A corrupção política é um problema complexo
constituído da ação conjunta e unificada de governantes e empresários
(Governo e Mercado) visando a interferência nas tomadas de decisões para
a aplicação explícita (narrativa explicitada) e uso criminoso (manobra
oculta) do dinheiro público. Estão orientados pelo engando de uma falsa
fé, os que ainda acreditam na promessa de emprego da força coativa
(policial-prisional): esse remédio é ineficaz por atuar com a simplória
fórmula de combater tão somente os efeitos do fenômeno.
Não existe solução simples para problema
complexo. O Min. Barroso demonstrou maturidade intelectual, moral e
pragmática na reflexão institucional que fez no prólogo de seu voto. Não
apenas recolocou a percepção dos fatos dentro de seu adequado horizonte
experimental (sistema político-partidário-eleitoral), como também
pontuou as questões fundamentais que estão na raiz dos problemas: 1) a
interferência decisiva do investimento de mercado (dinheiro para bancar
custo de campanhas); 2) o faz-de-contas do caráter programático dos
partidos políticos (instrumento cartorial, mercantil e discursivo de
promessas não cumpridas) e 3) Parlamentos que fazem do engessamento da
Governança instrumento de barganha para obtenção do retorno do
investimento feito para a eleição do parlamentar.
Ao apontar as três principais causas ou fatores
da corrupção, o ministro Luís Barroso entregou de bandeja ao debate
político o eixo central da pauta da reforma política. E mais, denunciou o
caráter de urgência dessa tarefa, como forma de distinguir a verdadeira
liderança comprometida com o aperfeiçoamento do País e com o bem estar
de seu povo, daquelas outras que só se preocupam com a politicagem dos
embates eleitorais: o denuncismo tático baseado na hipocrisia de um
falso moralismo.
Blog do Luis Nassif
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