terça-feira, 23 de dezembro de 2014

As técnicas de tortura praticadas durante a ditadura no Brasil




Sugerido por Almeida

Dicionário ilustrado da tortura no Brasil

Publicado no site do PCB - Partido Comunista Brasileiro

Fotos por João Paulo Charleaux

Ilustração por Bruno Maron

​Na mesma semana em que o Senado dos EUA publicou detalhes das torturas praticas pela CIA contra prisioneiros da chamada "Guerra ao Terror", a CNV (Comissão Nacional da Verdade), aqui do Brasil, entregou à Presidência da República, depois de dois anos e meio de trabalho, seu relatório final – um catatau de três tomos que resume o que foi nossa ditadura militar.

Um dos capítulos mais chocantes é o que trata de tortura. A CNV conta que instrutores estrangeiros ensinaram métodos de tortura a militares brasileiros aqui mesmo, em solo nacional. Agentes franceses teriam desembarcado no Brasil para ensinar algumas técnicas brutais aprendidas e testadas na guerra de descolonização da Argélia, nos anos 50.

Mais tarde, oficiais brasileiros frequentaram aulas de tortura na Escola das Américas, criada pelo Departamento de Defesa do governo dos EUA. O local foi um centro de irradiação destas práticas para toda a América Latina, durante a Guerra Fria, nos anos 60.

Entre 1964 e 1985, 434 pessoas foram mortas e desaparecidas pelo governo militar brasileiro, e mais de 6 mil foram torturadas. Além de torturar seus cidadãos, o Brasil também exportou técnicas de tortura para ditaduras vizinhas.

O Estádio Nacional, uma espécie de Estádio do Maracanã do Chile, foi convertido em 1973, pela ditadura do general chileno Augusto Pinochet, num gigantesco centro de tortura coletiva. Lá, diversas vítimas relataram ter visto e ouvido especialistas brasileiros ensinando técnicas de tortura a militares chilenos. As máquinas usadas no Estádio Nacional também continham manuais de instrução em português, de acordo com dissidentes torturados no local.

Todas as técnicas abaixo foram relatadas por torturados e torturadores à CNV. Como muita gente ainda parece não ter entendido o quanto essa prática é abominável, resolvemos convidar o desenhista Bruno Maron pra tornar mais óbvio o horror da coisa toda.

 
Animais  -  Besouros vivos eram introduzidos pela garganta, e ratos, pelo ânus dos prisioneiros, que também eram mantidos em quartos escuros com cobras.

Choques  -  Descargas violentas eram aplicadas nas orelhas, no ânus, na vagina e no pênis. Na cadeira-do-dragão, um assento de madeira  revestido com folha de zinco era molhado e eletrocutado, com o prisioneiro nu sentado sobre ele. No capacete elétrico, um balde de metal era enfiado na cabeça do preso e conectado a eletrodos. O prisioneiro era obrigado a comer sal, para aumentar a intensidade da corrente elétrica e provocar maior ardência na boca que, seca e convulsionada, se contraía, mordendo a língua até cortar.

Nescau  -  O torturado fica em pé sobre latinhas de leite-em-pó abertas, até não poder mais. Quando não resistia,  apanhava de vários torturadores ao mesmo tempo. Na maioria das vezes, tinham que ficar de braços abertos, como Cristo.

Empalados   -  Cassetetes embebidos em pimenta eram introduzidos pelo reto até que o prisioneiro perdesse a consciência.

Estupros   -   Além de empalados, os presos e as presas eram estuprados várias vezes por grupos de torturadores que se revezavam, xingando e cuspindo dentro das  bocas.

Testículos e unhas   -   O saco escrotal do preso era amarrado com barbantes e pedaços de madeira e tijolos,  esmagados com alicates ou a golpe de porretes. Unhas eram arrancadas com alicates ou penetradas com agulhas finas.

Pau-de-arara   -   Presos eram suspensos por barras de metal ou madeira enfiadas entre as pernas e braços  dobrados, numa das posições de tortura mais dolorosas. De cabeça para baixo,  a pessoa tinha as narinas preenchidas com querosene. Com o nariz fechado, introduzia-se uma mangueira com água corrente pela boca.

 Pancadas   -   Telefone com mãos espalmadas nas orelhas deixavam o presos desnorteados ou desmaiados. Golpes de cassetete na sola dos pés e nas mãos rompiam vasos sanguíneos, provocando inchaço e impedindo a pessoa de ficar em pé, andar ou segurar objetos.





Jornal GGN   -   Luis Nassif Online

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