Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu hoje (21) na
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) a manutenção das
desonerações e a reforma dos principais tributos, como o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do PIS/Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), para aumentar a
competitividade e manter a economia em crescimento. A sessão foi
convocada para debater as mudanças no ICMS em uma tentativa de acabar
com a guerra fiscal. “Temos tributos arcaicos que já cumpriram o seu
papel. Eram adequados para o passado, mas não são mais”, disse Mantega.
Mantega disse que mudanças no ICMS devem abrir portas para que os
estados tenham mais arrecadação e modernizem suas economias. “A União
não irá ganhar nada. Pelo contrário. Nós iremos entrar com os recursos
[por meio de fundos para estudar os estados mais afetados com a
reforma]. Mas nós teremos a recompensa com mais crescimento e mais
arrecadação [no futuro].”
Antes, o ministro fez uma análise da atual situação da economia
brasileira e mundial para defender as mudanças que incluem a reforma nos
impostos. O ministro destacou ainda o fraco desempenho do comércio
internacional que, segundo ele, termina “irradiando” os efeitos
negativos por toda a economia. Para o ministro, 2013 poderá ser um ano
melhor para o Brasil com os sinais positivos vindos dos Estados Unidos e
a melhora da situação da União Europeia.
“Em 2013, esperamos um quadro um pouco melhor. As medidas adotadas pelo
governo tem surtido efeito. A economia está caminhando ainda melhor no
primeiro trimestre [deste ano] do que no quarto trimestre de 2012.
Estamos em uma trajetória de gradual crescimento ante a crise que ainda
não foi debelada. Mas essa crise exige uma série de medidas”, destacou
para justificar as mudanças que incluem a reforma do ICMS.
A votação do projeto de resolução
do Senado que unifica as alíquotas do ICMS entre os estados ficou para
abril, pois existem pontos que precisam ser negociados com os
governadores. Até o início desta semana, a votação estava prevista para a
próxima terça-feira (26) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
(CAE).
Com a alteração da data de votação, a expectativa é que o projeto vá a
plenário até maio já que a resolução precisar ser aprovada antes de
junho, quando termina o prazo de vigência da Medida Provisória 599,
que dispõe sobre a prestação de auxílio financeiro pela União aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios, com o objetivo de
compensar perdas de arrecadação decorrentes da redução das alíquotas.
Entre os pontos a serem negociados está o montante de recursos para o
fundo que compensará as perdas. Na proposta do Ministério da Fazenda
estão estimados R$ 8 bilhões por ano, mas parte dos governadores querem
até R$ 15 bilhões ao ano. Outro fundo é o de desenvolvimento regional
(R$ 296 bilhões) para ajudar as regiões mais pobres até 2033.
Na estrutura atual, as alíquotas variam de 7% a 12%, mas, com a proposta, seriam reduzidas a 4%
a partir do ano que vem e até 2016 nos estados do Sudeste e Sul. No
caso das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a redução seria feita
em 12 anos. A exceção ficaria com a Zona Franca de Manaus e para o gás
natural da Bolívia transportado por Mato Grosso do Sul, cujo ICMS
interestadual continuará em 12%. O assunto é polêmico entre os governadores e seus representantes no Congresso Nacional.
O ICMS interestadual é cobrado quando uma mercadoria passa de um estado
para outro. O imposto é arrecadado pelo estado produtor, que fica com
12% ou 7% do valor do item, e pelo estado consumidor, que arrecada o que
faltar da alíquota total do ICMS.
O governo federal tenta unificar as alíquotas alegando que isso poria
fim à guerra fiscal, que é a prática dos estados de oferecer descontos
ou financiar o ICMS interestadual para atrair, por exemplo, indústrias
para os seus territórios. Na avaliação da equipe econômica, a unificação
do imposto interestadual em 4% até 2025 acabaria com o problema. Em
troca, os estados produtores teriam as perdas compensadas por um fundo
de compensação automática e por um fundo de financiamento de projetos de
infraestrutura até 2028.
*Colaborou Wellton Máximo //
Agência Brasil
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