falantes do idioma
português.
A diáspora portuguesa não ocorre pela primeira vez na história.
Portugal, sendo um pequeno país, ex-império colonial e tendo uma
população reconhecida pela capacidade de adaptação cultural, há muitos
anos é tido como um país de emigrantes – inclusive para o Brasil.
Conforme estatística aceita por especialistas, há cerca de cinco milhões
de lusitanos e seus descendentes diretos vivendo mundo afora. Desses,
cerca de 2,3 milhões são nascidos em Portugal – número que se aproxima
de um quarto da população residente no país (10,2 milhões).
De acordo com a socióloga Filipa Pinho, coordenadora da equipe técnica do Observatório da Emigração
do Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), o que diferencia os
processos de emigração no século 21 é que “há mais liberdade de
circulação, intercomunicação e aproximação de fronteiras”.
A internet favorece que as pessoas que queiram emigrar acionem redes
locais de apoio e solidariedade no país de destino, além de
disponibilizar informações instantâneas e a chance de pesquisar emprego e
oportunidades de negócio. Esse é o caso de Bruno Carvalho, solteiro com
30 anos, que pensa em emigrar para algum país asiático e lá abrir um
pequeno negócio como padaria ou doceria. Ele não descarta ir para o
Brasil, mas teme a violência, lembra do custo de vida e desconfia de
como será o futuro da economia brasileira após os Jogos Olímpicos de
2016; “não vejo que haja de fato bom desempenho econômico”, disse à Agência Brasil.
A principal razão para Bruno planejar a vida fora de Portugal é 'a
falta de perspectiva' em seu país e o desejo de viver em lugares de
outra cultura. Apesar de estar empregado como caixa de uma rede de
supermercados em meio período, Bruno avalia ter potencial e tempo para
outras atividades – antes da crise tinha dois empregos. A outra
atividade, da qual foi demitido em outubro do ano passado, era de
assistente de escala na pista do Aeroporto de Lisboa.
A emigração de pessoas jovens como Bruno Carvalho poderá ter efeito
grave no futuro de Portugal, cuja população envelhece acentuadamente
pondo em risco o sistema de seguridade social. De acordo com o Instituto
Nacional de Estatísticas, órgão português equivalente ao IBGE, na
última década a população do país só cresceu em 200 mil habitantes –
especialmente imigrantes, dos quais 77 mil eram brasileiros. O número de
filhos por mulher portuguesa caiu de 1,56, em 1990, para 1,36, em 2010.
No Brasil a taxa era de 1,9 filho por mulher, em 2010.
Por ora, a emigração tem garantido mais divisas ao país. Nos últimos
anos, cresceu o saldo positivo das transações (envio e recebimento de
euros) com Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo; assim como com Angola. No
caso do Brasil, os dados coletados pelo Observatório da Emigração ainda registram fluxo monetário favorável ao Brasil por causa da colonia de 111 mil habitantes residentes em Portugal.
De 2008 para 2011, a entrada oficial de portugueses no Brasil passou de
482 pessoas ao ano, para 1.564. O registro consular português
contabiliza que a população lusitana entre os brasileiros cresceu de 384
mil para mais de 425 mil. O registro, no entanto, não é obrigatório e o
dado pode incluir descendentes nascidos no Brasil e pessoas que se
registraram muito tempo depois de emigrarem.
Entre os portugueses, há quem ache vantajosa a emigração para o Brasil, mas há quem reclame do mercado de trabalho ser de difícil acesso, como é o caso dos engenheiros que não conseguem registro para trabalhar.
Para contornar essa situação, nesta quinta-feira (21), a Associação
Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(Andifes) e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (Crup)
assinaram, em Brasília, um memorando de entendimento para agilizar os
processos de reconhecimento, revalidação e equivalência de graus e
títulos acadêmicos.
Agência Brasil
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