segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mídia abre os olhos diante da verdadeira crise na Grã-Bretanha

Nossa mídia demorou semanas para sair do noticiário chapa-branca resultante da versão "comprada" do governo britânico (e que ele impingia às agências internacionais) de que os incidentes em Londres e outras cidades do Reino Unido eram ações de criminosos, vândalos e arruaceiros.

Agora, visivelmente a contragosto, e ainda de uma forma desconjuntada, nossa imprensa assume o óbvio (começou nesse fim de semana), já que nem a oposição trabalhista aceitou essa versão cândida e falsa, dos conservadores do primeiro-ministro David Cameron.

No fim de semana, ainda que não atribuam diretamente os distúrbios que conflagraram Londres e demais cidades inglesas ao agravamento da situação social provocada pela crise econômica global, os jornalões começaram a noticiar, a analisar e a registrar que a crise levou e expõe a miséria e crime nas periferias britânicas.

A verdade que camuflam na crise inglesa

A imprensa começa a reconhecer que em 30 anos de neoliberalismo massacrante (mas, os jornais nem dizem isso com todas as letras), imposto e que teve seu apogeu no reinado da primeira-ministra Margareth Thatcher (Partido Conservador) a desigualdade em Londres explodiu e o desemprego e a criminalidade nos bairros das cidades inglesas estão altíssimos. Em alguns deles as taxas estão entre as mais altas do mundo.

Quando digo que o noticiário está desconjuntado, errático, é porque querem dar aos distúrbios que transtornaram e levaram caos às grandes cidades inglesas um caráter de eminentemente provocado por criminosos, vândalos e arruaceiros.

Ao mesmo tempo são obrigados a associá-los aos resultados das políticas do governo do primeiro-ministro David Cameron, a mostrar que a situação pode desestabilizar politicamente o país e, no extremo, provocar a queda do gabinete e até levar a antecipação de eleições.

Desempregados, jovens e idosos pagam o preço das políticas de austeridade

A verdade nua e crua é que a Grã-Bretanha está pagando pelas políticas conservadoras dos dois partidos majoritários, Tories e Labour (Conservador e Trabalhista). Paga, agora, particularmente, como crescente desemprego, pelas medidas adotadas (como em toda Europa), de uma austeridade nunca vista e que traz uma violência contra os jovens, idosos e mais pobres, jamais vivida pelo país.

Tudo para salvar os bancos e os responsáveis pela crise que começou nos Estado Unidos. Tudo com o beneplácito e sob as boas vistas da mídia que, mesmo com a crise política agravando-se, preferia até agora ver apenas uma ação comum de criminosos, vândalos e arruaceiros.

Blog do Zé Dirceu

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