Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Assim como a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da
Verdade da Câmara Municipal de São Paulo vai investigar as
circunstâncias da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de
agosto de 1976, em um acidente no município de Resende, no Rio de
Janeiro. Juscelino governou o país de 1956 a 1961.
A primeira fase dos trabalhos da comissão começou hoje (13), com o
depoimento de quatro pessoas: Serafim Jardim, ex-secretário de JK, os
advogados Paulo Castelo Branco e Paulo Oliver, e Gabriel Junqueira Villa
Forte, filho do proprietário de um hotel onde o ex-presidente parou
momentos antes do acidente.
Autor do livro Juscelino Kubitschek: Onde Está a Verdade?,
que questiona se o ex-presidente morreu realmente em um acidente de
carro, Serafim Jardim lembrou que JK vinha recebendo muitas ameaças na
época. “O Juscelino falava para mim que estavam querendo matar ele. Ouvi
isso várias vezes dele. Eu tenho quase certeza de que o presidente
estava sendo vigiado”, disse Jardim, que em 1996 solicitou a reabertura
das investigações da morte de JK.
A versão oficial diz que Juscelino morreu em um acidente na Rodovia
Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O carro em que
ele estava colidiu com uma carreta, depois de fechado por um ônibus. O
motorista Geraldo Ribeiro também morreu no acidente, que ocorreu perto
de Resende. No entanto, a versão de morte acidental é contestada há anos
por alguns órgãos e pessoas.
Segundo o advogado Paulo Castelo Branco, responsável pela reabertura
do processo que investigou a morte do ex-presidente, existem muitas
questões que não foram esclarecidas. “Durante as apurações feitas nas
novas investigações, a perícia encontrou um objeto de metal no crânio do
Geraldo [motorista]. Isso fortalece a possibilidade de JK ter sido
assassinado”, disse ele.
Também foram ouvidos hoje o advogado Paulo Oliver, passageiro do
ônibus que fechou o carro onde Juscelino viajava, e Gabriel Junqueira
Villa Forte. Filho de um brigadeiro que conhecia Juscelino e era dono de
um hotel em Resende, a menos de 3 quilômetros do local do acidente,
Villa Forte afirmou que não há o que investigar sobre a morte do
ex-presidente: “A curva é muito perigosa mesmo." Para ele, o motorista,
provavelmente, corria e perdeu o controle da direção. "Não tem a menor
chance de ter sido algo diferente.”
O presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal, vereador Gilberto Natalini (PV), disse à Agência Brasil que
as investigações sobre a morte de JK vão continuar. Serão ouvidas mais
seis pessoas, em datas que ainda não foram divulgadas. O grupo
encaminhará à Comissão Nacional da Verdade um relatório sobre seus
trabalhos.
Natalini informou que hoje foram recompilados informações e dados
que já tinham sido levantados da morte de JK até agora. "Não tivemos
aqui uma novidade bombástica sobre a morte de Juscelino, e sim a
reafirmação da suspeita de que ele não morreu em um acidente, de que o
acidente pode ter sido provocado por uma ação política do regime
militar”, afirmou o vereador. “A morte de Juscelino é uma coisa ainda em
aberto. Existem muitas dúvidas sobre ela, e o que estamos tentando é
perseguir essas dúvidas e buscar as respostas, aproximando-nos o máximo
possível da verdade”, acrescentou.
Entre os elementos que Natalini considera "estranhos" está o fato de o
carro do ex-presidente não ter sido periciado à época. “Há vários
indícios. A tese de que houve um atentado contra Juscelino é uma tese
que se sustenta. Não é uma fantasia”, afirmou.
Agência Brasil
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