Governador de São Paulo afirmou na semana passada
que, se for comprovado o caso do cartel no metrô e nos trens, "o Estado é
vítima"; Geraldo Alckmin também não tem poupado críticas ao Cade, que
segundo ele, não libera a investigação e vem fazendo "vazamento
seletivo" dos fatos; mas o caso já se estende há anos, e denúncias
apontam como suspeito o contrato fechado pelo tucano em 2003 com a
francesa Alstom para a construção da linha 4-Amarela, marcada por uma
cratera em 2007; um mês antes, uma conta na Suíça atribuída ao irmão do
então presidente do Metrô teria recebido cerca de R$ 20 milhões
SP247 – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não teve receio ao dizer,
na semana passada, que caso se comprove a denúncia de cartel em
licitações do Metrô e trens no Estado, feita pela Siemens, "o Estado é
vítima". Ele também não tem poupado críticas ao Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômico), subordinado ao Ministério da
Justiça. Para o tucano, o órgão deveria ter impedido o esquema e faz
agora um "vazamento seletivo" dos fatos, além de não liberar a
investigação para o governo.
Acontece que as suspeitas nos processos de concorrência e
superfaturamento nas obras do transporte sobre trilhos dura muitos anos.
Uma reportagem do jornalista Rodrigo Vianna, exibida na TV Record em
2010 e trazida à tona pelo blog Tijolaço,
revela, por exemplo, uma lista com nomes de animais que consta de uma
investigação da Polícia Federal. Diz o documento: R$ 1 milhão para o
"jumento", R$ 170 mil para o "abelha", R$ 49 mil para o "macaco" e R$ 30
mil para o "tigre". Os codinomes são de pessoas que teriam recebido
propinas de empreiteiras, identificadas durante a investigação Castelo
de Areia. O "mel de abelha", por exemplo, era o Diretor de Assuntos
Corporativos do Metrô Sérgio Corrêa Brasil.
Um episódio que se destaca é o fechamento do contrato feito por
Geraldo Alckmin em 2003 com a multinacional francesa Alstom para a
construção da linha 4-Amarela do Metrô, também suspeito. Um mês antes de
o contrato ser acertado, uma conta na Suíça atribuída a Jorge Fagali
Neto, irmão do então presidente do Metrô, teria recebido R$ 20 milhões. A
conta acabou sendo bloqueada pela Justiça por suspeita de ter recebido
recursos ilegais da Alstom.
A mesma decisão bloqueou outra conta, também na Suíça, atribuída a
Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo
e segundo homem na hierarquia no primeiro governo do tucano Mario Covas
(1995-1999). Leia mais aqui,
em reportagem da Folha de S.Paulo publicada em 2009. Como se os desvios
não fossem suficientes, as obras da Linha Amarela marcaram o País por
uma tragédia: durante a construção da estação Pinheiros, uma cratera
engoliu carros e um micro-ônibus, deixando sete mortos em janeiro de
2007.
Tudo prova que, se quisesse, Geraldo Alckmin teria investigado o
esquema denunciado com detalhes agora pela alemã Siemens. Mas não
investigou. E agora coloca a culpa no Cade.
Assista abaixo à reportagem da Record exibida em 2010:
Brasil 247
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