quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Cuba e EUA restabelecem relações. É o início do fim do bloqueio, o “Muro” do Ocidente

17 de dezembro de 2014 | 16:19 Autor: Fernando Brito



Hoje é um grande dia para os que creem na soberania das nações e na boa-vontade entre os povos.

Cuba e Estados Unidos restabelecem relações diplomáticas e, assim, tornam inevitável o caminho para que cesse o bloqueio norte-americano à ilha, o equivalente ocidental ao Muro de Berlim.

Para os mais jovens, trata-se de restrições às relações comerciais entre os dois países, imposta pelos EUA no início de 1962 (!), como forma de tentar derrubar a revolução liderada por Fidel Castro.

Com ele, qualquer empresa sediada ou com subsidiárias nos Estados Unidos pode ser multada ou até fechada se fizer negócios com a ilha.

Os prejuízos a Cuba chegam a incríveis US$ 1,1 trilhão, segundo cálculos apresentados este ano na ONU, que há década exige o fim do embargo, uma determinação praticamente unânime da comunidade mundial, da qual se excluem apenas Israel e as minúsculas Ilhas Palau, que se declaram estado associado aos EUA.

Ah, sim, e a comunidade coxinha brasileira, que ressuscitou o tal “vai pra Cuba” com 40 anos de atraso civilizatório.

O que, considerando o déficit mental desta turma saudosa da ditadura – na qual 70% não viveram, para ver como era “bom” – até que revela uma certa coerência na estupidez.

É uma grande vitória, também, para dois homens.

Um, o Papa Francisco, que abandonou as pompas e a circunstâncias vazias e atirou-se ao mundo como um verdadeiro promotor da convivência humana.

Suas gestões junto a Barack Obama e Raúl Castro foram o empurrão que faltava para o gesto que, embora obvio, faltava há mais de meio século.

Outro, Fidel Castro, um líder que sobreviveu aos atentados, ao bloqueio, à desestabilização e a inimaginável quantidade de golpes que se desfecharam sobre um pequeno país que, com todas as restrições que se possa fazer-lhe, avançou na educação, na saúde, na elevação do ser humano como talvez nenhum outro tenha feito em duas gerações.

Mas ambos, Francisco e Fidel, Cuba e Estados Unidos, ficam pequenos diante do significado de algo que se parece estar querendo ser deixado de lado aqui: a capacidade das pessoas e dos países em conviverem com as diferenças, sem ódios.

Em paz.

E que por isso vale a pena esperar, nem que seja toda uma vida.
 
 
 
Tijolaço

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