O massacre a que vem sendo submetida a Petrobras, seja na Operação Lava Jato ou nas denúncias diárias na imprensa, como a mais recente, da ex-funcionária Venina Velosa, já fizeram uma vítima: o investidor em ações da companhia; em apenas três meses, a empresa comandada por Graça Foster perdeu 45% de seu valor e a estatal, antes avaliada em R$ 229 bilhões, hoje vale R$ 127 bilhões; na vida real, no entanto, a realidade é outra; embora não tenha divulgado seu balanço, a empresa revelou que suas vendas cresceram 13,7% no trimestre e atingiram R$ 88,3 bilhões; a Petrobras nunca esteve tão barata, mas ninguém sabe até onde irá o bombardeio – e a queda nas ações
13 de Dezembro de 2014 às 17:10
247 - Em apenas três meses, mais de R$ 100 bilhões evaporaram das ações da Petrobras. Em setembro deste ano, antes da fase mais aguda da Operação Lava Jato, a Petrobras tinha um valor de mercado de R$ 229 bilhões. Ontem, após mais um tombo, de 5,82%, o valor era de R$ 127 bilhões. Na prática, em 90 dias, a queda foi de 45%.
Nesse período, houve uma queda acentuada nos preços do barril do petróleo, que recuaram de US$ 100 para US$ 60, mas o bombardeio diário a que a Petrobras vem sendo submetida tem peso significativo na explicação para a queda dos papéis. Ontem, a empresa adiou, pela segunda vez, a divulgação do seu balanço. O motivo foi a divergência, entre os membros do conselho de administração, sobre os valores que deveriam ser cortados dos ativos, diante das denúncias de corrupção que atingem a companhia.
A tempestade contra a Petrobras vem de várias frentes. No Paraná, procuradores da Lava Jato mantêm presos fornecedores da estatal, num movimento que gera consequências em todas a cadeia produtiva. Tanto a Engevix quanto a OAS já anunciaram mais de mil demissões, cada uma, em seus estaleiros. Nos Estados Unidos, bancas de advocacia aproveitam o momento negativo para ingressar com ações judiciais contra empresa. E, na imprensa, a maré diária de denúncias foi reforçada por uma nova personagem, a geóloga Venina Velosa, que, agora, é vista pela oposição como um instrumento capaz de derrubar a presidente Graça Foster e, assim, abrir o caminho para tentar atingir a própria presidente Dilma Rousseff.
O bombardeio é intenso, mas o fato é que, na vida real, a realidade da Petrobras é menos negativa do que parecem. Embora não tenha divulgado seu lucro, que era estimado por analistas em cerca de R$ 5 bilhões para o trimestre, a Petrobras soltou um número: o crescimento de 13,7% nas vendas, que foram a R$ 88,3 bilhões. Além disso, a queda no barril do petróleo eliminou o discurso dos críticos, que, até recentemente, apontavam 'defasagem' nos preços da gasolina. Na prática, a estatal melhorou suas margens de lucro. Para completar, numa entrevista recente, o principal executivo da francesa Total, sócia da Petrobras no campo de Libra, afirmou que o barril a US$ 60 não ameaça a rentabilidade dos investimentos no pré-sal.
A Petrobras nunca esteve tão barata, mas isso não significa, no entanto, que o investimento na empresa esteja imune a mais trovoadas. Como não divulgou seu balanço, a empresa terá dificuldades para acessar o mercado de capitais em 2015. Por isso mesmo, a empresa deve cortar gastos e investimentos em 2015 para, assim, preservar seu caixa, de mais de R$ 62 bilhões. E quanto mais tempo durar a crise, pior será para a empresa.
Graça Foster mantida
Apesar de todas as pressões, a presidente já deu vários sinais de que pretende manter a presidente da companhia, Graça Foster. O mais contundente quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, numa declaração que extrapola suas funções, cobrou a demissão de toda a diretoria. Imediatamente, Dilma cobrou do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que questionasse Janot sobre eventuais indícios contra Graça e os atuais diretores. Janot disse que não e Cardozo, em seguida, chamou uma coletiva para tornar pública essa posição.
Embora a oposição pretenda transformar Venina Velosa num instrumento para a queda de Graça, por prevaricação, dificilmente será bem-sucedida nessa nova empreitada. Venina foi demitida da Petrobras após ser responsabilizada por sobrepreços na área de Abastecimento, do ex-diretor Paulo Roberto Costa, a quem assessorou. E só tornou públicas suas acusações após a demissão.
Resta, agora, a pressão para que Graça saia com o argumento de que, assim, será possível abrir caminho para uma retomada da confiança na empresa. Nada indica, no entanto, que Dilma esteja disposta a abrir mão de uma de suas mais importantes auxiliares.
Brasil 247
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